Passado o duro período eleitoral, o prefeito eleito Evandro Leitão (PT) terá pouco mais de dois meses para preparar e projetar o que será seu governo pelos próximos quatro anos. Em seu primeiro cargo majoritário, Evandro terá ao seu lado a experiência acumulada nos últimos anos como deputado estadual, secretário de Estado e presidente da Assembleia Legislativa.
Mas chefiar o Executivo municipal é diferente, não somente por ter para si os holofotes, que tanto fazem brilhar os bons feitos, como iluminam fracassos ou problemas eventuais na gestão, mas também por trazer novos desafios, que vão além do saber administrar um orçamento bilionário da quarta maior cidade brasileira.
Para qualquer ação prevista, o prefeito tem que usar de seu prestígio e seu poder de articulação política para aprová-la na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor). Eis o primeiro desafio para Leitão, o arranjo político, em termos ideológicos, com os vereadores da Capital.
Eleito pelo Partido dos Trabalhadores, Leitão deve encarar uma oposição barulhenta, com forte atuação nas redes sociais. Claro que, pragmaticamente falando, o mais provável é que parte das cadeiras que hoje fazem parte da base de José Sarto (PDT) se realinhem e componham a base do futuro prefeito.
Por desafios técnicos, temos, na realidade, o tocar a gestão, o cotidiano. Se chefiar o Executivo é uma novidade para Evandro Leitão, o mesmo não se pode dizer do seu grupo político. "O grupo do Evandro é um grupo que toca máquinas estaduais, tem a máquina federal, a estadual, o próprio PT já administrou a cidade de Fortaleza. Então, você tem essa maior familiaridade com a máquina pública", avalia Emanuel Freitas, professor de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Administrar o orçamento de quase R$ 15 bilhões será um desafio que Evandro terá que saber cuidar e, para isso, ter ao lado ex-governadores como Cid Gomes e Camilo Santana, além do atual chefe do Executivo estadual, Elmano, deve facilitar a caminhada.
Se, na campanha, a parceria entre eles foi tão exaltada, assim como o alinhamento com o Governo Federal, é hora de mostrar na prática no que isso pode ser bom para o fortalezense, que vem de dois anos de brigas e trocas de acusações entre o prefeito de Fortaleza e Governo do Estado.