Logo O POVO+
Partidos chegam ao período das convenções com quase todas as chapas em aberto
Politica

Partidos chegam ao período das convenções com quase todas as chapas em aberto

Indefinição sobre formação de chapa faz com que muitas convenções partidárias sejam marcadas para perto do fim do prazo, para dar mais tempo para negociações
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Fortaleza conta com oito pré-candidaturas lançadas. Célio Studart também lançou-se, mas PSD negocia vice de Evandro (Foto: Montagem/O POVO)
Foto: Montagem/O POVO Fortaleza conta com oito pré-candidaturas lançadas. Célio Studart também lançou-se, mas PSD negocia vice de Evandro

O período para realização das convenções partidárias começou no último sábado, 20, e vai até 5 de agosto. É o momento de as candidaturas serem oficializadas. Por enquanto, apenas uma chapa que disputará a Prefeitura de Fortaleza teve a composição toda anunciada, com candidaturas a prefeito e vice.

Com Técio Nunes (Psol) para concorrer a chefe do Poder Executivo municipal e Cindy Carvalho (Rede) ao lado dele, a chapa foi anunciada no começo de maio. Cindy também pleiteava concorrer a prefeita. Os partidos estão na mesma federação e precisam sair juntos na eleição. O Psol tem maioria. Sem perspectiva de alianças externas, a composição foi simples.

Nas duas coalizões governistas, há necessidade de conciliar os interesses dentro das alianças. Mas mesmo partidos que caminham para candidaturas únicas também estão indefinidos. Faltam duas semanas para o fim do prazo.

Por que a demora?

A falta de definição pode passar pela costura de apoios, maturação frente à opinião pública, espaço para elaboração de acordos e até por fazer suspense sobre o que já está decidido e aguardar o momento considerado ideal para o anúncio.

"É natural do jogo político ganhar o máximo de tempo para montar a sua estratégia até o momento oficial. Este é o momento em que todas as estratégias são possíveis e todos os cenários podem ser pensados", contorna Paula Vieira, pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia, da Universidade Federal do Ceará (Lepem-UFC).

"É muito comum, principalmente em coligações grandes com candidatos mais competitivos, que têm vários partidos, essas negociações se estenderem até quase o período já final das convenções", explica Cleyton Monte, colunista do O POVO e também pesquisador do Lepem-UFC.

Conforme Adriana Alcântara, doutora e mestre em Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) e especialista em Direito e Processo Eleitoral pela Universidade de Fortaleza (Unifor), ressalta que a composição de chapa deve considerar não apenas a campanha, mas um eventual governo.

"Os apoios aparecem para agregar tempo de propaganda, mas não significam somente isso. O apoio dado é cobrado com participação na administração e esses acordos demoram para serem fechados", aponta Alcântara, que também integra a Associação Brasileira de Ciência e Política (ABCP).

PT e o bloco do governismo estadual-federal

O PT lidera a maior coalizão política do Ceará, que se expressa quase integralmente na disputa em Fortaleza. Encabeçada pelo deputado que preside a Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão, a legenda tem aproximadamente uma dezena de partidos na aliança. Na busca para ocupar a posição de vice, PSB e PSD têm ganhado destaque.

Ambas as siglas não apenas disponibilizaram como publicizaram nomes para a posição. O PSB colocou no jogo a ex-secretária estadual da Cultura Luísa Cela e a vereadora Enfermeira Ana Paula.

O PSD, por sua vez, apresenta a deputada estadual Gabriella Aguiar como alternativa para compor com Leitão. Ela é filha do presidente estadual do partido, ex-vice-governador Domingos Filho. Também já foi colocado o nome da diretora institucional da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio) Ceará, Claudia Brilhante. A Fecomércio é presidida pelo deputado federal Luiz Gastão, que dirige o PSD em Fortaleza.

Em quantidade de prefeitos, PSB larga na frente com o maior número no Estado após a migração de pedetistas no início do ano. Contudo, a janela partidária transformou o PSD na segunda maior força na Câmara Municipal de Fortaleza, onde o PSB não tem maior expressão.

O PSD também tem o deputado federal Célio Studart defendendo tese de alçar candidatura própria ao Paço Municipal, entretanto, os dirigentes partidários se afastam da possibilidade, aproximando a legenda do desejo pela vice petista. 

Nas eleições de 2022, nem PSB nem PSD estavam na aliança que elegeu Elmano de Freitas (PT) governador. Ambos os partidos destinavam apoio ao ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) e aderiram à base estadual petista somente em 2023.

A convenção partidária do PT será entre os dias 3 e 4 de agosto, ainda sem local e horário divulgados, e deve contar a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já a do PSD está marcada para 27 de julho.

PDT e o bloco de situação municipal

Um dos principais interessados no pleito de 2024, o PDT do prefeito José Sarto tem fugido dos holofotes na discussão sobre vice. Quando perguntado sobre o assunto, o pedetista tem jogado a decisão para as convenções partidárias. Há chance de continuidade da chapa hoje formada pelo atual vice-prefeito, Élcio Batista. Ele preside o PSDB no Ceará. Presidente do PDT estadual, Flávio Torres afirmou não estar envolvido nas conversas, mas disse crer na permanência de Élcio.

Na Câmara Municipal de Fortaleza, o nome da vereadora Cláudia Gomes (PSDB) foi colocado por colegas de parlamento da base governista como uma alternativa. A tese abarcaria tanto o desejo por alguém do PSDB como a representação feminina nas chapas de Fortaleza.

Um dos vice-líderes do prefeito no Legislativo municipal, vereador Didi Mangueira (PDT) já reforçou a chapa com um nome feminino do PSDB, citando também a ex-secretária da Educação de Fortaleza Dalila Saldanha, pré-candidata à Câmara.

A convenção partidária do PDT que irá confirmar o prefeito José Sarto como candidato à reeleição será no dia 28 de julho. O bloco da Prefeitura reúne ainda: Agir, Avante, Cidadania, DC, Mobiliza, PRTB, PMB e PRD. A aliança é uma recomposição após racha entre o PDT e o PT em 2022. Embora os petistas não estivessem na base municipal, o rompimento estadual arrastou vários partidos, como PSD e PSB, que saíram da coalizão de Sarto.

As forças da direita

Das opções à direita disponíveis para o eleitorado fortalezense, estão as pré-candidaturas do ex-deputado Capitão Wagner (União Brasil), do deputado federal André Fernandes (PL) e do senador Eduardo Girão (Novo).

As cúpulas do União Brasil e do PL discutem a possibilidade de unidade no primeiro turno, mas sem avanço. Houve encontro nas últimas semanas, inclusive, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em abril, ele esteve em Fortaleza lançar a postulação de Fernandes.

Ao O POVO, o secretário-geral do PL e líder da oposição no Senado, Rogério Marinho, afirmou que a pré-candidatura de André está definida. Ele, porém, ressaltou que as siglas estarão "com certeza" juntas em eventual segundo turno.

Entre se unirem e formarem a chamada "chapa pura", Wagner disse, em junho, que quem vier a compor com ele deverá ser de outra área, como a do empreendedorismo. Citou, na época, o exemplo da sua candidatura em 2020, quando teve Kamila Cardoso, hoje pré-candidata a vereadora pelo União Brasil, na vice, trazendo a pauta da inclusão social.

Já Fernandes, avaliou que o momento é de "estudar os melhores nomes", mas ressaltou a intenção de que a vaga seja ocupada por uma mulher. Girão, por sua vez, externou pretender também uma figura feminina. Ele foi o primeiro a anunciar a data da confirmação de seu nome, marcada para 3 de agosto. Os demais ainda não divulgaram calendário para oficialização das postulações.

Psol, PSTU e UP

O Psol é o único partido com pré-candidato a prefeito de Fortaleza que entrou no período da convenção partidária com vice definida. Técio Nunes, presidente do Psol Fortaleza e produtor cultural, encabeça a chapa composta por Cindy Carvalho, dirigente da Rede Sustentabilidade Ceará e ambientalista.

Anteriormente, ambas as legendas haviam lançado esses nomes como opções para o comando do Executivo fortalezense. Entretanto, por estarem na mesma federação, Psol e Rede não poderiam ter dois postulantes concorrendo ao cargo de prefeito.

A composição foi estabelecida no início de maio durante reunião da federação Psol-Rede. Técio, por sua vez, já havia passado por outra disputa interna. Antes do diretório municipal da Rede escolher Cindy como pré-candidata, em fevereiro, o Psol definiu, em reunião da Executiva municipal, o nome do produtor cultural.

A outra pré-candidata psolista era a professora Maya Elis, mulher trans, que era apoiada pelo grupo do deputado estadual Renato Roseno (Psol). Técio, por sua vez, é ligado a um grupo que tem nomes como o presidente do Psol Ceará, Alexandre Uchôa, e a secretária da Juventude do Ceará, Adelita Monteiro (Psol). A convenção do Psol está prevista para 3 de agosto.

Com Haroldo Neto pré-candidato a prefeito pela Unidade Popular (UP), o partido ainda não definiu quem deverá ocupar a postulação de vice. A presidente da UP Ceará, Sued Carvalho, explicou que, em Fortaleza, o nome não foi escolhido ainda, mas já está posta "uma chapa coletiva de mulheres para a vereança". A convenção da UP está marcada para o dia 2 de agosto, às 18 horas, ainda sem local estabelecido.

Enquanto isso, o PSTU tem o dirigente partidário Zé Batista como pré-candidato a prefeito de Fortaleza. A convenção partidária ficou para o próximo dia 27 de julho, às 8 horas. Quanto ao nome que ocupará a vice, a assessoria de comunicação informou apenas que "quando tiver tudo acertado" será divulgado.

As chapas para a Prefeitura de Fortaleza

Candidato: André Fernandes (PL)

Vice: caminha para chapa pura, com mulher na vice

Candidato: Capitão Wagner (União Brasil)

Vice: ainda busca aliança. Se não, terá chapa pura. Defende que seja alguém com perfil diferente e complementar ao dele

Candidato: Eduardo Girão (Novo)

Vice: caminha para chapa pura, com mulher na vice

Candidato: Evandro
Leitão (PT)

Vice: deve ficar entre PSB e PDT. Gabriella Aguiar (PSD), Luísa Cela (PSB), Enfermeira Ana Paula (PSB) e Cláudia Brilhante (PSD) são cotadas

Candidato: Haroldo
Neto (UP)

Vice: não definido. Será chapa pura

Candidato: José
Sarto (PDT)

Vice: deve ser do PSDB. Élcio Batista (PSDB) e Cláudia Gomes (PSDB) são cogitados

Candidato: Técio
Nunes (Psol)

Vice: Cindy Carvalho (Rede)

Candidato: Zé Batista (PSTU)

Vice: não definido. Será chapa pura

Convenções

O período determinado pela Lei Eleitoral para realizar as convenções ocorre entre os dias 20 de julho e 5 de agosto. Nas convenções, os filiados homologam as candidaturas

Formato

As convenções, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), podem ser realizadas de forma presencial, virtual ou híbrida. As candidaturas costumam realizar grandes eventos para demonstrar força e apoio

Registro

Após a realização das convenções, os partidos têm até 15 de agosto para solicitar o registro das candidaturas à Justiça Eleitoral

O que você achou desse conteúdo?