O debate entre os candidatos a prefeito de Fortaleza realizado pelo O POVO ontem à noite foi marcado por um intenso enfrentamento entre os postulantes ao Paço Municipal, demarcando um acirramento na campanha eleitoral. Temas relacionados a Saúde, Segurança Pública, Taxa do Lixo e prioridades de gestão tomaram conta da arena política.
No início, José Sarto (PDT) e Evandro Leitão (PT) trocaram acusações relacionadas ao funcionamento de equipamentos de saúde administrados pela Prefeitura de Fortaleza e pelo Governo do Ceará. Posteriormente, os candidatos fizeram críticas à passagem de Capitão Wagner (União Brasil) pela Secretaria da Saúde de Maracanaú. Ele rebateu apontando erros na Capital.
Leitão abriu o primeiro bloco e direcionou a pergunta inicial a Sarto. Apontando "descaso e abandono" da Prefeitura no setor, questionou quais as propostas do prefeito para a saúde. O pedetista rebateu alegando que hospitais administrados pelo Estado estão com leitos inativos e que sua gestão faz a “maior revolução na atenção básica na saúde de Fortaleza".
Como proposta, Evandro destacou a instituição de um terceiro turno nas unidades de saúde. “Ampliação do horário de atendimento, até as 20 horas. É dessa forma, cuidando das pessoas, que eu quero administrar essa cidade", completou.
Posteriormente, Sarto disparou contra Wagner, afirmando que a passagem do adversário na saúde de Maracanaú era “desastrosa”. Wagner rebateu alegando que o prefeito “se fantasiou e fantasiou algo que não ocorreu” e direcionou fala ao eleitorado: "Queria olhar para você, cidadão fortalezense, e é você que vai dizer se a saúde de Fortaleza de fato está esse mar de flores que o candidato (Sarto) está registrando", completou.
A sequência do debate foi marcada por troca de ataques entre André Fernandes (PL), George Lima (Solidariedade) e Técio Nunes (Psol). O candidato bolsonarista chamou os adversários de "inexpressivos" e “puxadinho do PT”. Depois foi chamado de “despreparado” por ambos.
Técio chegou a chamar Fernandes de "fascista" e George se exaltou e partiu para cima do bolsonarista: "Candidato, você mexeu com a pessoa errada, porque inexpressivo são os seus valores. Você não tem nível para estar no debate, está se passando, é um ditadorzinho da internet (...) Ele me agrediu, mexeu com a pessoa errada. Vá para a sua cidade, Iguatu, que aqui ninguém vai comer sua bola não. Chupa aqui para ver se sai leite", esbravejou.
As falas geraram pedidos de direito de resposta por parte de Fernandes, que acabou sendo atendido. Esses foram dois dos três pedidos atendidos durante todo o debate. O terceiro foi um de Evandro após ser chamado de "covarde" por Fernandes. Ao todo, os participantes fizeram 15 pedidos de direito de resposta ao longo do debate.
A pauta da Segurança Pública também esteve presente dentre os temas debatidos. Candidatos mencionaram casos recentes de violência em Fortaleza. Evandro, postulante apoiado pelo governo estadual, foi o alvo preferencial já que a responsabilidade sobre segurança recai sobre o Estado. Sarto acusou o PT de “entregar presídios as facções” e citou a fuga de presos como um problema.
“Teve uma fuga de seis bandidos em Itaitinga, mas isso não é novidade. A novidade é que um desses bandidos tinha uma perna só. Como é que um bandido de uma perna só foge de um presídio? Não me diga que é o ‘perna cabeluda’, não”.
Evandro rebateu: “É esse o tipo de candidato que temos, leva você no deboche. Não trato segurança de forma irresponsável, trato com responsabilidade”. Posteriormente, Sarto e Fernandes citaram a atuação de Leitão como parlamentar, no episódio da CPI do Narcotráfico, na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).
A Taxa do Lixo foi um dos temas que uniu adversários contra a atual gestão. Wagner atribuiu a paternidade do tributo a Sarto, que a devolveu a Wagner em outro momento. “Eu fui o primeiro a me posicionar, já em 2022, contra a Taxa do Lixo aqui em Fortaleza. O Sarto é o pai da Taxa do Lixo, que, além de onerar o bolso do contribuinte, do cidadão, que lá na compra da feira tem dificuldade, ainda deixou a cidade imunda”, afirmou.
Com a palavra, Evandro disse que a sua primeira atitude enquanto prefeito seria acabar com a taxa. “Essa taxa que, na época, dizia ele que estava sendo obrigado, quando não é verdade. O que é verdade é que a lei diz que a prefeitura tem que ter sustentabilidade”. Wagner disse que sua gestão acabaria com a Taxa do Lixo “em janeiro" e disparou contra Evandro. "O candidato Leitão, lá em 2020, votou no Sarto, dizia que era a melhor opção".
Sarto devolveu a crítica afirmando que quem criou a Taxa do Lixo foi Wagner. “Quando votou, como deputado, pelo Marco Regulatório do Saneamento. O que eu criei foi a maior taxa de isenção", afirmou o prefeito lembrando dos 70% de isenção na Capital.
Tensão, frieza e confusão: como foram os bastidores do Debate O POVO Fortaleza
O primeiro a chegar à sede da OAB-CE, local do debate, foi o prefeito José Sarto (PDT), recepcionado por alguns apoiadores na entrada. Logo em seguida, chegou Capitão Wagner (União Brasil), também acompanhado de militantes. Na sequência, Técio Nunes (Psol), sozinho.
Evandro Leitão (PT) apareceu em seguida, juntamente do deputado estadual Guilherme Sampaio (PT). George Lima (Solidariedade) chegou logo depois. Por último, André Fernandes (PL).
Na sala de espera, onde foram realizados os sorteios na presença dos candidatos e suas equipes, o clima entre os adversários era de tensão. Entre cumprimentos frios e outros candidatos sem se falaram neste primeiro momento.
Os postulantes ficaram separados nas pontas da sala. "Esse é o momento mais constrangedor", revelou Técio ao chegar e falar com Sarto.
Após o debate, com clima mais tenso devido aos embates, a maioria dos candidatos se evitou, trocando poucas palavras entre si.
Na porta do estacionamento, onde os apoiadores dos candidatos acompanhavam, houve provocações entre entre simpatizantes de Evandro Leitão e José Sarto que terminou em briga física com direito a arremesso de garrafa. Membros do Grupos de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF) dispersaram a confusão com balas de borracha.