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Mauro Cid delata que generais cearenses integravam alas "moderada" e "radical" no plano de golpe
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Mauro Cid delata que generais cearenses integravam alas "moderada" e "radical" no plano de golpe

Os generais Estevam Theophilo e Paulo Sérgio foram citados em delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid a Polícia Federal (PF) como integrantes do núcleo mais duro de apoio a Bolsonaro
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Generais Paulo Sérgio Nogueira e Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira foram indiciados pela PF por tentativa de golpe (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil; Alberto César Araújo/Aleam)
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil; Alberto César Araújo/Aleam Generais Paulo Sérgio Nogueira e Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira foram indiciados pela PF por tentativa de golpe

Após vir à tona o depoimento incluído no anexo da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), ficou mais clara a participação de aliados do ex-presidente na trama golpista montada após a derrota nas eleições de 2022. Entre os integrantes da intentona, se destacam dois generais cearenses: o general Estevam Teóphilo, que era chefe do Comando de Operações Terrestres (Coter), e o general Paulo Sérgio, ministro da Defesa na época.

Dentro do núcleo duro próximo de Bolsonaro, havia os mais moderados, os conservadores de linha política e os mais radicais, que defendiam medidas e insinuavam uma trama golpista para garantir a permanência no poder. Cid cita Paulo Sérgio como membro do grupo moderado e, em outro momento, como alguém "menos radical" de uma ala mais dura e radical. Já Teóphilo seria apenas da ala moderada. 

De acordo com a delação, apesar de não concordar com certas prisões e considerar abusos jurídicos do Supremo Tribunal Federal (STF), ambos entendiam que nada poderia ser feito com a derrota na eleição e qualquer outro movimento seria golpe armado e que representaria um regime militar por mais 20 ou 30 anos.

O grupo dos "moderados" era composto por generais da ativa que tinham mais contato com Bolsonaro e, segundo Mauro Cid, eram as pessoas que o ex-presidente mais gostava de ouvir. "Esse grupo temia que o grupo radical trouxesse um assessoramento e levasse Bolsonaro a assinar uma 'doideira'. Havia um grupo de moderados que entendia que o presidente deveria sair do país", disse o tenente-coronel.

O general cearense Paulo Sérgio também integrava uma subdivisão "menos radical" do grupo mais radical, que tinha como foco achar possíveis fraudes nas urnas eletrônicas, se colocava a favor de um "braço armado" nas eleições e queria que Bolsonaro assinasse um decreto, na confiança de ter apoio popular.

O ex-presidente criou uma "Comissão de Transparência" para buscar as supostas fraudes e pressionava por atuação mais contundente de Paulo Sérgio. A comissão também era composta pelo ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazzuello, e pelo presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto. 

O ex-chefe da República repassava as possíveis denúncias para Pazzuello e Paulo Sérgio para que fossem apuradas. O grupo tentava encontrar algum elemento concreto de fraude, mas a maioria dos possíveis problemas detectados era explicada por questões estatísticas.

Os dois generais cearenses aparecem na lista de pessoas indiciadas pela Polícia Federal (PF) no inquérito que investigava a suposta tentativa de golpe para manter Bolsonaro no poder. Bolsonaro, Mauro Cid e outras 35 pessoas foram indiciadas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. O relatório final do inquérito tem mais de 800 páginas e foi entregue ao STF. 

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