O prefeito de Caucaia, Vitor Valim (PSB), disse que encerrará sua gestão em 31 de dezembro sem dívidas para o município da Região Metropolitana de Fortaleza e defendeu a condição na qual deixará a administração pública para a próxima gestão. Ele também rebateu críticas do prefeito eleito da cidade, Naumi Amorim (PSD), que denunciou a existência de um "rombo" nas contas públicas, também antecipada pela gestão de Valim.
Valim reforçou ainda que sua gestão mantém o "Bora de Graça" (programa de ônibus gratuito) até o fim do mandato, após acordo firmado com a empresa prestadora do serviço e mediação do Ministério Público (MPCE). As declarações foram dadas em entrevista ao O POVO, nesta quarta-feira, 11, durante cerimônia de entrega do selo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) a 158 municípios cearenses.
"Primeiro falar que essa gestão não está deixando nenhuma dívida para a cidade, não fez financiamento, vai manter o Bora de Graça até 31 de dezembro e vai manter todas as políticas públicas que nortearam a gestão (...) Fico feliz, como um homem que está saindo da vida publica, deixando a cidade com infraestruturas importantes e quase 2.000 servidores convocados para tomar posse", disse.
Sobre o impasse relacionado ao transporte público gratuito, Valim explicou o que gerou as divergências. "Divida tem em qualquer canto, na nossa casa. A Prefeitura de 40 parcelas estava devendo uma. Final de gestão a gente perde a moral, todo mundo quer dar uma pataca no prefeito que está saindo para se valorizar. É da política, eu respeito. Todo fornecedor, neste momento, coloca a faca no pescoço, faz a cobrança, é justo e legítimo. Vejo com naturalidade", destacou.
E seguiu: "A resposta está aí, o ônibus vai continuar e o próprio MP, após o acordo, foi mostrado que apenas uma parcela estava em aberto e isso não é dolo a nenhuma empresa e é normal que ocorra às vezes um certo atraso na administração pública".
Questionado sobre as críticas feitas por Naumi Amorim, que tem denunciado atrasos nos pagamentos de servidores municipais, débitos previdenciários, demissões em massa, Valim disse o que espera da próxima gestão.
"Quem tem boca fala o que quer e matemática é uma ciência exata. Eu não fiz financiamentos e paguei mais de R$ 60 milhões de dívidas de antigos prefeitos. O que espero (do próximo prefeito) é que ele tenha um olhar humano. Eu estava prefeito, estou ainda, e vou passar. Ele vai entrar (no cargo) e vai passar e temos que ter o olhar voltado para as políticas que beneficiam a população", concluiu.
A deputada estadual Emilia Pessoa (PSDB) usou a tribuna da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) nesta quarta-feira, 11, para criticar o fim da gestão do prefeito de Caucaia, Vitor Valim (PSB) e denunciar desmontes em ações.
Ela apontou falta de planejamento orçamentário em programas como o "Bora de Graça", que chegou a ser anunciado fim da parceria, e o atraso no pagamento de convênios. A tucana afirmou que fez um ofício do seu gabinete solicitando o cumprimento das dívidas.
"Eu estou solicitando junto ao prefeito Vitor Valim o pagamento em dia para que não deixe resquícios para que o próximo prefeito já entre nesse próximo governo com mais dificuldades do que aquelas que nós já estamos identificando hoje", declarou.
De acordo com Emilia, Vitor baixou um ofício circular de orientações para o final do ano letivo escolar interrompendo o ciclo para a educação infantil, diminuindo a carga horária. "Infringindo a Lei de Diretrizes Básicas (LDB) da Educação onde diz que as aulas deverão cumprir rigorosamente 800 horas durante o ano letivo e atendendo 200 dias do ano letivo sem que seja menos", apontou.
A deputada, que foi secretária da Educação durante o início da gestão de Valim, afirmou ter recebido apelos de pais de alunos, diretores escolares "desesperados" com a possibilidade da diminuição da carga. Segundo a parlamentar, a motivação seria por ter enchido a folha de contratados para tentar buscar votos para o candidato governista na eleição, Waldemir Catanho (PT).
"Isso é um crime. Tenho recebido ligação de diretores, pais de alunos, todos desesperados. E mais grave ainda, com a denúncia de que essa interrupção se dá por conta da necessidade que o prefeito quer fazer de demissão dos contratados, professores, auxiliares de serviço, merendeira, todo esse pessoal que ele encheu a folha da prefeitura nos últimos meses pra poder angariar voto para o seu candidato a prefeito", disse.