Agitada nos bastidores durante semana e tranquila no desfecho em plenário, a eleição do deputado estadual Romeu Aldigueri (PDT) para presidente da Assembleia Legislativa do Ceará teve apoio da quase totalidade dos deputados estaduais.
A mesa diretora para o biênio 2025/2026 foi confirmada nesta segunda-feira, 2, em eleição com chapa única. Os dois votos que Aldigueri não teve foram ambos do PL, de dois expoentes do bolsonarismo.
Dos 46 deputados, 45 estiveram presentes. Foram registrados 44 votos "sim" e 1 voto "não". Apenas o deputado estadual Alcides Fernandes (PL) foi contra. Já o deputado estadual Carmelo Neto (PL) foi o único ausente.
Alcides é pai do deputado federal André Fernandes (PL), candidato derrotado à Prefeitura de Fortaleza no 2º turno por Evandro Leitão (PT), presidente da Assembleia, que presidiu a votação. Em debates, Evandro usou como argumento em defesa do trabalho como presidente da Assembleia o fato de, ao se eleger em 2023, ter recebido o voto até do pai do adversário.
Em entrevista coletiva após a eleição, Aldigueri agradeceu aos colegas e projetou como conduzirá sua gestão. "A Casa sai fortalecida, procuramos junto com os deputados construir uma mesa de consenso, eclética. São oito partidos políticos, três mulheres. A deputada Larissa (Gaspar, do PT) será a primeira a ocupar uma vice-presidência. A mesa conta com deputados de situação, de oposição, independentes", destacou o presidente eleito.
"Vamos fazer política com 'P' maiúsculo, ouvindo, dialogando, essa é a diretriz que toda a mesa irá conduzir a partir do ano que vem", sinalizou sobre a gestão.
Antecipada pelo jornalista Carlos Mazza, na coluna Vertical, do O POVO, a composição da mesa diretora terá Romeu Aldigueri como presidente do Poder Legislativo cearense. Danniel Oliveira (MDB) será 1º vice-presidente. A deputada Larissa Gaspar será a 2ª vice-presidente, cargo mais elevado que uma mulher já ocupou na mesa da Assembleia até hoje.
De Assis Diniz (PT) foi eleito 1° secretário, ocupando a segunda vaga do PT na mesa. É a função, depois da presidência, com mais poderes na administração da Casa. A 2ª secretaria ficou com Jeová Mota (PDT). Ele e Romeu são filiados ao PDT, mas estão em processo de deixar a sigla, tendo como provável destino o PSB, do senador Cid Gomes (PSB). A 3ª secretaria ficou com Felipe Mota (União Brasil). João Jaime (PP) será o 4º secretário.
A escolha por Aldigueri para ser presidente da Assembleia se deu na esteira de uma crise interna entre os líderes da base do governador. O senador Cid Gomes (PSB) se insurgiu após o anúncio de que o governador Elmano de Freitas (PT) havia escolhido Fernando Santana (PT) para ocupar o cargo. Segundo Cid e aliados, não houve consulta aos aliados que passaram a criticar o acúmulo de posições nas mãos do PT. O partido ocupa presidência da República, Governo do Ceará e elegeu o prefeito de Fortaleza.
Aliados de Cid chegaram a tratar a situação como rompimento do senador com o governador. Após dias de intensa movimentação nos bastidores, Fernando Santana abriu mão da candidatura.
Em entrevista coletiva, Aldigueri agradeceu a Fernando Santana por ter retirado a candidatura à presidência da Casa, o que abriu espaço para p entendimento na base e para a eleição do pedetista. "Se mostrou democrata, altruísta, um homem de projeto que pensa no bem-estar do Governo e do bem-estar do povo cearense", declarou.
Aldigueri foi escolhido como forma de pacificar a base aliada. Segundo Elmano, o senador foi ouvido e deu aval para a indicação. Aldigueri exercia função de líder do governador na Assembleia, posição que agora está aberta e deve ser definida em momento posterior. (Colaborou Rogeslane Nunes, especial para O POVO)