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Pesquisa aponta 3 políticos cearenses com antepassados ligados à escravidão
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Pesquisa aponta 3 políticos cearenses com antepassados ligados à escravidão

Ciro Gomes, Cid Gomes e Augusta Brito descendem de pessoas que faziam uso de mão de obra escravizada, aponta mapeamento
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PESQUISA identificou pelo menos 33 políticos com antepassados ligados à escravidão (Foto: Divulgação/Twitter Ciro Gomes)
Foto: Divulgação/Twitter Ciro Gomes PESQUISA identificou pelo menos 33 políticos com antepassados ligados à escravidão

Ciro Ferreira Gomes (PDT), Cid Ferreira Gomes (PSB) e a senadora Augusta Brito (PT) têm antepassados diretos que escravizaram pessoas durante os períodos colonial e imperial do Brasil.

A investigação que mapeou os antepassados de mais de cem políticos brasileiros do Executivo e Legislativo para verificar se havia casos de uso de mão de obra escravizada é denominada Projeto Escravizadores e foi feita pela Agência Pública.

O resultado do mapeamento é que ao menos 33 autoridades, dos 116 investigados, teriam antepassados ligados à escravidão. Muitos dos políticos sequer conheciam seus antepassados ou mantêm relação próxima com a sua linhagem.

É o caso dos Ferreira Gomes. Em resposta às perguntas da Agência Pública, Cid afirmou: "Abomino a escravidão. A humanidade nunca deveria ter feito isso na história. Um humano ser proprietário de outro humano atenta contra qualquer princípio humano, ético e moral. Isso é a coisa mais horrível que existe. Não faço a menor ideia se é meu trisavô e nunca soube disso.”

Os irmãos Ciro e Cid Ferreira Gomes têm como trisavô Cesário Ferreira Gomes - sem data de nascimento conhecida e falecido por volta de 1876 - ligado à escravidão. Há registros do estabelecimento da família Ferreira Gomes em Sobral, no Ceará, onde o trisavô de Ciro e Cid teria tido ao menos uma pessoa escravizada.

A tradicional família Ferreira Gomes tem longa trajetória política entrelaçada à própria história do município de Sobral. Apenas quatro anos depois da morte de Cesário Ferreira Gomes, seu filho, Vicente Cesar Ferreira Gomes, se torna o primeiro prefeito da cidade, em 1890. 

Conforme a investigação, Augusta Brito é outra política que tem antepassado que fez uso de mão de obra escravizada. Ela tem como oitavo avô o capitão Antônio Rodrigues Magalhães, que ao falecer, teria deixado nove pessoas escravizadas.

De acordo com registros, ele era proprietário da Fazenda Caiçara, em Sobral, mas nasceu em 1702 em Natal, no Rio Grande do Norte, e morreu por volta de 1757.

Em nota enviada pela assessoria, a senadora afirmou que desconhecia a existência de "vínculos, ainda que indiretos, de sua oitava geração de antepassados com algo tão abominável" como a escravidão.

"Como cidadã e representante do povo brasileiro, ela repudia veementemente qualquer prática que atente contra a dignidade humana, incluindo a escravidão, um capítulo profundamente doloroso de nossa história que deve ser lembrado apenas para jamais ser repetido", diz a nota.

A senadora reafirma seu compromisso com "políticas que promovam a reparação histórica das desigualdades e a superação de qualquer forma de exploração ou opressão".

Por fim, a senadora reforça que "abomina toda e qualquer prática que se oponha aos valores de liberdade, igualdade e respeito ao próximo, princípios que norteiam sua vida e seu trabalho", conclui. 

O resultado do mapeamento

Dos oito presidentes do Brasil após o fim da ditadura de 1964, metade descende de pessoas que faziam uso de mão de obra escravizada:

José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.

Dos 81 senadores, 16, um quinto, têm antepassados ligados à escravidão:

  1. Augusta Brito (PT-CE)
  2. Carlos Portinho (PL-RJ),
  3. Carlos Viana (Podemos-MG)
  4. Cid Ferreira Gomes (PSB-CE)
  5. Ciro Nogueira (PP-PI)
  6. Efraim Filho (União-PB)
  7. Fernando Dueire (MDB-PE)
  8. Jader Barbalho (MDB-PA)
  9. Jayme Campos (União-MT)
  10. Luis Carlos Heinze (PP-RS)
  11. Marcos do Val (Podemos-ES)
  12. Marcos Pontes (PL-SP)
  13. Rogério Marinho (PL-RN)
  14. Soraya Thronicke (Podemos-MS)
  15. Tereza Cristina (PP-MS)
  16. Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PP)

Dos 27 governadores, quase metade, 13, também entrou no levantamento:

  1. Carlos Brandão Júnior (PSB-MA)
  2. Cláudio Castro (PL-RJ)
  3. Eduardo Riedel (PSDB-MS)
  4. Fátima Bezerra (PT-RN)
  5. Gladson Camelli (PP-AC)
  6. Helder Barbalho (MDB-PA)
  7. João Azevêdo (PSB-PB)
  8. Jorginho Mello (PL-SC)
  9. Rafael Fonteles (PT-PI)
  10. Raquel Lyra (PSDB-PE)
  11. Romeu Zema (Novo-MG)
  12. Ronaldo Caiado (União-GO)
  13. Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP)

 

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