Presidente interino do PDT, o deputado federal André Figueiredo negou que haja qualquer conversa com o PT sobre formação de uma federação, já pensando nas eleições de 2026.
"Nada, nenhuma (conversa)", respondeu o pedetista ao O POVO nesse domingo, 26. Embora rompidos no Ceará, onde apoiaram candidatos diferentes em 2022 e 2024, PDT e PT estão na base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dirigente de honra da legenda trabalhista, Carlos Lupi é ministro da Previdência. No ano passado, tanto ele quanto Figueirado apoiaram, no segundo turno, o representante do PT, Evandro Leitão, na briga pela Prefeitura de Fortaleza.
A proximidade do pleito do ano que vem, no entanto, tem colocado uma saia-justa para o partido de Brizola: a posição do ex-governador Ciro Gomes, ainda a principal liderança da agremiação hoje.
Candidato derrotado em 2018 e 2022, Ciro mantém discurso crítico ao Planalto. Caso uma federação fosse de fato formalizada entre as duas forças políticas, sua permanência no PDT estaria sob risco.
A preço de hoje, Ciro, porém, não seria candidato ao Executivo em 2026, sobretudo depois do mau resultado da última corrida nacional, na qual ficou em quarto lugar, atrás de nomes como o de Simone Tebet (MDB), senadora e hoje ministra.
Localmente, contudo, o grupo de Ciro segue com postura opositora. Aliado do ex-ministro, Roberto Cláudio (PDT), por exemplo, é cotado para postular o Governo do Estado contra Elmano de Freitas, governador do PT.
Na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), ao menos três nomes do partido não integram a base do Abolição — os demais, ainda pedetistas, têm filiação ao PSB já marcada para o dia 7 de fevereiro, em evento capitaneado pelo senador Cid Gomes, que cortou relações com o irmão.
Líder do governo Lula na Câmara, o deputado federal José Guimarães (PT) não chega a descartar uma composição entre PDT e PT, mas diz que esse tópico não está sendo trabalhado neste momento.
"O PDT está discutindo nacionalmente para em 2026 apoiar o Lula, em aliança conosco, mas não fizemos discussão sobre federação", respondeu.
De acordo com pedetistas, o partido vem procurando vias alternativas para contornar dificuldades de alcançar a cláusula de barreira. Uma delas seria exatamente constituir federação, seja com o PT, seja com PSB ou outra sigla.
Há receio, todavia, de que, em caso de parceria formal com o PT, a agremiação acabe por se submeter totalmente ao gigantismo da sigla, hegemônica no campo da centro-esquerda.