Após uma crise que ameaçou desestabilizar a base do governador Elmano de Freitas (PT), a Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) define hoje o presidente. O nome apresentado pela base para concorrer em chapa única é o do deputado estadual Romeu Aldigueri (PDT).
Pedetista de saída da legenda, Aldigueri substituiu o colega de Assembleia Legislativa Fernando Santana (PT), que havia sido indicado pelo Abolição para suceder a Evandro Leitão (PT), atual chefe do Legislativo e eleito prefeito de Fortaleza.
Seguiu-se, porém, uma crise aberta pelo senador Cid Gomes (PSB) no arco de sustentação de Elmano. Ex-governador, o pessebista não concordava com a escolha de Fernando para presidir a Alece. Segundo chegou a manifestar a aliados, entre os quais a irmã e deputada Lia Gomes, tratava-se de uma concentração de poder nas mãos do PT, que não abria mão da sua candidatura. O partido já acumula Presidência da República, Governo do Estado e Prefeitura de Fortaleza, algo de que Cid já tinha reclamado publicamente.
Depois de uma semana de tensão em meados de novembro, com idas e vindas e reuniões no PT e no PSB, Fernando Santana anunciou que deixava a disputa para conseguir manter a base unida. Em seu lugar, o bloco governista acolheu Aldigueri, então líder do governo, função ainda sem ocupante de agora em diante.
Além de Aldigueri, a composição da mesa diretora que será submetida aos deputados inclui, entre os principais cargos, Danniel Oliveira (MDB) na 1ª vice-presidência, Larissa Gaspar (PT) na 2ª vice, Francisco de Assis Diniz (PT) na 1ª secretaria, Jeová Mota (PDT) na 2ª secretaria e Felipe Mota (União Brasil) na 3ª secretaria.
Do grupo, De Assis foi o único a integrar a mesa de última hora, já que o PT discutiu perfis e nomes até o limite do tempo, chegando a provocar atraso na finalização da chapa. A 1ª secretaria é, depois da presidência, o cargo com mais poderes administrativos. Já projetou ocupantes para a presidência — caso do próprio Evandro.
A dúvida envolvia uma dança das cadeiras, uma vez que o petista estava praticamente certo na liderança do governo Elmano na Casa, papel antes de Aldigueri, mas acabou sendo deslocado para o grupo, deixando o espaço livre.
A entrada em cena do deputado petista é também reconhecimento pelo apoio a Evandro ainda no processo que antecedeu às eleições. De Assis sempre se mostrou entusiasta da candidatura do presidente da Assembleia, à época já filiado ao PT após deixar o PDT.
Apesar das divergências, a costura da chapa com Romeu à frente conseguiu pacificar provisoriamente a base, contemplando parlamentares do União Brasil, legenda de oposição a Elmano, e do MDB de Eunício Oliveira, aliado que detém assento de destaque.
O conjunto de forças marcando presença na mesa espelha o tamanho do bloco "camilista" no Ceará hoje, mas também a dificuldade para acomodar tantos partidos e seus apetites políticos.
Mesmo sem o presidente, o PT continua forte no novo desenho, já que há dois representantes da sigla bem colocados no colegiado e o próprio Romeu, antes líder do Executivo, tem grande proximidade com o governador — talvez mais do que com Cid Gomes.
O senador, por sinal, se mantém em silêncio desde a troca de nomes para comandar a Alece. Quando estourou a possibilidade de rompimento na esteira da candidatura de Fernando, tratada por Cid como cenário ainda não encerrado, o ex-governador estava prestes a se reunir com a direção do PSB no estado.
Nos dias que se seguiram, priorizou agendas internas. Na sequência, viajou para fora do país a fim de tocar atividades relacionadas ao mandato. Nesse intervalo, Cid não deu mais declarações sobre o episódio que quase o levou a desfazer uma aliança histórica entre PT e seu grupo político.
Presidente: Romeu Aldigueri (PDT)
1º vice-presidente: Danniel Oliveira (MDB)
2º vice-presidente: Larissa Gaspar (PT)
1ª secretaria: De Assis Diniz (PT)
2ª secretaria: Jeová Mota (PDT)
3ª secretaria: Felipe Mota (União Brasil)
4ª secretaria: João Jaime (Progressistas)
Vogal: Luana Régia (Cidadania)
Vogal: Emília Pessoa (União Brasil)
Vogal: David Durand (Republicanos)