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"Prefeito não pode se dar ao luxo de ser oposição"
Politica

"Prefeito não pode se dar ao luxo de ser oposição"

Glêdson Bezerra, prefeito de Juazeiro do Norte, faz gesto de aproximação com o Governo do Estado após embate nas urnas e desencontros depois delas. Ele reivindica parceria, comenta os desentendimentos e fala sobre os rumos da situação e da oposição para 2026
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GLÊDSON Bezerra, prefeito de Juazeiro do Norte (Foto: FERNANDA BARROS
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Foto: FERNANDA BARROS GLÊDSON Bezerra, prefeito de Juazeiro do Norte

Nas eleições municipais de 2020, a oposição no Ceará teve quatro grandes vitórias: Vitor Valim em Caucaia, Glêdson Bezerra em Juazeiro do Norte, Roberto Pessoa em Maracanaú e Marcelão em São Gonçalo do Amarante. Atualmente, só um permanece oposição.

Glêdson Bezerra (Podemos) chegou a ensaiar aproximação com o grupo no poder no Governo do Estado. Em 2022, apoiou Camilo Santana (PT) para senador e Fernando Santana (PT) para deputado estadual, embra tenha feito campanha para Capitão Wagner (União Brasil) para governador. Em 2024, esperava ter o apoio retribuído, o que não ocorreu. Fernando Santana se lançou contra ele. A situação, conforme Glêdson, afetou a relação institucional entre Prefeitura e Governo do Estado.

"A relação azedou quando do distanciamento entre Fernando Santana e eu", disse o prefeito em entrevista ao O POVO, durante visita a Fortaleza na última sexta-feira, 3, quando participou de evento com o governador Elmano de Freitas (PT), depois de atritos nas últimas semanas.

"Eu precisava estar aqui para dar esse gesto, de dizer que eu quero essa aproximação, Juazeiro precisa dessa aproximação e nós não vamos abrir mão dessa aproximação", afirmou o prefeito sobre a relação com o governador.

"Ela não é nem eu pretendo que seja uma relação político-eleitoral, do ponto de vista eleitoral partidário. Não é isso, não estou em busca de alianças políticas, eu estou em busca de alianças institucionais", reforçou Glêdson.

O prefeito atribui a Santana os ruídos na relação. "Patrocinaram, trabalharam de todas as formas, o Fernando Santana e o grupo que o acompanhava, para que essa relação institucional não acontecesse", afirmou Glêdson. "Deram um tiro que saiu pela culatra", afirma. E aposta que esse momento ficou para trás, assim como a eleição.

Juazeiro do Norte marcou a principal vitória eleitoral da oposição no Ceará. As outras foram de Oscar Rodrigues (União Brasil) em Sobral e Roberto Filho (PSDB) em Iguatu.

Ao longo dos últimos quatro anos, o agora ex-prefeito de Caucaia, Vitor Valim (PSB), tornou-se um dos principais aliados do Palácio da Abolição. Ele não concorreu à reeleição e viu ser eleito o antecessor e adversário, Naumi Amorim (PSD) — que integra a base governista estadual. Marcelão, que havia sido eleito pelo Pros de Capitão Wagner em 2020, desembarcou no PT e se reelegeu como governista. Roberto Pessoa (União Brasil), com a chegada de Elmano de Freitas (PT) ao Governo do Estado, deixou para trás as décadas de oposição e se tornou aliado.

Situação que Glêdson sintetiza: "Prefeito não pode se dar ao luxo de ser oposição, o candidato, sim".

Sobre a oposição, aliás, ele considera que não há hoje nenhum movimento para reunir as várias forças para 2026. "Eu acredito que essa união vai acontecer com naturalidade e, uma vez acontecendo, tem tudo para ser uma disputa muito acirrada", aposta. 

OP - Como foi o encontro com o governador Elmano?

Glêdson Bezerra - Ali foi muito rápido, mais no sentido de dar a mão ali. Oi, tudo bem. Ele disse: "Prefeito, vamos nos encontrar". Eu digo: "Ótimo, vamos nos encontrar. Tô aguardando ansioso". Ele disse: "Não, vai dar certo". Rapidinho ali.

OP - Depois teve outro encontro.

Glêdson - Depois eu falei com o Nelson Martins. Muito mais no sentido de boas vindas. Muito mais no sentido de dizer que está aberto ao diálogo. Já marcou data para um próximo encontro, que vai ser no dia 16 de janeiro. No próximo dia 16, eu estarei aqui, ele vai me receber já para eu trazer o que tem de pendência nessa relação nossa. Nós temos alguns convênios em andamento. Tem outras solicitações que nós vamos apresentar.

OP - Dia 16 será com o governador?

Glêdson - Dia 16 é com o Nelson ainda. O Nelson Martins, nesse dia 16, vai receber as nossas demandas. E aí ele vai preparar o terreno para que a gente converse com o governador em seguida. Provavelmente no começo de fevereiro, segundo ele. Pode ser depois de 16 de janeiro, logo em seguida, mas tudo indica que ele vai receber os prefeitos no início de fevereiro. Segundo o Nelson Martins, o governador pretende receber os prefeitos na primeira semana de fevereiro. Hoje, por ocasião da assinatura, o governador disse: "Eu vou receber todos os prefeitos, nas próximas semanas, vou mandar o convite para vocês". Então, casaram a informação que ele passou e a informação que o Nelson Martins passou para a gente.

OP - O governador chegou a achar que era birra o senhor não vir a uma agenda anterior, mas o senhor falou à rádio O POVO CBN Cariri sobre a dificuldade dos convites em cima da hora.

Glêdson - Hoje (última sexta-feira) inclusive foi assim. Eu cancelei as agendas de ontem, de hoje e o social de amanhã fica prejudicado também, porque se eu não conseguir viajar hoje, eu vou ter que dormir aqui novamente. E assim, não tem problema nenhum eu vir aqui, pelo contrário. O ruim é quando se chama assim. Eu estou a 540 quilômetros de Juazeiro, então nós temos problemas com voos. Eu ia gastar R$ 6 mil agora da Prefeitura de Juazeiros para estar aqui, coisa que se você falar com um pouquinho de antecedência, a gente se organiza melhor. Infelizmente aconteceu, mas eu precisava estar aqui para dar esse gesto, de dizer que eu quero essa aproximação, Juazeiro precisa dessa aproximação e nós não vamos abrir mão dessa aproximação. Ela não é nem eu pretendo que seja uma relação político-eleitoral, do ponto de vista eleitoral partidário. Não é isso, não estou em busca de alianças políticas, eu estou em busca de alianças institucionais. Quero que seja o mais fluido possível, mais respeitoso possível, mas parceiro possível. Tenho dito e repetido: o governador vai colocar o seu projeto a prova daqui a dois anos. muito provavelmente. Ele vai ser candidato a algum cargo e vai ser avaliado pelo que ele está fazendo. Juazeiro do Norte é uma cidade superimportante, de 200 mil eleitores. Como ele vai chegar para essa gente, dizendo que precisa do voto dessa gente, se ele não trabalhar agora em parceria com a Prefeitura de Juazeiro e fazer as entregas que o juazeirense tanto espera? Eu estou dizendo que ele (Elmano) sabe que vai ser assim, é um colégio eleitoral importante que irradia influência para a região do Cariri. Não tem o menor sentido continuar nesse embate. A campanha já acabou. Pessoas trabalharam para que houvesse esse distanciamento, isso é incontestável, isso é inegável. Mas passou. Eu fui reeleito. Quer queira ou não o grupo político que o acompanha, eu ficarei à frente do Poder Executivo de Juazeiro pelos próximos quatro anos. Nós precisamos dele enquanto o governador do Estado do Ceará, não tem por que esse distanciamento.

OP - Eu já vi muito prefeito ser eleito como oposição, mas governar como oposição é diferente. O senhor é um prefeito de oposição?

Glêdson - Eu trago comigo o seguinte raciocínio: prefeito não pode se dar ao luxo de ser oposição. O candidato, sim. No dia em que eu for para não o embate eleitoral, eu posso ser um opositor dele novamente, apresentar minhas ideias, minhas propostas e tudo mais. Mas, agora, eu não devo e não quero me comportar como opositor. Por quê? Porque a minha função é resolver problemas da cidade. Tem problemas históricos, problemas diários e Juazeiro sozinho, como nenhum município do Brasil, deve caminhar sozinho. Então, eu quero, sim, chamar o feito à ordem, chamar a responsabilização de cada ator, de cada agente político. O Governo do Estado, governador, ele tem obrigações. Não são favores a serem feitos para o povo de Juazeiro. Então, nós vamos aqui bater a porta, apresentar o que é que está acontecendo de problema, o que é que nós precisamos, destravar alguns convênios já encaminhados, inclusive. Já existentes. E quando ele atender, eu vou dar a devida publicização e informar à população que ele está trabalhando, está liberando os recursos, está fazendo tudo direitinho.

OP - Quais as suas prioridades?

Glêdson - Hoje nós temos três convênios. O do centro administrativo. Um convênio na ordem de R$ 11 milhões em que foi liberada a quantia de R$ 1,5 milhão para pavimentação e outro convênio, também na ordem de R$ 11 milhões em que foi liberado também R$ 1,5 milhão para a recuperação de prédios, dentre eles o Memorial Padre Cícero, um dos prédios mais importantes de Juazeiro do Norte ao lado da estátua. Inexplicavelmente, já estamos há um ano e meio sem liberação de recursos para concluir a reforma desse memorial. Então, mais até do que fazer novos pedidos, novos pleitos, o que também é um direito nosso, nós precisamos destravar o que já está em andamento. Eu fiz um acordo com o Camilo (Santana, então governador, hoje ministro da Educação) para que o Município de Juazeiro do Norte disponibilizasse uma área de terra que serviria para o estacionamento do teleférico que ele inaugurou lá na cidade de Juazeiro do Norte, e em contrapartida, ele daria o recurso para a construção do nosso centro administrativo. Juazeiro tinha um projeto, no governo Arnon Bezerra, com a CAF, Corporação Andina de Fomento, para a liberação de um recurso para a construção de um centro administrativo na cidade. Eu fui demovido dessa ideia de não dar sequência ao trabalho que o Arnon já tinha iniciado, sob a crítica inclusive do então governador Camilo. Então, nós fizemos o quê? Vamos fazer o centro administrativo onde funcionava o Vapt Vupt. O Governo do Estado ficou de liberar o recurso em troca desse estacionamento onde ia ser construído esse centro administrativo do projeto de Arnon. O terreno foi liberado para o governo, mas Juazeiro recebeu R$ 3 milhões, metade. Está faltando a metade para a gente construir nosso centro administrativo. Dispensa comentários da importância de ter um centro administrativo. Hoje funcionam várias secretarias em vários prédios alugados espalhados pela cidade. Nós precisamos desse centro administrativo. Foi um compromisso, foi um acordo, Juazeiro deu sua contrapartida. Então vou atrás disso. Tentar sensibilizar o governo acerca da importância tanto dos convênios do centro como também da pavimentação e dos prédios históricos.

OP - O senhor foi eleito em 2020 como oposição, aproximou-se do Camilo e em 2024 houve disputa. Essa ida e vinda pode atrapalhar a reaproximação ou mostra que é possível entendimento?

Glêdson - Atrapalhou acho que o que tinha de atrapalhar. Em especial agora por conta do momento eleitoral, que o Governo do Estado precisa dizer a que veio então. Quem vai ser colocado a prova agora vai ser o projeto do Governo do Estado. Tudo que aconteceu eu acho que eles têm consciência, isso é muito óbvio. Eles não chegaram onde chegaram à toa. Certamente eles sabem que precisam agora trabalhar. Deixar picuinhas, querelas politicas de lado e seguir adiante. A relação azedou quando do distanciamento entre Fernando Santana e eu. Fernando Santana tinha interesse em ser candidato a prefeito de Juazeiro do Norte, ele foi muito mal aconselhado e os seus conselheiros ou então ele mesmo resolveu achar que tentar me matar de inanição seria a melhor estratégia para tentar ganhar de mim uma eleição. Patrocinaram, trabalharam de todas as formas, o Fernando Santana e o grupo que o acompanhava, para que essa relação institucional não acontecesse. Tem coisas que não são publicáveis, mas nos bastidores algumas pessoas ligadas ao governo diziam: não sai porque eles não permitem, eles ficam conversando com o governador, estão atrapalhando essa sua ligação, esse recurso aqui está travado, esse Mapp (Monitoramento de Ações e Projetos Prioritários) não vai sair. Então não saiu. Essas pessoas aproveitaram, como estratégia eleitoral, tentar desgastar Glêdson e não apresentar para a população as entregas, ficou claro isso, ficou flagrante isso. Mas aí deram um tiro que saiu pela culatra. Porque a gente conseguiu fazer. Acho que já superou a pior parte.

OP - Em Juazeiro se fala sobre o senhor ser candidato a governador.

Glêdson - Minha intenção é concluir o meu mandato de quatro anos de prefeito. Inclusive, eu estava dando entrevista para o Luciano Cesário, colega de vocês, e ele disse: "Qual é a sua intenção?" Eu respondi: concluir o meu mandato de quatro anos. Aí ele disse: "E o governo?" E falei: "Eu tenho o sonho de um dia ser candidato a governador do Estado, mas um dia. Para agora, meu projeto, meu plano é concluir o meu governo de quatro anos. "Mas você descarta?" Não, política ninguém diz que dessa água eu não beberei. Existem muitas variáveis até lá. A aprovação que eu preciso ter primeiro para a minha gente, o povo de Juazeiro que me reelegeu. Se eu não combinar com o povo de Juazeiro, eu estaria traindo o povo da minha cidade. Primeiro ponto, tinha de ter aceitação por parte da população de Juazeiro para que isso acontecesse. E um segundo ponto, teria que ter uma baita conjuntura em nível estadual para que eu pudesse estar dentro de um projeto viável. Como isso não passa pela minha cabeça, e isso é determinante que seja posto, eu não vejo por ora essa condição construída para que eu saísse candidato daqui a dois anos.

OP - O que o senhor vislumbra para esse campo que o apoiou, esse campo de oposição?

Glêdson - É tudo muito incipiente. Aconteceu agora recente uma eleição. Particularmente, já me reuni, com comunicações telefônicas ou algum encontro pessoal, com alguns deles. Mas, eu não tenho visto nenhum tipo de movimento de agrupamento, de união dessas forças, que são muitas. Mas, eu acredito que ele vai acontecer em algum momento. Como não é minha prioridade a candidatura ao Governo do Estado, eu não tenho ensaiado passos no sentido de tentar agrupar essas pessoas. Quem aí tiver intenção de ser candidato pelo campo de oposição vai ter a nova missão de tentar juntar pessoas que hoje estão nesse campo de oposição. Eu acredito que essa união vai acontecer com naturalidade e, uma vez acontecendo, tem tudo para ser uma disputa muito acirrada, pela resposta do eleitorado nas últimas eleições. A minha avaliação é que o eleitorado está dando sinais claros de resistência ou um cansaço ao modelo de governo que já está aí. Temos um campo fértil de atuação para as oposições.

OP - O senhor segue no Podemos? Como está a relação?

Glêdson - Sim, a minha relação com o Podemos é diretamente com a (direção) nacional. Aqui eu me dou bem com os nossos dirigentes estaduais, mas a minha relação é de amizade particular com a presidente nacional do Podemos, a Renata Abreu. Ela tem uma identidade muito grande com a cidade de Juazeiro do Norte, por conta da construção familiar. O pai dela foi quem fundou o Centro de Tradições Nordestinas. José de Abreu, quando construiu o Centro de Tradições Nordestinas, passou para a Renata todo um sentimento de pertencimento, de carinho pelo povo do Nordeste. E Juazeiro do Norte é nordestino na veia, porque ali você recebe nordestino de todos os cantos. Ela tem essa identidade com Juazeiro. Ela já disse isso várias vezes, ter o prefeito de Juazeiro no partido para ela é a realização de um sonho. Nossa relação é muito fluida, muito tranquila. Podemos faz parte da base do governo em nível nacional. Em nível estadual, antes de ela passar o comando do partido para o Bismarck (Maia), ela me perguntou se eu tinha interesse em ficar à frente do partido. Eu estou muito envolvido com as questões de Juazeiro, eu disse a ela que não ia ter condições de cuidar do Podemos com o olhar que ele merece em nível estadual. Ela passou para o Bismarck, com quem eu também tenho uma relação muito tranquila, muito carinhosa. Eles são muito atenciosos comigo também, tanto o Bismarck como o Eduardo (Bismarck, deputado federal). Mas eu continuo com o Podemos tranquilamente.

OP - Os prefeitos de outras grandes cidades do Cariri são da base do governo. Isso prejudica a relação entre vocês?

Glêdson - Sinceramente falando, acho que não. Não prejudica de jeito nenhum. Eu não acho, não. Tenho certeza que não prejudica. Porque eu me dou muito bem com com os meninos, com os prefeitos de lá da região. Eu me dou muito bem com o Guilherme Saraiva (prefeito reeleito de Barbalha), eu o tenho na condição de um amigo, de um colega. O próprio Zé Ailton (ex-prefeito do Crato) eu me dava muito bem também, entrou agora o André (Barreto, prefeito do Crato), a gente também tem uma relação, digamos assim, de coleguismo, muito tranquila, muito suave. Com o Lorim, de Missão Velha, também. Enfim, a gente tem aproximado, a gente tem amigos em comum, a gente faz política ali na mesma região. Essa relação é muito tranquila. O que a gente percebe é que há uma fragmentação natural não por conta de diferença partidária, mas não há essa união por parte dos prefeitos em prol da discussão de interesses comuns da região. Mas não por conta de divergências. Às vezes, até no início de mandato é comum, acho que vai acontecer novamente, haver encontros, esse diálogo em torno dos assuntos que são comuns à nossa região. Mas eu acredito que nós precisamos de uma articulação em nível de governo. Disse isso desde o primeiro mandato, a gente precisa de um articulador regional que junte esses prefeitos, se não cada um começa a se envolver nos seus problemas do dia a dia e a gente acaba se distanciando.

OP - A população de Juazeiro está vivendo uma realidade diferente, primeira vez tem um prefeito reeleito. Como o senhor convenceu o eleitor e como fará para que não se arrependa?

Glêdson - O convencimento se deu por a gente fazer uma politica diferente. Diferente de quê? De proselitismos desnecessários, o famoso vender seu peixe com ajeitado político, com conchavo político, cedendo a determinados caprichos, pressões. Nós chegamos e dissemos: vamos mudar esse jeito de fazer política na nossa cidade. As alianças são importantes, obviamente que sim, mas elas ficam no segundo plano. Qual é a primeira importância? A entrega, o resultado, a prestação de contas, a transparência, o zelo com dinheiro público. Isso para nós é bandeira, inafastável. Essa pegada, esse trabalho vem na frente. Quem consegue compreender nossa intenção e agregar ao projeto, ok. Se não, não fica com a gente. Aí o povo percebeu essa nossa boa vontade, viu que nós temos entregas jamais vistas nos últimos anos, sem nenhum tipo de falsa modéstia. A gente entregou mais, muito, 145 obras para termos os melhores indicadores da história de Juazeiro nas últimas décadas. E o povo deu a resposta.

Roberto pregou fim dos palanques após derrotar neopetista

O município de Iguatu, distante 388,82 km de Fortaleza, enfrentou uma das disputas mais acirradas em todo o Ceará em 2024. Em certo momento chegaram a estar concorrendo ao cargo de prefeito seis candidatos — o maior número depois da capital, Fortaleza. Houve, porém, um indeferimento e uma desistência.

A concorrência principal acabou sendo era entre Ilo Neto (PT), candidato apoiado pelo bloco governista do Estado como o ministro da Educação, Camilo Santana (PT) e o governador Elmano de Freitas (PT), e Roberto Filho (PSDB), que acabou agregando as principais forças de oposição.

Numa apuração parelha, por pouco mais de dois mil votos, o tucano venceu a eleição e conquistou uma vitória celebrada por opositores da gestão petista cearense. Apesar do triunfo sobre a força da máquina do PT, o prefeito pregou fim dos palanques.

"Minha intenção desde o início é acabar com essas picuinhas políticas e desarmar os palanques. Iguatu sofreu muito porque sempre após a eleição os palanques continuaram armados e as pessoas disputando e atrapalhando umas às outras. O que pretendo fazer é um momento de tranquilidade, união. Hoje fomos eleitos contra o candidato do Governo do Estado, mas isso não significa que o governo não vai apoiar o Iguatu", disse em entrevista ao O POVO no fim de outubro.

Apesar da posição contrária ao então concorrente petista, Roberto afirmou ter a certeza de que as demandas solicitadas por sua gestão serão atendias pelo governo Elmano de Freitas. O tucano aposta também de apoio federal como o do deputado federal Danilo Forte (União Brasil).

"Tenham certeza que vamos demandar junto ao governo e que seremos atendidos. Meu trabalho vai ser esse, de trazer desenvolvimento com o apoio de todos que querem trazer isso para o Iguatu. Tanto do Governo do Estado, quanto do Governo Federal e de quem tirou voto. Além disso, o deputado Danilo Forte, com quem estive em Brasília, já garantiu alguns recursos que virão já empenhados esse ano para serem repassados no ano que vem. Dessa forma, desmontando palanques e conclamando todos que querem o bem", completou na ocasião.

Na eleição em Iguatu, a base governista estadual se dividiu. O apoio de Elmano a Ilo foi retribuição ao pai do candidato, o ex-prefeito e deputado estadual Agenor Neto (MDB), pela adesão na eleição de 2022. Agenor e o filho eram adversários do PT no Município. Em 2024, Ilo concorreu pela legenda petista.

O ingresso na sigla levou à desfiliação do tradicional filiado do partido, Sá Vilarouca, que migrou para outra sigla da base de Elmano, o PSB, que passou a abrigar os aliados do senador Cid Gomes. Vilarouca foi candidato, ,as viu aliados migrarem para o palanque de Roberto Filho, que se mostrou a mais viável alternativa ao grupo de Agenor.

Em Sobral, Oscar aposta em bom relacionamento com Elmano

Oscar Rodrigues (União Brasil) se elegeu prefeito de Sobral ao vencer a ex-governadora do Ceará, Izolda Cela (PSB), no reduto eleitoral da família Ferreira Gomes que foi para o pleito rachada devido ao rompimento entre Ciro Gomes (PDT) e os irmãos.

A vitória da oposição foi um baque principalmente para o senador Cid Gomes (PSB), líder do grupo político que terminou os 28 anos de poder em Sobral, mas também para a base do Governo Estadual.

O ex-prefeito Ivo Gomes (PSB) passou por estremecimentos na reta final do mandato, tanto pela polêmica Taxa do Lixo como atritos com o PT no município. Apesar disso, a sigla que governa o país e o Ceará formou chapa com Izolda, o que foi insuficiente para superar o desgaste e continuar por mais quatro anos no poder.

Oscar é filiado ao União Brasil, presidido por Capitão Wagner, uma das principais vozes da oposição no Estado, e fez campanha para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022. Embora tenha isso no currículo, Rodrigues tem feito acenos e sinalizado ao Executivo.

Como deputado estadual, Oscar não se destacou por feito críticas ou ter se oposto ao governador Elmano de Freitas (PT). Desde a vitória nas urnas, o prefeito de Sobral afastou ainda mais a tese de rivalidade com o Executivo, também com auxílio do filho, o deputado federal Moses Rodrigues (União Brasil), que tem bom trânsito com a gestão do PT.

Na posse em 1° de janeiro, Oscar ressaltou nunca ter tido problemas com o Governo do Estado e lembrou da necessidade de parcerias e boa relação com a gestão petista, tendo a certeza de uma reciprocidade.

"Quanto ao Governo do Estado, nós nunca tivemos nenhum problema, passei dois anos como deputado estadual e nunca tivemos nenhum problema. Logicamente, a cidade de Sobral está precisando de muita ajuda e nós vamos nos dirigir até o governador procurando soluções, afinal ele é governador de 184 cidades e Sobral não pode estar fora do mapa de atuação. Como ele é uma pessoa muito decente, acredito que ele vai nos atender para fazermos uma excelente gestão em Sobral", afirmou o prefeito ao assumir o mandato.

Ao mesmo tempo, Oscar fez declarações de que o filho, Moses Rodrigues, será candidato a governador em 2026.

Cenário

Na maior parte do Ceará, os prefeitos são da base governista. A disputa que mais se repetiu foi entre PSB e PT, com governistas dos dois lados

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