Paula Vieira, cientista política vinculada ao Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (LEPEM-UFC) explica que, no primeiro turno, o maior desafio de Evandro foi ter que se apresentar para o público, o que conseguiu com ajuda dos cabos eleitorais - Lula, Camilo e Elmano - e do enorme tempo de TV (5 minutos, de um total de 10).
Uma vez no segundo turno, reforçou o apadrinhamento e a possibilidade de um projeto “seguro” para a Cidade. Recebeu visitas do presidente Lula, do prefeito de Recife, João Campos (PSB) e até Luizianne Lins - ausente na campanha - deu as caras na semana final.
Mas o foco, segundo a cientista, foi na campanha negativa contra André Fernandes. Vídeos da época de youtuber do adversário foram trazidos à tona, além de falas polêmicas dele, como a que minimizou casos de feminicídio, alegando que “homens morriam mais”. Em resumo, a estratégia era: não vote nele, vote no projeto de quem você conhece.
Historicamente, defende Paula Vieira, a condução do petista ao Palácio do Bispo significa que “Fortaleza continua optando por um projeto minimamente mais progressista”. No entanto, o acirramento não pode ser desconsiderado.
“Vai continuar sendo um colégio eleitoral muito disputado pela direita, ainda mais pela visibilidade que André está tendo. Ele sai com uma projeção nacional. Fortaleza se tornou uma referência da polarização”, diz ela. “O projeto não sai completamente vitorioso, mas, após todo esse acirramento, consegue se manter”.