Na última semana, O POVO promoveu debates entre os candidatos às prefeituras dos três municípios do Crajubar (Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte). Com mediação do jornalista Luciano Cesário, coordenador da Rádio O POVO CBN Cariri, as transmissões dos encontros estão disponíveis no canal do Youtube do O POVO.
Realizados na terça, 20, quarta, 21 e quinta-feira, 22, os postulantes tiveram a oportunidade de se apresentar à população e discutir propostas. Os embates foram marcados por críticas entre os adversários e momentos mais tensos, com troca de acusações entre antigos aliados e adversários.
No debate de Barbalha, distante 548,30 km de Fortaleza, Antônio Neto (PSDB) e o atual prefeito Guilherme Saraiva (PT) começaram o debate em tom cordial, mas esquentaram o encontro com acusações pessoais.
Por um lado, o candidato tucano criticou o prefeito sobre temas como saúde, educação e emprego. O petista rebateu com números da gestão e usando como trunfo o alinhamento com o governador Elmano de Freitas (PT), o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), cujo berço político é Barbalha, e o presidente Lula (PT).
Saraiva, que é médico, chegou a dizer que iria conseguir uma cirurgia de catarata para Antônio. “Porque ele precisa andar mais na Barbalha e ver os benefícios”, disse.
No que o adversário respondeu que agradece, mas não irá esperar. “Segundo o povo de Barbalha, o exame de catarata está passando mais de seis meses para ser atendido”.
Guilherme também acusou o seu adversário de aliança com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados locais. Antônio devolveu a fala no final afirmando que Saraiva é um “bolsonarista camuflado” e só está no PT para poder ser reeleito. O tucano também saiu em defesa dos ex-prefeitos Rommel Feijó e Argemiro Sampaio, que, segundo ele, sofrem perseguição do governismo no município.
No Crato, localizado a 538,53 km de distância de Fortaleza, a dinâmica foi diferente. O encontro teve menos de trocação de farpas e foi mais propositivo. Participaram do debate os candidatos André Barreto (PT), atual vice-prefeito, Dr. Aloísio (União Brasil) e Lucas Brasil (PSDB), vereador e sobrinho do prefeito Zé Ailton (PT).
O petista foi alvo dos principais questionamentos em relação a problemas da cidade, no que ele respondia com feitos da gestão da qual faz parte. Embora também seja apoiado pela cúpula petista, só os citou nas considerações finais, diferentemente de Guilherme Saraiva, em Barbalha.
Enquanto Barreto defendia a prefeitura, os candidatos adversários apontaram falhas e apresentaram propostas para melhorias nos setores de saúde, segurança e geração de emprego.
André disse que iria revogar a Taxa do Lixo para domicílios residenciais, que, segundo ele, foi imposição de Bolsonaro. O tema gerou divergência entre os postulantes. Aloísio pediu direito de resposta para dizer que o ex-presidente não estaria ligado com a cobrança, e sim o prefeito Zé Ailton.
Em outro momento. Lucas Brasil pediu direito de resposta por ter sido chamado de “vereador” por André Barreto e declarou que preferia ser classificado no debate como “candidato” por estar nesta posição. A solicitação foi negada.
O debate que finalizou os encontros cara a cara entre os candidatos foi o de Juazeiro do Norte, distante 527,57 km da capital Fortaleza. Glêdson Bezerra (Podemos), atual prefeito que tenta ser o primeiro a se reeleger na terra de Padre Cícero e Fernando Santana (PT), deputado estadual, participaram do encontro.
Os candidatos chegaram ao local no mesmo elevador e mantiveram um nível de tensão refletida no debate. Em Juazeiro, foi a vez do candidato petista criticar a gestão. Assim como Saraiva em Barbalha, Santana se apoiou na imagem das lideranças do PT. Bezerra rebateu citando obras e números da gestão.
Embora sem ofensas pessoais - tanto que não houve pedido de direito de resposta - os adversários se alfinetaram por todo o debate.
Fernando criticava a gestão de Glêdson e destacava como seu trunfo o seu alinhamento com Lula, Camilo e Elmano. “Você nunca se arrependeu de votar no 13, então nos dê essa chance com Fernando 13”, disse.
O prefeito apontou que o adversário fugia das respostas em temas sobre transporte público, infraestrutura e saúde enquanto apresentava dados. “Eu não consegui fazer algumas coisas que prometi nesses três anos e oito meses porque eu não faço mágica. E o que vocês (aliados municipais de Fernando Santana) me entregaram foi um município com R$ 23 milhões de dívida”, disse.
Santana questionou os números ditos por Glêdson e afirmou que tais dados não melhoraram a vida da população. “Muitas vezes você está falando assim dos números e eu fico a pensar se você está prefeito de outro município, se não da terra criada pelo Padre Cícero”.
A troca de provocações era constante, desde a gestão de Glêdson e a atuação de Fernando como deputado. O prefeito chegou a dizer que o petista não conhecia a cidade e desafiou: “Vamo dar uma volta comigo?”.
No que Santana devolveu a alfinetada posteriormente: "Ele me desafiou a andar com ele e eu pergunto qual é o carro que ele vai me levar. Se é 4x4 um caminhão, um trator porque pra passar nas ruas tá complicado”, completou.
Nas considerações finais, os candidatos também não perderam a oportunidade de trocar farpas. Glêdson disse que não está “por uma aventura” e não irá “embora para Fortaleza visitar a minha família” pois está em Juazeiro.
"E depois de eu ter pagado mais de R$ 180 milhões de dívidas e ter recuperado vários prédios públicos e feito mais de 140 obras, Juazeiro do Norte vai crescer cada vez mais", completou.
Fernando começou sua fala corrigindo a conjugação verbal de Glêdson. "Candidato, não é ter pagado é ter pago". E voltou a dizer que a população “nunca se arrependeu de votar no 13”.