Foi preso nesta quarta-feira, 25, o quarto homem suspeito de integrar o grupo criminoso que ameaçava a candidatura de Izolda Cela (PSB) à Prefeitura de Sobral. A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) apreendera dois homens, um de 31 anos e outro de 28, no dia anterior, também suspeitos de fazerem parte de organização criminosa que estaria tentando interferir na campanha da candidata.
Segundo a Secretária da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), a prisão realizada ontem foi coordenada pelo Departamento de de Polícia Judiciária do Interior Norte (DPJI-Norte) e os homens foram capturados pelo Núcleo de Combate ao Crime Organizado da Delegacia Regional de Sobral.
Em Sobral, dois candidatos disputam o Executivo Municipal: Izolda Cela e Oscar Rodrigues (União Brasil). Ambas as candidaturas já relataram episódios de violência, supostamente, praticados por facções. Um candidato a vereador afirmou à PF que um evento de Oscar Rodrigues no bairro Vila União foi cancelado em razão de ameaças feitas por criminosos. Izolda chegou a ter atos de campanha impedidos após pessoas não identificadas dispararem fogos de artifício contra os participantes do ato.
A SSPDS informou ainda que a população pode contribuir com as investigações denunciando através do número 181, ou pelo WhatsApp no número (85) 3101-0181. Podem ser enviados vídeos, áudios e fotografias que ajudem a polícia a ter mais informações. Sendo preservado a identidade.
Um primeiro homem, Kevin Henrique Lopes Cavalcante, 36, foi preso no dia 2 de setembro após postar ameaças a Izolda em uma rede social. A candidata emitiu nota para expor os atos criminosos contra sua candidatura no início do mês de setembro, quando classificou como "uma ameaça às eleições livres e à democracia brasileira".
O Ministério Público Estadual (MPCE) denunciou Kevin na última terça-feira, 24. A denúncia ainda é analisada pela Justiça.
“BALA NA ISOLDA NA PRÓXIMA” (SIC), publicou Kevin Henrique em sua conta no Instagram. O storie era acompanhado da foto de uma arma de fogo. Ele foi autuado pelo crime de integrar organização criminosa — no caso, a facção Comando Vermelho (CV).
A denúncia, realizada pelas Promotorias de Combate às Organizações Criminosas (PCOC), do MPCE, pontuou que a ameaça se deu em um contexto em que as facções criminosas estão cobrando dinheiro de candidatos para permitir campanhas políticas em territórios onde os criminosos agem em Sobral.
Como O POVO mostrou nessa terça-feira, 24, candidatos a vereador denunciaram à Polícia Federal que faccionados estão cobrando até R$ 60 mil dos políticos. Relatos recebidos pelo MPCE indicam que esse valor varia entre R$ 30 mil e R$ 60 mil.
A denúncia cita um “salve”, compartilhado nas redes sociais com assinatura do CV, ameaçando cabos eleitorais que realizarem campanhas políticas sem a autorização da facção.
“NAO ESTAMOS DE BRINCADERA, A PARTIR DE HOJE QUEM TIVER NESSA FUNÇÃO DE CABO ELEITORAL QUERENDO BATER DE FRENTE, O CRIME ESTA AUTORIZADO A PEGAR TODOS E COBRAR PODE SER QUALQUER UM" (SIC), diz o comunicado.
Em depoimento à Polícia Civil, Kevin Henrique afirmou que integrantes do CV, que ele disse não saber quem eram, coagiram-no a realizar a publicação ameaçando Izolda por meio de um áudio enviado pelo aplicativo Whatsapp.
“O autuado relatou que a facção Comando Vermelho emitiu uma comunicação (salve) aos seus membros, determinando que a candidata Izolda não poderia adentrar os bairros onde há a presença do Comando, como o Centro, Sinhá Sabóia, Cohab II, Terrenos Novos, Parque Santo Antônio, Alto da Brasília, Recanto e Vila União”, consta na denúncia do MPCE.
Kevin Henrique negou ter participado de um ataque ocorrido em 2 de setembro durante um evento da campanha de Izolda no Centro de Sobral. Na ocasião, rojões e fogos de artifício foram disparados na direção dos apoiadores da candidata, provocando tumulto e correria.
A própria Izolda, que também depôs à Polícia Civil, relatou, pelo menos, quatro ataques do tipo ocorridos durante atos de sua campanha entre os dias 31 de agosto e 2 de setembro.