O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) defendeu ontem o debate sobre a redução da jornada de trabalho 6x1 - na qual a pessoa trabalha seis dias e tem apenas uma folga na semana. Segundo ele, essa discussão é uma "tendência mundial".
"À medida que a tecnologia avança, você pode fazer mais com menos pessoas e ter uma jornada menor", afirmou ele ontem, depois de discursar na COP-29, em Baku, no Azerbaijão.
Questionado por jornalistas se a proposta do fim da escala 6x1 preocupa os empresários e a indústria, Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Midc), disse que "esse é um debate que cabe à sociedade e ao Parlamento" e que o governo ainda não discutiu o assunto.
Embora o governo não tenha se comprometido com a proposta, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou na última segunda-feira, 11, em post na rede social X (antigo Twitter), que a redução da jornada de trabalho é "possível e saudável" desde que resulte de decisão coletiva, e que, por isso, a proposta deve ser discutida em convenções e acordos coletivos de trabalho.
Um movimento denominado VAT (Movimento Vida Além do Trabalho), iniciado por um tiktoker, defende a abolição do regime de trabalho 6x1, que é previsto na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), em vigor há 81 anos no País.
A discussão ganhou força nas redes sociais e foi encampada pela deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), que está em campanha para obter 171 assinaturas de parlamentares necessárias para protocolar Proposta de Emenda à Constituição (PEC). No início da tarde de ontem, ela disse que já havia conseguido 153 assinaturas em apoio ao texto.
Candidato à presidência da Câmara dos Deputados, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) disse ontem ter preocupação com a proposta articulada pela deputada do Psol. "Me preocupa muito, por exemplo, essa PEC agora recentemente apresentada, essa 6 por 1, onde se criou um verdadeiro movimento nas redes sociais a favor da PEC, que é um tema que nós temos e nós vamos discutir, mas não ouvindo apenas um lado. Nós temos de ouvir, também, quem emprega", declarou ele, em almoço com empresários em Brasília.
"Nós temos de ouvir os dois lados, para que, a partir daí, nós não venhamos a ter o avanço de uma pauta que possa amanhã ser danosa ao País", reforçou ele, acrescentando não ser contra nem a favor da proposta da deputada.
"Não estou aqui dizendo que sou a favor ou contra. Estou dizendo que o Parlamento tem de, na sua maturidade, discutir esses temas e discutir respeitando quem pensa o contrário", disse.
Durante a sua participação no evento com empresários, Motta também disse querer "avançar em uma agenda positiva" sem prejudicar a geração de empregos no País. No mesmo almoço, o presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo, deputado Joaquim Passarinho (PL-PA), se referiu à PEC como uma "bomba" dentro do Congresso. (Agência Estado)
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