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7 prefeitos, 9 mandatos e 36 anos: a trajetória de Carlos Mesquita como vereador
Politica

7 prefeitos, 9 mandatos e 36 anos: a trajetória de Carlos Mesquita como vereador

Parlamentar deixará a Câmara Municipal de Fortaleza no fim deste ano. De saída da CMFor, ele não esconde a mágoa do atual prefeito José Sarto e fala com qual prefeito teve melhor relação
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Carlos Mesquita se despede da Câmara Municipal de Fortaleza após 36 anos (Foto: Filipe Pereira)
Foto: Filipe Pereira Carlos Mesquita se despede da Câmara Municipal de Fortaleza após 36 anos

Fortaleza teve nos seus últimos 36 anos passou por diversas transformações sociais e políticas. Com sete prefeitos neste período, o vereador Carlos Mesquita, hoje no PDT, acompanhou tudo de perto com nove mandatos na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor). A trajetória parlamentar será encerrada em 2024 após não obter êxito nas eleições.

Entrando na vida política em 1988 com apoio do atual prefeito José Sarto (PDT), à época também vereador, Mesquita atribui o fim de sua trajetória como parlamentar também ao pedetista. De saída da CMFor, ele não esconde mágoa por ser sido, segundo ele, "sacrificado" em meio à polêmica de que a Prefeitura teria cortado verba do tratamento de oncologia no município para pressionar o Governo do Estado.

Passando pelas gestões de Maria Luiza Fontenele, Ciro Gomes, Juraci Magalhães, Antônio Cambraia, Luizianne Lins, Roberto Cláudio e Sarto, Carlos Mesquita foi líder de governo e presidente da CMFor. Ele define a trajetória como "revolucionária" e que "nenhum vereador fez mais nesses quase 40 anos".

O POVO - Como começou sua trajetória e quem o influenciou a entrar na política?

Carlos Mesquita - A minha iniciativa política foi graças a uma ação da minha mãe. Minha mãe era uma vereadora sem mandato, ali do Arraial Moura Brasil. Ela era uma verdadeira líder, cuidava das pessoas, arranjava alimentos, fazia cursos, enfim. E nunca foi política. Trabalhou muito tempo pro antigo senador e deputado Almir Pinto, o vereador Luiz Angelo e pro Mauro Benevides, e eu a acompanhava para esses cantos e fui gostando. Quando eu fui fazer o ginasial lá no colégio José Valdo Ribeiro Ramos no Carlito Pamplona eu conheci o Sarto, que estudava lá também e nós estudávamos juntos. Ficamos amigos, fizemos um time de futebol e foi indo. Depois ele me chamou para ser vereador pelo Partido Democrata Cristão. Nesse primeiro momento, em 1988, eu fui uma buchazinha boa porque fiquei na segunda suplência, mas acabei assumindo lá por quatro meses porque o Sarto pediu a licença e o outro, primeiro suplente também pediu, e eu assumi e gostei. Já em 1992 aí sim eu já fui eleito de uma forma bem bacana. Inclusive o Sarto me ajudou no primeiro mandato porque eu alugava um caminhão e a gente ficava em cima do caminhão fazendo comícios, ele pedindo voto pra mim e eu pra ele.

OP - Quais são os seus principais feitos ao longo dos 36 anos de vereança?

Mesquita - E nessa minha trajetória eu fui fazendo os meu projetos e não quero ser assim leviano, nem jogar confetes em mim. Mas não teve um vereador nestes anos todos em que eu estive lá que tenha feito o que eu fiz. Não é coisinha pequenininha não. Eu sou autor do projeto que instituiu o Hospital da Mulher, o Hospital da Criança também foi meu, o Hospital Veterinário também fui eu que fiz, o Mototáxi, além das minhas obras. A (nova) Câmara Municipal foi muito difícil porque eu e o Zé Maria Couto colocamos na cabeça do Juraci de que precisaria de uma obra nova. Eu fui o presidente (da Câmara) que conclui. Como também fiz a TV Câmara. Além do que tem até hoje como a Câmara nos Bairros, o departamento de Direitos Humanos, fiz as campanhas para que a Câmara recebesse críticas, o Câmara Escute. Ao longo dessa caminhada eu tive o apoio de muitos amigos. Comecei na época da Maria Luiza, depois Ciro Gomes, depois Juraci, Cambraia, Luizianne, Roberto e o Sarto. Eu comecei com o Sarto e por coisa do destino estou terminando com ele também.

OP - Como foi esse "fim" com o Sarto?

Mesquita - Ele que me botou na política e agora acabou me tirando também porque, enfim. Eu fui líder dele por quase dois anos e infelizmente com essa liderança eu nunca consegui uma audiência para discutir com ele alguma coisa. Ele dizia que era porque confiava em mim. Passei dois anos na liderança e esqueci de fazer o meu trabalho. E agora no final, o Sarto, por aquele episódio do Crio e do tratamento de oncologia, ele me tirou da liderança. Até hoje é uma mágoa que eu tenho muito grande dele porque naquele momento eu só defendi o Sarto. Eu fui 101% líder. Tirei toda a responsabilidade dele e botei para quem era o responsável, que era o Governo do Estado e a União. Eu fiquei meio chateado da forma como ele me tirou da liderança e a partir daí eu comecei a ser prejudicado em todos os aspectos no âmbito da Prefeitura. Agora no final do mandato todos os cargos que eu tinha na Prefeitura foram exonerados porque eu resolvi votar no Evandro e não no André.

OP - Com quais prefeitos o senhor teve a melhor relação? E com qual teve a pior?

Carlos Mesquita - Foi com o Juraci Magalhães. Apesar da cachacinha dele, foi uma relação muito boa. E depois dele, outra relação muito boa, embora não aparente, foi com a Luizianne, que até hoje é minha amiga. A gente se fala, onde se encontra é uma alegria, é uma pessoa maravilhosa. O Cambraia muito discreto, o Roberto Cláudio técnico com sua equipe técnica. Eu não diria a pior relação não, foi uma relação que a gente não teve muita conversa que foi com o Sarto. Porque ele não me recebeu em todo esse momento que eu tive como líder dele. Eu conversei com o prefeito em audiência duas vezes, não era uma audiência minha, mas do conjunto de vereadores do PDT. Morri de pedir audiência e não tinha. E mesmo assim eu nunca tive uma matéria que o Sarto tenha mandado e eu não tenha aprovado. Inclusive matéria difíceis como foi a Taxa do Lixo. Perdi muito voto por causa dessa Taxa do Lixo. A Taxa do Lixo derrotou o Sarto e toda a sua liderança, porque o único que se elegeu foi o PPCell porque é um comerciante muito abastado. O resto perdeu. Eu perdi, Iraguassú perdeu, o Didi perdeu. E o irmão do prefeito (Elpídio Nogueira) também perdeu. Quem estava encostado no Sarto mais próximo perdeu a eleição porque refletiu a coisa dele na gente. Mas eu não posso deixar de ser justo, não teve nenhum prefeito que tenha feito mais do que o Sarto. Infelizmente não soube capitalizar tantas obras e tantas ações. Nestes 36 anos de vereador, não teve nenhum prefeito que tenha feito mais do que o Sarto. Agora, comigo ele não foi muito bacana.

OP - Quais os seus planos futuros? Pretende voltar a política?

Mesquita - A princípio eu não sei. Vai depender muito de que missão vão me dar. Se o Evandro (Leitão) me der uma missão que me proporcione ser vereador novamente na reeleição dele, ótimo. Se não, tudo bem. Eu tô à disposição. Eu acho que sou um bom assessor para qualquer vereador e qualquer deputado, a qualquer prefeito e até ao governador, olhando para Fortaleza. Tenho bagagem para ajudar muito ainda, mas se por acaso não vier, vou ficar por ali se algum vereador da Câmara precisar de mim.

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