O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu a deputada estadual do PT de Minas Gerais Macaé Evaristo para assumir o Ministério dos Direitos Humanos. Lula se reuniu ontem com a petista no Palácio da Alvorada. Macaé Evaristo entra para o governo após Lula demitir o advogado Silvio Almeida, que foi acusado de assédio sexual.
O convite para a deputada foi confirmado pelo próprio presidente em sua rede social. "Hoje (ontem), convidei a deputada estadual Macaé Evaristo para assumir o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania. Ela aceitou. Assinarei em breve sua nomeação. Seja bem-vinda e um ótimo trabalho", escreveu o presidente.
A escolha de Macaé foi uma tentativa de encerrar o assunto das acusações de assédio sexual contra o então ministro Silvio Almeida. A opção por uma mulher negra para o cargo é considerada também uma resposta ao desgaste sofrido pela gestão Lula nos últimos dias em razão das acusações. Para interlocutores do Planalto, a nomeação da deputada mineira ajuda a reduzir as cobranças sobre o petista pela baixa representação feminina no primeiro escalão do governo.
Também foram especuladas para o pasta dos Direitos Humanos a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) e a ex-ministra Nilma Lino Gomes, que chefiou a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial durante o governo Dilma Rousseff (PT). Ao menos Benedita teria indicado não ter interesse no cargo.
Após o anúncio de seu nome, Macaé Evaristo afirmou que o Brasil ainda tem grandes desafios na área. "Nosso país tem grandes desafios e esse é um chamado de muita responsabilidade. Temos muito trabalho pela frente e sigo esperançosa, com o compromisso de uma vida na luta por direitos", escreveu a nova ministra no Instagram.
O Ministério dos Direitos Humanos está hoje sob chefia interina de Esther Dweck, ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.
Na sexta-feira, após virem a público as denúncias contra Almeida, ele foi chamado ao Planalto para prestar esclarecimentos a outros ministros do governo. Entre as supostas vítimas de assédio estaria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. A ministra não confirmou ter sofrido a violência
Em reunião com Lula, o então ministro se recusou a pedir demissão e o presidente o exonerou. Após a demissão, Anielle divulgou nota elogiando a decisão e informando que gostaria de ter o direito de preservar sua intimidade e não tratar do assunto publicamente. Ela afirmou que pretende contribuir em investigações.
Mineira de São Gonçalo do Pará, no centro-oeste no Estado, Macaé Maria Evaristo dos Santos tem 59 anos, é formada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) e mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela possui um histórico de atuação na área da educação, tendo ocupado cargos na gestão do ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-governador de Minas Fernando Pimentel (PT).
Como deputada estadual, Macaé foi crítica da gestão do atual governador mineiro, Romeu Zema (Novo), aliado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista à Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, ela criticou a política de implantação de escolas cívico-militares, uma das bandeiras bolsonaristas na educação.
Macaé teve o nome apresentado a Lula pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Ela aceitou o convite com o compromisso de ficar na pasta até o fim do governo, abrindo mão do cargo na Assembleia Legislativa de Minas e de disputar a renovação do mandato, já que teria de deixar o ministério até abril de 2026 para participar das eleições.