Nascida de um golpe armado, a República brasileira completa 135 nesta sexta-feira, 15 de novembro. Embora a data represente o fim da monarquia no Brasil, o regime não estava certo de ser proclamado por Marechal Deodoro da Fonseca, que viria a ser o chefe do Governo Provisório.
A revolução estourou no Rio de Janeiro, então capital do País, antes de ser substituída por Brasília a partir de 1960. Sem participação popular, os oficiais, na cidade de Ouro Preto (MG), realizaram movimentações das tropas de forma antecipada e pegaram de surpresa até mesmo lideranças republicanas.
Ao revisitar a história, encontram-se evidências de que Marechal Deodoro, responsável por encabeçar o movimento, tomou a iniciativa de pedir o fim do ministério de Ouro Preto. No local, dirigindo-se ao visconde da cidade, avisou que um novo governo seria organizado e que os nomes seriam levados ao imperador, Dom Pedro II.
Esse momento é crucial para entender que, talvez naquela ocasião, o líder da iniciativa não estivesse convencido a proclamar a República, já que precisaria da aprovação do imperador.
Benjamin Constant temeu o impasse com Deodoro e a perda da oportunidade de proclamar o novo regime. Apenas na noite do dia 15, José do Patrocínio tomou a frente e, após reunião, o grupo se dirigiu à Câmara Municipal para lançar a República.
O Exército também não estava totalmente certo do que estava apoiando. Segundo o historiador Celso Castro, a grande maioria das tropas não tinha consciência de que se pretendia derrubar a monarquia naquele 15 de novembro, conforme informações do livro "1889", de Laurentino Gomes.
“Fica proclamada provisoriamente e decretada como a forma de governo da Nação brasileira - a República Federativa”, diz o primeiro artigo do Decreto nº1 de 15 de novembro de 1889, assinado por Marechal Deodoro, Rui Barbosa, Benjamin Constant e outros.
O documento também renomeou o país, que passou a ser chamado de Estados Unidos do Brasil. Nome que só mudaria em 1986, quando passou a ser República Federativa do Brasil, denominação atual.
Em abril de 1993, 103 anos após a instauração da República, os brasileiros se dirigiram às urnas para escolher entre a forma de governo: monarquia ou república. Venceu esta última.
Também foram chamados a decidir entre o sistema do presidencialismo ou do parlamentarismo. A consulta deveria ter ocorrido no dia 7 de setembro de 1993, mas foi adiada. Do total de 90.256.461 eleitores cadastrados na época, 66.209.385 votaram, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).