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Lula reunirá ministros que foram governadores para traçar plano de Segurança Pública
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Lula reunirá ministros que foram governadores para traçar plano de Segurança Pública

| EXCLUSIVO | Em entrevista ao O POVO, o presidente analisou ainda candidatura do PT em Fortaleza. Hoje, ele desembarca para nova visita ao Ceará
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PRESIDENTE Lula visita o Ceará nesta quinta-feira, 20 (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
Foto: Ricardo Stuckert / PR PRESIDENTE Lula visita o Ceará nesta quinta-feira, 20

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reunirá com oito ministros que foram governadores para discutir um plano para a área de Segurança Pública. A novidade foi revelada ao O POVO em entrevista exclusiva, publicada às vésperas do terceiro desembarque do chefe do Executivo brasileiro em solo cearense apenas neste ano.

"Eu acho que a gente sempre tem que se atualizar em tudo, por isso a importância do foco no combate ao crime organizado e ao tráfico de armas e numa ação articulada entre as forças policiais federais e estaduais", ponderou o presidente.

Entre os nomes que compõem esse grupo com experiência no Executivo estadual, estão o do ex-governador do Ceará, o hoje ministro Camilo Santana (Educação), e do vice-presidente e ministro, Geraldo Alckmin (Desenvolvimento e Indústria).

Na conversa com O POVO via email, Lula também comentou acerca da popularidade de seu governo. Um dia após ser questionado sobre o assunto, no entanto, o Datafolha divulgou pesquisa que mostra oscilações positivas na aprovação ao trabalho do presidente, ficando em 36%, enquanto a reprovação foi para 31%.

Quanto às eleições municipais, o presidente avaliou que Fortaleza é "a maior cidade do Brasil que o PT deve ter candidatura própria". Por aqui, o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, disputará o comando da Prefeitura.

O POVO: O senhor vem a Fortaleza anunciar investimentos na área de educação superior, com novos campi e hospitais universitários. As universidades federais, no entanto, atravessam uma greve que já dura mais de dois meses. Qual sua expectativa com relação a esse impasse?

Lula: Eu espero a solução da greve, porque, além do aumento de 9% que o governo deu no ano passado, fizemos uma proposta de recuperação e aumentos salariais e de revisão das carreiras até o fim do mandato. Quero lembrar ainda que os recursos para custeio das universidades cresceram 26% em menos de dois anos e, na semana passada, anunciamos R$ 5,5 bilhões para consolidação e expansão das universidades federais e hospitais universitários. Sabemos que as universidades sofreram muito nos governos anteriores, e estamos trabalhando para recompor a defasagem. Infelizmente, no período anterior teve um governo que não valorizava a educação, e é importante o setor entender e trabalharmos esse período atual juntos.

OP: Recente pesquisa Atlas Intel apontou que a segurança pública é a área do Governo Federal que enfrenta maior desgaste da opinião pública, com avaliação positiva caindo de 31% para 27%. Hoje, os piores cenários de criminalidade estão justamente em estados do Nordeste. O que o governo está planejando para tentar reverter esses resultados?

Lula: Eu vou fazer uma reunião com o ministro Ricardo Lewandowiski e nossos 8 ministros que foram governadores para discutirmos um plano com quem teve experiência como governador, lidando com essa área. O Governo Federal tem um papel de apoio importante na Segurança Pública, mas todos sabem que as polícias são estaduais. Nós repassamos em 2023, somente para o Ceará, mais de R$ 43 milhões para ações de fortalecimento das forças de segurança, para aprimoramento do Sistema Penitenciário e para enfrentamento à violência contra as mulheres. Estamos aumentando o combate ao crime organizado e ao tráfico de armas e as operações policiais conjuntas com os estados, com maior controle de fronteiras. Nos quatro primeiros meses de 2024, estas ações permitiram apreender 1 mil kg de cocaína e 725 Kg de maconha no estado. Houve uma queda nos homicídios no país em 2023, mas sabemos que a situação no Nordeste está complicada, em especial pela chegada de facções de outros estados do país. Por isso estamos focando muito em combater o tráfico de armas e o crime organizado.

OP: O governador Elmano de Freitas disse há poucos dias que a esquerda precisa atualizar seu discurso com relação à segurança. O que o senhor acha disso? Caso concorde, em que sentido seria essa atualização?

Lula: Eu acho que a gente sempre tem que se atualizar em tudo. Por isso a importância do foco no combate ao crime organizado e ao tráfico de armas. E numa ação articulada entre as forças policiais federais e estaduais. O tema da segurança é muito importante e precisa ser enfrentado. Mas tem um discurso fácil de alguns políticos, que defendem o bang bang, a liberação de armas para todos, e é importante a gente explicar que isso é uma política que coloca em risco os próprios policiais. E que política de segurança não é política de violência.

OP: O Governo tem registrado queda de popularidade em momento em que a chamada economia real registra queda no desemprego e crescimento do PIB acima das expectativas do mercado. O que explica esse descolamento? Na sua avaliação, por que esses indicadores não têm sido suficientes para reverter esses índices?

Lula: Eu entendo que leva um tempo até as políticas públicas que lançamos fazerem pleno efeito. Plantamos muitas sementes nesses primeiros meses de governo na Saúde, na Educação, na Cultura, na Ciência e Tecnologia, nos investimentos em infraestrutura - só do PAC são 1,7 trilhão de reais - e vamos colher os frutos desse trabalho. Na gestão, assim como na política, tudo tem seu tempo. Posso garantir que ao final do meu mandato teremos realizado o compromisso de reconstruir a democracia e retomar o desenvolvimento com inclusão social em nosso país.

OP: O senhor se reuniu com os ministros da junta orçamentária na última segunda-feira. Depois dessa reunião, a ministra Simone Tebet disse que o sr. ficou preocupado com o aumento do gasto com subsídios. Que tipo de cortes o Governo pretende fazer, considerando o desgaste recente com relação à desoneração da folha de pagamento?

Lula: Estamos analisando se há gente recebendo benefícios que não deveriam. Tanto em desonerações, como no Simples, quanto em benefícios sociais, por gente que não tem direito. Estamos avaliando também as isenções fiscais, para assegurar que as empresas que recebem estes benefícios gerem contrapartidas para os trabalhadores e o crescimento do Brasil. Vamos fazer uma análise detalhada disso. E vamos ver as outras propostas que a equipe econômica está elaborando. Tudo que fizer sentido vamos analisar e encaminhar. Mas tenho o compromisso de não fazer o pobre pagar pelo ajuste.

OP: Por fim, eleições. Fortaleza deverá ter uma eleição disputada pelo PT contra o atual prefeito pedetista (que faz oposição ao PT no Estado) e três candidatos de direita. Qual peso Fortaleza terá nos planos eleitorais do PT, uma vez que o partido não conseguiu eleger nenhum prefeito nas capitais brasileiras há quatro anos?

Lula: A situação mudou muito nos últimos quatro anos. Desfizemos muitas mentiras que foram contadas contra o PT e o povo viu o desastre do governo da extrema-direita. Fortaleza é uma capital muito importante, a maior cidade do Brasil que o PT deve ter candidatura própria. Então, claro, será uma eleição muito importante para o PT.

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