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Prefeito de Santa Quitéria exonerou servidores que levaram carro a traficante
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Prefeito de Santa Quitéria exonerou servidores que levaram carro a traficante

Ministério Público pede cassação e inelegibilidade de prefeito e aponta que Comando Vermelho teria agido para reeleger Braguinha. Servidores teriam ido ao Rio de Janeiro levar carro para membro da facção. Prefeito se defende
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PICHAÇÕES com ameaças a eleitores foram uma das formas de atuação do CV nas eleições de Santa Quitéria, conforme o MPE (Foto: Reprodução/Polícia Militar)
Foto: Reprodução/Polícia Militar PICHAÇÕES com ameaças a eleitores foram uma das formas de atuação do CV nas eleições de Santa Quitéria, conforme o MPE

O prefeito reeleito de Santa Quitéria, José Braga Barrozo, o Braguinha (PSB), diz que não autorizou viagem de servidores municipais para entregar um carro para o traficante apontado como chefe do Comando Vermelho (CV) em diversos municípios da Região Norte do Estado. Além disso, ele informa que exonerou os servidores envolvidos no caso. Santa Quitéria fica a 223 km de Fortaleza.

"O prefeito José Braga Barrozo, não teve ciência, benefício e muito menos prestou anuência a qualquer tipo de envolvimento de servidores públicos com membros de facção natural de Santa Quitéria, não autorizando a viagem mencionada na matéria que supostamente envolveria servidores", consta em trecho da nota enviada ao O POVO neste sábado, 28.

A manifestação de Braguinha ocorre após o Ministério Público Eleitoral (MPE) pedir a cassação e inelegibilidade dele e do vice-prefeito Francisco Gardel Mesquita Ribeiro, Gardel Padeiro (PP), por abuso de poder político e econômico ao apontar envolvimento deles com integrantes de uma facção criminosa com o objetivo de influenciar o voto dos eleitores e violar a normalidade e legitimidade do último pleito.

O prefeito considera a ação eleitoral "precipitada, na medida em que se baseia em conjecturas e presunções pessoais despiciendas de suporte probatório". Conforme a nota, a exoneração dos servidores envolvidos consta na edição do dia 20 deste dezembro do Diário Oficial do Município sob nº 0850.

Os suspeitos ainda não foram citados e, por isso, não apresentaram resposta à Justiça Eleitoral. Isso só deve ocorrer após o fim do recesso forense, em 6 de janeiro.

Servidores da prefeitura de Santa Quitéria, município do Sertão dos Crateús, teriam ido até o Rio de Janeiro (RJ) entregar um carro para o traficante Anastácio Pereira Paiva, conhecido como Doze ou Paulinho Maluco.

Conforme Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), apresentada pelo MPE no último dia 18 de dezembro, dois funcionários que ocupam cargos comissionados na prefeitura de Santa Quitéria foram até o Rio em 19 de julho deste ano.

O documento, ao qual O POVO teve acesso, afirma que Francisco Edineudo de Lima Ferreira e Francisco Leandro Farias de Mesquita partiram de Fortaleza a bordo de um veículo modelo Mitsubishi Eclipse Cross. Em 21 de julho, os dois regressaram ao Ceará de avião.

O carro foi encontrado em 17 de dezembro último em uma casa que pertenceria a Anastácio, na comunidade da Rocinha, durante operação que visava, justamente, prender o traficante e outros faccionados cearenses foragidos no Rio.

A representante do MPE menciona que Francisco Leandro foi preso em 2020, ocasião em que foi descrito como "motoristas da facção" e "responsável pelo transporte de drogas". A promotora afirma que "os fatos relatados e as provas apresentadas indicam que os candidatos acionados agiram em conluio com o crime organizado para obter sucesso nas eleições municipais".

O MPE também pediu a inelegibilidade dos dois eleitos, além da candidata a vereadora, à época, Kylvia Maria de Lima Oliveira (PP), e dos dois servidores suspeitos de participarem das atividades ilegais. Até o momento, eles ainda não foram citados pela Justiça Eleitoral.

Em abril de 2023, Braguinha chegou a ser afastado do cargo por 180 dias, por suspeitas de irregularidades em contratos da Prefeitura para limpeza pública e abastecimento de veículos da Prefeitura de Santa Quitéria. Em agosto daquele ano, porém, a Câmara Municipal votou pelo arquivamento do processo. Apesar da decisão do Legislativo, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) prorrogou o afastamento de Braguinha, que só retornou ao cargo em fevereiro deste ano.

Caso haja a cassação desta vez, a cidade poderá ter nova eleição.

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