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Pelo menos dois cearenses estavam entre deportados que chegaram a Fortaleza
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Pelo menos dois cearenses estavam entre deportados que chegaram a Fortaleza

| Lar | Grupo de 111 brasileiros desembarcou em Fortaleza vindo em voo que partiu dos Estados Unidos
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PARTE dos deportados permaneceu em Fortaleza. A maior parte seguiu para Confins (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR PARTE dos deportados permaneceu em Fortaleza. A maior parte seguiu para Confins

Pelo menos dois cearenses estavam no avião que chegou ao Brasil nesta sexta-feira, 7, trazendo 111 deportados dos Estados Unidos. A aeronave com o grupo pousou em Fortaleza às 16h7min, onde alguns familiares e amigos já aguardavam, ansiosos, pela chegada dos repatriados. 

O POVO conversou com a mãe de um dos deportados, que pediu para não ser identificada. Ela relatou ter vivido momentos difíceis nos últimos dias e conta que o filho, natural do Ceará, há três anos morava nos Estados Unidos, onde trabalhava no ramo da construção civil.

"Ele estava tão feliz", afirma. No dia 2 de janeiro deste ano, contudo, o homem acabou sendo detido pela polícia e passou pelo processo de deportação, chegando ontem ao Ceará. Enquanto ele não aparecia, a mãe olhava apreensiva para a área de desembarque, buscando pelo rapaz. "Todo mundo que vai ser deportado dos Estados Unidos é bandido? Não, não é não", defendeu.

Próximo a ela, uma história semelhante. Outra mãe aguardava pela chegada do filho. Ela também pediu para não ser identificada. O homem saiu do Ceará para tentar a vida no país estrangeiro há cerca de quatro meses, como conta. "Ele foi trabalhar, a procura de uma vida melhor, foi tentar a vida lá, mas infelizmente não deu certo. O sonho acabou indo embora", conta a mãe.

Apesar de as duas famílias apontarem a existência de cearenses no meio do grupo, os órgãos governamentais que organizaram a operação não confirmaram a quantidade de pessoas naturais do Ceará entre os deportados. Este é o segundo voo com brasileiros enviados dos Estados Unidos. Fortaleza foi escolhida como primeiro pouso desse grupo de deportados para encurtar o tempo que os brasileiros passassem, sujeitos a viajar de volta ao país algemado, como registrado no voo anterior. 

Em coletiva, a secretária de Direitos Humanos do Ceará, Socorro França, confirmou o uso de algemas nos deportados e informou que havia "muitas crianças" no voo, mas não precisou a quantidade. "Não foi fácil recebê-los aqui, porque eles estavam acorrentados. Eles estavam com algemas, mas, quando eles desceram do avião, já vieram totalmente livres", disse.

Ainda conforme a titular, o governo prestou apoio às famílias com alimentos e produtos de higiene íntima para as mulheres, além de atendimento psicológico.

Além dela, a secretária da Diversidade do Ceará, Mitchelle Benevides, comentou o clima de "muita pressão psicológica" sobre todo o grupo de deportados.

"[Repatriados ficaram com] muita insegurança de onde, como vão chegar aqui. Sem o celular, sem ter contato direto com a família, porque o celular é confiscado, o celular só foi entregue aqui", apontou.

Já Edilson Santana, titular do ofício regional de Direitos Humanos da Defensoria Pública da União (DPU), contou que a entidade esteve "atenta a eventuais violações de direitos humanos que possam ter ocorrido". "Nós vemos com preocupação as condições com que as pessoas foram conduzidas até o Brasil", disse. 

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