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Ponto de vista: Mulheres como moeda de troca entre partidos políticos
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Ponto de vista: Mulheres como moeda de troca entre partidos políticos

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Passado o primeiro fim de semana das convenções partidárias que vão selar candidaturas às prefeituras na eleição de 2024, já dá para perceber: estamos longe de ver representatividade das mulheres na política no Ceará.

Aliás, mulheres seguem sendo moeda de troca nas negociações entre partidos, algumas no alvo do que considero humilhação, como me parece ser o caso do puxa-encolhe envolvendo a ex-secretária da Cultura do Estado, Luisa Cela, que deixou a pasta para, quem sabe postular ser vice, mas foi preterida.

Nós sabemos, porque temos exemplos aos montes, o desprezo pelas mulheres tem muitas nuances. Ele se manifesta de formas múltiplas, desde ofensas disfarçadas do tipo "foi brincadeira", "isso é coisa de homem", passando pelas ofensas que uns alegam endereçar a outros homens mas que atingem a integridade de uma mulher específica e respingam em todas nós, até as tentativas, com êxito ainda, de manter mulheres num cabresto curto.

Parece mais do mesmo essa política clube do bolinha. Ou talvez estejamos vendo uma nova fase do mais do mesmo com a institucionalização das vices decorativas. Em Fortaleza, capital do estado em que o Tribunal Regional Eleitoral cassou uma chapa inteira com quatro deputados por fraude à cota de gênero, a tendência é que, na quase totalidade das candidaturas, mulheres tenham seus nomes chancelados apenas como vices. E chanceladas pelos mesmos protagonistas, a mesma minoria do eleitorado e da população cearense, os homens. Quase sempre os mesmos que ocupam os mesmos espaços de poder há décadas, os herdeiros de outros homens, dos pais, dos avôs…

A saber: no Legislativo, o Brasil tem um dos piores índices de representatividade na política entre as Américas Latina e Central. Apesar de sermos 51,5% da população, apenas 17,7% das cadeiras do Congresso Nacional são ocupadas por deputadas e senadoras.

 

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