Elmano de Freitas (PT) justificou e explicou como deve ser colocado em prática o projeto de “Bíblias nas escolas”, no qual o governo vai comprar e disponibilizar bíblias nas escolas públicas do Estado. Conforme o governador, não serão apenas livros cristãos a serem incluídos nas bibliotecas, com a iniciativa também abrangendo outras religiões, “todas aquelas que o povo brasileiro professar, que o povo cearense professar".
A declaração ocorreu nesta terça-feira, 13, em Brasília, onde o petista cumpriu agenda. O projeto está no debate político desde a semana passada quando o governador “abraçou” a pauta durante congresso evangélico "Ceará Pentecostal", na Igreja do Senhor Jesus.
Ele afirmou que iria garantir o projeto de autoria do deputado estadual Apóstolo Luiz Henrique (Republicanos): "E eu tô aqui para dizer a vocês, o projeto será aprovado, as bíblias serão compradas e serão colocadas nas escolas do Estado”.
Em fala mais recente, Elmano explicou que livros religiosos de outras fés serão contemplados e avaliou que o Estado irá trabalhar para disponibilizar os materiais para os jovens, mas “não vai obrigar ninguém, estimular ou induzir ninguém a ser de religião A ou B”.
“O que nós vamos apresentar para a Assembleia é uma proposição, que tramita na Casa e que nós iremos apresentar, é de que é normal e é natural e faz muito bem a nossa juventude ela ter acesso às diversas obras religiosas das mais variadas religiões. Evidentemente, o nosso povo brasileiro é um povo religioso, de fé, a ampla maioria é cristão, mas temos outras religiões”, ressaltou.
A Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Assembleia aprovou nesta terça de forma unânime o projeto de indicação das "Bíblia nas Escolas". Por ser um projeto de indicação, em caso de aprovação, o governador terá que mandar uma mensagem com o projeto de lei para implementar a medida.
O governador apontou que a disponibilização dos livros é um “ganho civilizatório” e disse que a gestão defende a liberdade religiosa. “É natural que se eu tenho liberdade de crença que eu tenha na escola a disponibilidade do livro religioso. Nós não vamos obrigar ninguém a ler um livro ou outro. Nós estamos dizendo que aquelas pessoas que querem ler a bíblia vão ler a bíblia. Se a pessoa quer ler outro livro religioso, ela vai ter o outro livro religioso para ler”, afirmou.
Questionado sobre quais seriam as religiões, Elmano apontou que seriam “todas aquelas que o povo brasileiro professar, que o povo cearense professar”. “Não é para agradar religião, isso é para dar disponibilidade ao jovem que queira conhecer, que queira ler, que queria dessa maneira fazer uma pesquisa”, disse ainda.
“Nós somos um Estado laico, mas não devemos ser um Estado antirreligioso. Nós temos que ser um estado que reconhece a religiosidade do povo brasileiro e o Estado do Ceará reconhece a religiosidade do povo cearense, mas não vai obrigar ninguém, estimular ou induzir ninguém a ser de religião A ou B, mas, aquele que quer ser, vai encontrar na biblioteca livros de qualquer religião que ele queira professar”, afirmou.
Ao O POVO, o deputado Apóstolo Luiz Henrique confirmou que haverá a inclusão de uma emenda, proposta pelo Governo, para abrir a possibilidade de que livros de outras religiões sejam incluídos nas bibliotecas.
"Os advogados do governo entraram em contato com os meus advogados e estamos vendo justamente essa questão. De poder ter outros livros também, que possam estar no acervo de livros da biblioteca, das escolas públicas. Para nós o que importa é a Bíblia entrar, é a Bíblia estar lá, porque o nosso Brasil, nosso Ceará, é de 70 a 80% de pessoas cristãs", ressaltou.
Nesta quarta-feira, 14, o projeto já deve ir para o plenário e, conforme o parlamentar, já deve ser aprovado. "Por que essa brevidade, por que essa celeridade? Porque foi uma palavra do governador. Estão dizendo que é mentira. Então, pra ele mostrar que não é mentira, amanhã, com a bênção de Deus, vai ser aprovado o projeto de indicação", apontou.
Com informações de João Paulo Biage, correspondente O POVO em Brasília
Deputados debatem sobre projeto "Bíblia nas Escolas": 'inconstitucional' e 'espírito santo'
"Eu não tenho dúvida que o projeto vai ser aprovado. Primeiro, porque ele é constitucional e ele foi iluminado pelo espírito santo de Deus", projetou o deputado Apóstolo Luiz Henrique (Republicanos) ao ser questionado se o projeto de indicação "Bíblia nas Escolas", apoiado publicamente pelo governador Elmano de Freitas (PT), deve ser aprovado pela Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).
A resposta do parlamentar, autor da proposta, foi dada durante participação na edição desta terça-feira, 13, no programa Debates do POVO, da Rádio O POVO CBN, cujo tema foi "Bíblia nas escolas: promessa de Elmano causa polêmica". O encontro contou, ainda, com o deputado estadual Renato Roseno (Psol), que criticou a postura do chefe do Executivo estadual.
O texto, por sua vez, já foi aprovado pela Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público do Legislativo, em menos de dois minutos. Para o psolista, "privilegiar uma determinada tradição religiosa nas escolas públicas, viola o princípio da isonomia e da laicidade".
"Eu entendo, portanto, que a declaração do governador vai de encontro à Constituição. Ela é contrária à Constituição", pondera Roseno. O projeto de lei ganhou repercussão após o governador do Ceará garantir que compraria bíblias cristãs e disponibilizaria nas escolas estaduais.
"E eu tô aqui para dizer a vocês, o projeto será aprovado, as bíblias serão compradas e serão colocadas nas escolas do Estado", afirmou o governador petista, enquanto Luiz Henrique chorava, durante congresso evangélico "Ceará Pentecostal", na Igreja do Senhor Jesus.
Questionado se já tinha conhecimento sobre o apoio do governador quanto à proposição, o deputado respondeu que foi não sabia e que foi surpreendido.
"O espírito santo de Deus, na nossa linguagem, se apoderou ali do governador. Estava passando no momento as leis de minha autoria e uma delas era acrescentar a bíblia no acervo de livros que é lido pelos detentos no presídio para redimir a pena deles, aí o governador viu e disse que sentiu algo. Esse algo que ele falou que sentiu, a gente sabe que foi o espírito santo de Deus que veio na vida dele ali", contextualizou Luiz Henrique.