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Aliados e adversários de Ciro reagem à aproximação dele com o PL no Interior
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Aliados e adversários de Ciro reagem à aproximação dele com o PL no Interior

Durante convenções no Crato e em Juazeiro do Norte, no último sábado, 20, Ciro participou de eventos que oficializaram candidatos que têm o apoio do PL e de outros partidos da oposição ao governo do Ceará
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CONVENÇÃO oficializou candidatura do prefeito Glêdson Bezerra (Juazeiro do Norte) à reeleição. Ciro Gomes, e lideranças do PL e de outros partidos apoiaram  (Foto: Yago Pontes / CBN Cariri)
Foto: Yago Pontes / CBN Cariri CONVENÇÃO oficializou candidatura do prefeito Glêdson Bezerra (Juazeiro do Norte) à reeleição. Ciro Gomes, e lideranças do PL e de outros partidos apoiaram

A recente aproximação do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) com atores da oposição no Ceará, incluindo representantes do bolsonarismo, tem repercutido nos bastidores entre lideranças de partidos da base do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT).

O deputado estadual De Assis Diniz, líder do bloco governista na Assembleia Legislativa (Alece), fez duras críticas à ala cirista do PDT, afirmando que o ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola (1922-2004), nome histórico das fileiras trabalhistas, reprovaria a postura do grupo cirista.

“Primeiro, é imaginar o quanto Brizola não deve estar chutando o caixão pela sua indignação de ver todo seu esforço, de construir um partido como o PDT, ser entregue a oportunistas de plantão. A aliança com a extrema direita é injustificável”, disparou o petista.

De Assis questionou a postura de Ciro ao atribuir uma linha de raciocínio ao ex-governador cearense Gonzaga Mota: “Já dizia Gonzaga: ‘A política é dinâmica, mas a ética é permanente’. E, aliás, são contradições. O bolsonarismo expresso ali, na candidatura de Juazeiro do Norte, Ciro fazer apologia a uma farsa; é um escárnio e uma desmoralização para um partido com uma história tão bonita como o PDT”, concluiu.

O movimento de Ciro no Crato, ao apoiar o nome de Dr. Aloísio (União Brasil), candidato do partido presidido no Ceará pelo ex-deputado federal Capitão Wagner, por exemplo, foi contra o posicionamento anterior do próprio PDT, que costurou acordo para apoiar a pré-candidatura petista naquele município.

Ciro justificou sua presença nas convenções de Juazeiro do Norte e do Crato no último fim de semana como um ato contra uma “pretensa ditadura” a quem atribuiu à lideranças do PT no Ceará, sobretudo ao ministro Camilo Santana (Educação).

Em Juazeiro, Ciro esteve acompanhado do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT) e do presidente nacional interino do PDT, deputado federal André Figueiredo. Este não acompanhou Ciro no Crato, onde o PDT ainda apoia nome do PT local.

De Assis também questionou o argumento de adversários que alegam que o PT quer para si posições de poder em cidades importantes. “É muita hipocrisia, todos os partidos que estiveram no governo se tornaram a principal base de sustentação. Por que o PT não tem esse direito, que teve Tasso (Jereissati), Ciro, Lúcio (Alcântara), Cid (Gomes)? Por que o PT não pode? Estamos com humildade, trabalhando, para constituir o principal partido de sustentação na base do governador (Elmano). Vamos continuar a trabalhar com simplicidade".

No Crato, Ciro dividiu palanque com o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (União Brasil), com quem tem rusgas antigas, com direito a episódios de trocas de xingamentos e acusações. Eles se cumprimentaram no local. Estiveram presentes também outros nomes da oposição ao PT no Ceará, dentre eles o deputado estadual Carmelo Neto (PL) e o prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), que foi oficializado como candidato à reeleição no mesmo sábado, 20, com a presença de Ciro, RC e outras lideranças.

Ciro justificou o apoio a determinados candidatos de partidos de oposição ao PT alegando ainda interferências no processo de escolha de nomes que vão disputar a eleição de outubro.

“O Ceará está sendo destruído pela incompetência, pela corrupção, pelo mandonismo. Há uma ditadura tentando ser construída, tirando inclusive do povo o direito de escolher suas alternativas (...) e sei que o Cariri vai se levantar contra isso”, disse em discurso num dos eventos.

Presidente do PDT-CE minimiza união entre Ciro e PL: "Pragmatismo é quase obrigatório'

Presidente do PDT Ceará, o ex-senador Flávio Torres descartou qualquer aproximação ideológica do PDT com partidos como o PL e disse que os partidos não estão coligados. A discussão surgiu no debate eleitoral após o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e outros quadros do partido dividirem palanque com lideranças do PL Ceará, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, nas cidades de Juazeiro do Norte e do Crato durante convenções realizadas no último sábado, 20.

Torres destacou um pragmatismo que todos os partidos praticam durante o período eleitoral, sobretudo quando se trata de eleições municipais. “Esse pragmatismo que os partidos todos acabam fazendo é uma coisa quase que obrigatória. Porque não se tem muitos espaços, então é difícil manter uma linha ideológica quando se chega no nível do município. Existem relações e contextos que, às vezes, induzem a essas ligações que às vezes são vistas como esdrúxulas e esquisitas”, pontua.

O dirigente pedetista tratou como "natural" o movimento. Ao ser questionado sobre o caso do Crato, onde Ciro apoiou candidato do União Brasil (oposição) e o PDT local costurou acordo prévio para apoiar nome indicado pelo PT (situação), Torres fez uma separação entre as situações.

“Veja que o André (Figueiredo) não participou (da convenção de oposição no Crato). Aí você demarca uma opção distinta. Não é uma coligação do partido, é um apoio de liderança. Essas coisas tem que ser vistas com naturalidade. Não é um comprometimento ideológico. O PDT não está se coligando com o PL. As lideranças têm afinidades passadas, daí essas coisas acontecem. Eu, por exemplo, também não fui”.

O ex-senador reforçou que em municípios menores do Interior isso ocorre ainda mais comumente. “Acontece frequentemente, você vai ver casos de PT com PL, vai ver de tudo. Isso porque, no município, o espaço é muito mais restrito. Há rivalidades, de famílias, de memórias de eleições passadas, de diversas coisas. São fatores que têm mais peso que a carga ideológica. São coisas pontuais”, finaliza.

As movimentações da ala cirista do PDT renderam movimentações nos bastidores. O líder do blocão do PT na Assembleia Legislativa (Alece), deputado De Assis Diniz (PT), fez duras críticas a Ciro e disse que o ex-governador Leonel Brizola, maior nome da história do trabalhismo e falecido em 2004, deve estar "chutando o caixão" ao ver a postura de pedetistas de peso se ligando em alguma medida ao PL.

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