O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta terça-feira (18), que está disposto a concorrer nas eleições de 2026 para evitar que "um fascista" volte ao poder. "Não vou permitir que esse país volte a ser governado por um fascista. Não vou permitir que essa hipótese de ser governado por um negacionista como nós já tivemos", disse Lula em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro, durante entrevista à Rádio CBN.
Perguntado sobre a dificuldade que sua idade pode representar para uma futura reeleição em outubro de 2026, quando estará prestes a completar 81 anos, respondeu que estará "no auge da [minha] vida".
"Se for necessário ser candidato, isso vai evitar que os trogloditas que governaram esse país voltem a governar. Pode ficar certo que 80 anos virará em 40 e eu poderei ser candidato", afirmou.
"Mas não é a primeira hipótese", acrescentou. "Tem muita gente boa pra ser candidato".
Bolsonaro foi considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral para ocupar cargos de eleição popular até 2030 por divulgar desinformação sobre o sistema eleitoral brasileiro. No entanto, o ex-presidente segue ativo politicamente com vistas às eleições municipais deste ano.
Na mesma entrevista, Lula criticou a fala do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), de que o PL do Aborto seria "um teste" para "provar" se o presidente mantinha o mesmo posicionamento de uma carta divulgada em 2022, na qual ele citava ser contra o procedimento. Em resposta, Lula disse que quem "precisa de teste" é o próprio Sóstenes, afirmando que a matéria do aborto destoa da real preocupação no Brasil: os índices de violência sexual contra menores de idade.
"Eu nem gosto de discutir essas pautas de costumes, porque elas nada têm a ver com o a realidade que vivemos. O que temos que discutir é que quem está abortando são meninas de 10, 12, 14 anos. É crime hediondo um cidadão estuprar uma menina e querer que ela tenha um filho", começou o presidente.
Segundo Lula, o debate precisa ser tratado de "forma madura" e não "banal", como teria sido o projeto proposto por Cavalcante. "E o cidadão [Sóstenes] diz que fez o projeto para testar o Lula, eu não preciso de teste, quem precisa é ele. Eu sou contra o aborto, agora enquanto chefe de estado, preciso tratar como saúde pública", afirmou.
O presidente se refere a uma fala do deputado ao jornal Folha de S.Paulo, na qual ele afirmou que a proposta do PL 1904/2024, que equipara o aborto a crime de homicídio, seria um "bom teste para o Lula provar aos evangélicos se o que ele assinou na carta era verdade ou mentira".
A carta em questão foi escrita e divulgada por Lula em 2022, durante a campanha presidencial. Denominado "Carta para os evangélicos", no texto, o hoje chefe do Executivo nacional afirma: "Sou pessoalmente contra o aborto e lembro a todos e todas que este não é um tema a ser decidido pelo Presidente da República e, sim, pelo Congresso Nacional". (com Agência FrancePress)
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