Donald Trump afirmou que a brusca mudança da política de moderação de conteúdo da Meta, empresa matriz do Facebook, que inclui o fim do fact-checking (verificação digital) nos Estados Unidos, foi "provavelmente" motivada por suas ameaças contra o diretor-executivo da companhia, Mark Zuckerberg.
Em declarações à imprensa em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, o presidente eleito dos Estados Unidos expressou sua satisfação com a decisão da Meta, e quando questionado se ele acreditava que o anúncio teria sido uma resposta às suas ameaças a Zuckerberg, respondeu: "Provavelmente, sim".
No Brasil, o secretário de Políticas Digitais da Presidência da República, João Brant, disse que a Meta mostra que "topa servir de plataforma à agenda" de Trump.
"O anúncio feito hoje por Mark Zuckerberg antecipa o início do governo Trump", escreveu Brant em uma sequência de publicações na rede social X.
A decisão "explicita aliança da Meta com o governo dos Estados Unidos para enfrentar União Europeia, Brasil e outros países que buscam proteger direitos no ambiente on-line", acrescentou.
Além disso, "sinaliza que a empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital".
A luta contra a desinformação é um tema especialmente sensível no Brasil, onde a plataforma X, do magnata Elon Musk, teve o seu funcionamento suspenso por 40 dias no ano passado por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) ao não cumprir decisões judiciais.
No vídeo publicado nas redes sociais nesta terça, Zuckerberg fala de "cortes secretas na América Latina que podem ordenar silenciosamente as empresas" a eliminar conteúdo das plataformas digitais.
"É uma declaração fortíssima, que se refere ao STF como 'corte secreta'", opinou Brant.