Vice-presidente nacional do PT e líder do governo Luiz Inácio Lula da Silva na Câmara, o deputado federal José Guimarães pontua bem na bolsa de apostas sobre quem será o novo presidente nacional do partido. O cearense esbarra, contudo, no lobby pró-Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara (SP).
Não reeleito, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação da gestão de Dilma Rousseff teria adesões importantes para ocupar o posto hoje de Gleisi Hoffmann, entre os quais as de alguns ministros e do próprio presidente Lula.
Procurados, Edinho e Guimarães evitaram se manifestar sobre o tema. O parlamentar, no entanto, vem se movimentando, em diálogo com outros atores políticos importantes da legenda.
Em entrevista ao O POVO logo quando do anúncio da vitória de Evandro Leitão (PT) na disputa pela Prefeitura de Fortaleza, o petista avaliou que o resultado era um trunfo que levaria para Brasília e que o sucesso do correligionário se devia sobretudo à força da máquina do partido.
Em 2024, Guimarães se empenhou na tarefa de ampliar o número de prefeituras do PT, de olho na corrida eleitoral deste ano e na de 2026, quando pode pleitear uma vaga no Senado.
Dentro de dois anos, duas cadeiras estarão em disputa na Casa. Atualmente, os senadores que representam o Ceará no Congresso Nacional são Cid Gomes (PSB), Eduardo Girão (Novo) e Augusta Brito (PT). Dos três, a petista é suplente de Camilo Santana, cujo mandato vai até 2030. Girão pode não tentar se reeleger. Restaria então Cid, que ainda não decidiu seu futuro.
Caso deseje de fato entrar na briga pelo Senado, Guimarães gostaria de contar também com a projeção da função de presidente do PT. A ida para a direção ainda sacramentaria um gesto da legenda em reconhecimento ao protagonismo da região Nordeste e do petismo no Ceará, responsável pela única capital governada pela sigla.
A agremiação, contudo, sempre foi gerida sob forte ascendência de lideranças do Sul e do Sudeste. A preço de hoje, a estrutura de comando tenderia, portanto, a acolher o nome de Edinho nessa queda de braço.
Uma das cartadas de Guimarães para contornar essa dificuldade seria obter apoio declarado do ministro Camilo Santana, que não se posicionou oficialmente em relação a essas articulações.
Uma fonte no PT afiançou que o ex-governador não entraria em "bola dividida" por receio de perder capital político e comprometer projetos futuros. Outro importante expoente do PT nordestino, Jaques Wagner, líder do governo no Senado, destacou na última semana a candidatura de Edinho ao comando da sigla.