Passadas três semanas desde o segundo turno das eleições municipais, o pleito de 2026 no CEará já tem desenhos e movimentos visando as duas cadeiras em disputa no Senado. Grandes caciques da política estão de olho e se colocam no páreo.
Serão duas de três vagas em disputa na Câmara Alta do Congresso Nacional: as dos senadores Cid Gomes (PSB) e Eduardo Girão (Novo). Com dois terços das vagas, a eleição mobiliza busca por espaço entre membros da base do governador Elmano de Freitas (PT), inclusive um ex-presidente do Congresso Nacional e o atual líder do governo Lula.
Ex-governador do Ceará e atual senador, Cid Gomes é incógnita sobre 2026. Embora seja candidato natural à reeleição no Senado, ele já chegou a demonstrar, anos atrás, que poderia não concorrer a nenhum mandato. Nas eleições municipais de 2024, o PSB de Cid elegeu o maior número de prefeitos no Ceará: 65. Apesar da derrota sofrida pelo grupo do reduto eleitoral, Sobral.
Um dos que se manifestam abertamente para ocupar a vaga é Eunício Oliveira (MDB). Atualmente no mandato de deputado federal, ele até já presidiu o Senado. Em 2018, sofreu surpreendente derrota para Girão quando tentava se reeleger senador. Desde então, nunca escondeu o desejo de retornar ao mandato.
"A minha missão é voltar, se o povo do Estado do Ceará assim entender, meu nome eu vou colocar à disposição no Senado, mas vai depender, obviamente, da vontade soberana do povo do Estado do Ceará", disse ao programa O POVO News após a eleição de Evandro Leitão (PT) como prefeito de Fortaleza.
No comitê central da campanha de Evandro no dia da vitória, o ministro Camilo Santana (PT) chegou a sinalizar ao emedebista que dará apoio à candidatura dele a senador.
Líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT) também alimenta o sonho de concorrer a senador. Em entrevista ao O POVO News no dia da vitória de Evandro em Fortaleza, ele explicitou a vontade de concorrer e manifestou desejo de ter Lula como apoiador.
"Eu quero muito que ele (Lula) seja, digamos assim, patrocinador da minha candidatura ao Senado Federal em 2026. É claro que nós vamos discutir ainda sobre isso com o PT e nossos aliados", disse.
Presidente estadual do Republicanos, partido da base do governador Elmano de Freitas (PT), Chiquinho Feitosa também é um dos governistas que se movimentam para concorrer a senador em 2026.
Ele já foi deputado federal e chegou a assumiu a vaga, como suplente de Tasso Jereissati (PSDB), e não escondeu a vontade de voltar à Casa. Próximo de Camilo Santana e Elmano de Freitas, o Republicanos ganhou espaço no Ceará nas eleições detes ano, elegendo 14 prefeitos.
Além disso, Chiquinho ajudou a base estadual trazendo partidos, como o próprio Republicanos e o Solidariedade, para a aliança que dá sustentação ao PT no Estado, tendo como argumentos para um apoio a uma possível candidatura. Em 2022, ele comandava o PSDB estadual e inviabilizou os planos de Tasso Jereissati para levar o partido a apoiar Roberto Cláudio (PDT) contra Elmano de Freitas.
Quem é cotado na base
Haverá duas vagas em disputa em 2026
Cid Gomes: já ocupa uma das cadeiras e é politicamente o mais forte. Se quiser, será difícil pará-lo
Chiquinho Feitosa: quando era suplente de Tasso Jereissati (PSDB), passou alguns meses como senador e gostou muito. É influente em Brasília, inclusive no Judiciário. Fortaleceu-se em prefeituras
Eunício Oliveira: já foi presidente do Senado e sonha em voltar à Casa. Foi importante para a eleição de Elmano de Freitas (PT)
José Guimarães: líder do governo Lula, há dez anos tenta concorrer a senador
Alternativas da oposição para tentar manter vaga
Com grandes caciques da base governista cearense cobiçando as duas vagas no Senado em 2024, a oposição estadual também já começou a se movimentar para tentar fazer de frente a pelo menos uma das vagas. A cadeira, aliás, hoje pertence a um opositor: o senador Eduardo Girão (Novo). Ele defende o fim da reeleição e já afirmou em algumas oportunidades que não concorrerá.
Ainda na campanha do primeiro turno, lideranças se alinharam contra o PT, como o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), o ex-deputado federal Capitão Wagner (União) e o deputado federal André Fernandes (PL).
Como Fernandes não terá a idade mínima para ser candidato nem a senador nem a governador, RC e Wagner são citados como postulantes. Ainda sem a definição de quem ocuparia qual vaga.