A Nova Frente Popular (NFP), coalizão de socialistas, comunistas, verdes e da esquerda radical, surpreendeu e ficou em primeiro lugar no segundo turno das eleições legislativas antecipadas na França.
A vitória deixou o Reagrupamento Nacional (RN), o partido de direita radical liderado por Marine Le Pen e Jordan Bardella, em terceiro lugar, atrás da coalizão de centro liderada pelo presidente, Emmanuel Macron, que ficou em segundo.
Nenhum dos principais blocos políticos obteve maioria absoluta na Assembleia Nacional. A questão do futuro governo permanece sem solução após o segundo turno na noite de domingo, 7.
Os acordos tácitos entre o governo de Emmanuel Macron, de centro, e a coalizão de esquerda, concentrando o voto no candidato com mais chances de derrotar o RN em cada circunscrição, frustraram a vitória da direita radical, mas não deram aos esquerdistas uma maioria absoluta, o que aumenta a incerteza sobre o futuro da França.
O pleito foi marcado pelo forte comparecimento às urnas, com 67% de participação, o maior desde 1981. Contra todas as expectativas, a NFP sai na frente e deve obter ao menos 181 assentos na Assembleia Nacional (podendo chegar a 192), seguida pela coalizão Juntos, do presidente Emmanuel Macron, com 166 cadeiras, e pela antes favorita Reunião Nacional (RN), de ultradireita, com 143 deputados.
Antes, esses blocos tinham, respectivamente, 150, 250 e 89 assentos. Outros partidos de direita ficaram com 60 cadeiras; outros de esquerda, com 13 vagas.
Para o cientista político e pesquisador John Crowley, o resultado foi "uma surpresa para todo mundo" e se deve, sem dúvida, às desistências de candidatos entre o primeiro e o segundo turnos para barrar o crescimento do RN nas urnas.
"Não era óbvio que os votos do centro poderiam ir para a esquerda ou vice-versa, mas eles conseguiram. A estratégia da barragem deu certo e fez o RN perder assentos em relação às primeiras estimativas, que davam até a maioria absoluta para o partido de Bardella (289 cadeiras)", diz o pesquisador.
Mas, de acordo com ele, a formação de um novo governo "vai ser extremamente complicada". "A esquerda chegou na frente, mas longe de conseguir uma maioria. O presidente da República tem o poder de nomear o primeiro-ministro, ele pode nomear quem ele quiser. Provavelmente, haverá muita negociação nos próximos dias", explica.
No campo da esquerda, Jean-Luc Mélenchon (A França Insubmissa), Olivier Faure (Partido Socialista), Marine Tondelier (Ecologistas) e o ex-presidente François Hollande (PS), eleito deputado no departamento de Corèze, falaram publicamente saudando o alto placar da esquerda e reivindicando seu lugar no governo
(Agência Estado).