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Biden desiste da reeleição e anuncia apoio a Kamala Harris
Politica

Biden desiste da reeleição e anuncia apoio a Kamala Harris

| EUA | Anúncio sacudiu as estruturas da política norte-americana; Biden sugeriu o nome da vice-presidente, Kamala Harris, para concorrer à presidência pelo partido Democrata. Trump engrossou as críticas
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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a vice-presidente Kamala Harris (Foto: Anna Moneymaker / Getty Images via AFP)
Foto: Anna Moneymaker / Getty Images via AFP O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a vice-presidente Kamala Harris

O presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, desistiu da corrida eleitoral e não irá concorrer à reeleição, em novembro deste ano, contra o ex-presidente Donald Trump. A decisão foi divulgada ontem, em carta publicada nas redes sociais do presidente. Ao longo das últimas semanas, Biden vinha sofrendo intensa pressão de alas do próprio partido para deixar a disputa, devido a questões de saúde envolvendo seu estado cognitivo.

Na carta, Biden afirmou que tinha a intenção de disputar a reeleição, mas que entendeu que é do interesse do partido e do país que ele desse um stepback (passo para trás) em relação à candidatura. O presidente disse ainda que deveria se dedicar "exclusivamente ao cumprimento dos meus deveres como Presidente durante o resto do meu mandato".

Posteriormente, o democrata sugeriu o nome da vice-presidente, Kamala Harris, para concorrer à presidência pelo partido. "Hoje, quero oferecer meu total suporte e apoio à Kamala para ser a candidata do nosso partido este ano", diz Biden em trecho de comunicado divulgado.

O anúncio sacolejou as estruturas da política americana, além das projeções para o pleito deste ano que mostravam um quadro de acirramento entre Biden e Trump. Analistas internacionais ouvidos pelo O POVO comentaram os impactos da desistência de Biden tanto para os democratas quanto para o próprio Trump.

Uriã Fancelli, mestre em Relações Internacionais pelas universidades de Estrasburgo e Groningen, destaca que ainda é cedo para projetar indicações ou o quanto a desistência de Biden impacta na prática o desempenho dos Democratas, mas reforçou a relação de lealdade que ele tem com sua vice como um ponto que pesa a favor de Kamala.

"Biden ainda tem o apoio dos delegados que votaram nele. Há também uma fidelidade entre Biden e Kamala. Ela continuou a fazer campanha nos últimos dias, enquanto ele estava com Covid, e desde que começou a ser questionado por aparente confusão mental, ela sempre manteve-se como uma defensora da manutenção da candidatura de Biden", diz.

Para Fancelli, a decisão do atual presidente expressa o entendimento do momento político. "Significa que ele teve a hombridade para reconhecer que ele não é o candidato ideal para derrotar Trump e como o momento expressava isso. Enquanto ele estava com Covid e se recuperando, Trump estava fazendo campanha após levar um tiro", destaca.

O especialista reforça que, num primeiro momento, a desistência pode passar uma imagem de desorganização interna dos democratas, mas considera que isso foi avaliado antes do anúncio. "Ao que parece, o risco vale mais do que se Biden ficasse. Ele possivelmente seria massacrado com desempenhos desfavoráveis em debates e na campanha", explica.

Os próprios republicanos já pareciam cientes da possibilidade de retirada de Biden num espaço breve e começaram a desferir ataques contra Kamala durante eventos eleitorais do partido. Uma estratégia para desgastar a vice-presidente, que agora desponta como forte possibilidade para a corrida presidencial.

Uriã destacou ainda que a saída de Biden pode prejudicar, em alguma medida, o próprio Trump. "Dificulta a vida do Trump, porque é sempre mais fácil fazer campanha contra um presidente que está no cargo, porque se tem os resultados e argumentos contra aquele gestor. Se vier a vice, Trump tentará atrelar parte da responsabilidade a ela, mas se vier algum nome de fora, uma pessoa que carregue bandeiras de Biden, mas com mais vigor para exercer, pode ser um novo desafio".

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