Nos corredores do Planalto, o que se diz é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende realizar uma reforma ministerial, e que ela ocorreria de forma fatiada. A primeira parte, que deve ser concluída até o Carnaval, teria foco nos gabinetes do Palácio do Planalto.
Após ter trocado Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), uma mudança dada como certa seria a troca do ministro Márcio Macêdo pela deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) na Secretaria-Geral do Planalto, entrando na cota pessoal do presidente.
Os partidos do Centrão reivindicam a Secretaria de Relações Institucionais, o que pode fazer com que Lula realoque Alexandre Padilha para a Saúde, hoje ocupada por Nísia Trindade. O ex-ministro Arthur Chioro seria outro nome bem cotado para a Saúde.
Uma segunda etapa da reforma ministerial do governo Lula 3 deve estar focada nos ministérios ocupados hoje por políticos do Partido dos Trabalhadores. Três estão na mira do presidente, Ministério das Mulheres, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Caso as Relações Institucionais permaneçam sob o comando de um nome do PT, é possível que Wellington Dias deixe o Desenvolvimento Social para dar espaço a um nome do Centrão. Também está na mira uma mudança no Ministério das Mulheres. Assim, Cida Gonçalves (Mulheres) pode ser substituída por Luciana Santos (PCdoB), que seria retirada do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.
O deputado federal cearense José Guimarães (PT-CE) é cotado para assumir vaga na Secretaria de Relações Institucionais. Também cotado para a presidência do partido, Guimarães assumindo a secretaria poderia abrir espaço para que o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, comande o partido.
Outra possibilidade seria a de Jaques Wagner (PT-BA) assumir a pasta, o que acabaria abrindo uma vaga na liderança do Senado.
Uma terceira fase chegaria com Lula mexendo em pastas ocupadas por partidos aliados. O ministério da Agricultura e Pecuária, hoje chefiado por Carlos Fávaro (PSD), é um grande desejo do Centrão, podendo acabar nas mãos do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Outros ministérios que podem ter mudanças seriam o da Pesca, de André de Paula (PSD) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Apesar de alguns aliados próximos entenderem que as mudanças devam acontecer logo, preferencialmente antes do Carnaval, Lula afirmou não ter pressa. "Não tenho pressa, não tenho data, e, sim, e vou fazer ajustes quando eu achar necessário fazer ajustes", declarou em entrevista a uma rádio de Minas Gerais, no início da semana.
Além de despistar, Lula tem dado sinais dúbios aos aliados mais próximos sobre a reforma ministerial que pretende fazer. O objetivo seria o de testar as possibilidades, ensaiar mudanças, com vazamento de informações para avaliar o impacto que elas teriam.
Antes de qualquer definição de como o Centrão será reacomodado no governo, Lula deve aguardar indicativos dos novos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Alcolumbre já tem indicações anteriores e sinaliza interesse em algumas mudanças de peças, enquanto Motta, que está chegando agora ao cargo, deve apresentar suas cartas nos próximos dias.