As forças de oposição que se reuniram no segundo turno da eleição para prefeito de Fortaleza tiveram encontro na Assembleia Legislativa (Alece), nesta quarta-feira, 12. Capitão Wagner (União Brasil) e Roberto Cláudio (PDT) estiveram com os deputados estaduais que fazem contraponto ao governo de Elmano de Freitas (PT) e aproveitaram para emitir uma mensagem política de nascimento de um bloco.
Segundo os participantes, o encontro foi casual e não estava marcado, mas convergiu com a tentativa de uma aliança entre forças diferentes para as eleições de 2026. Há intenção de voltar a reunir o grupo na próxima semana, em café da manhã com a presença de André Fernandes (PL), candidato apoiado pelo bloco no segundo turno contra o hoje prefeito Evandro Leitão (PT). A intenção é ter também a presença do ex-governador Tasso Jereissati (PSDB). "Na próxima semana teremos algo mais concreto", disse Wagner.
Estavam presentes, no encontro de ontem, deputados bolsonaristas, como Carmelo Neto, presidente estadual do PL, e Dra. Silvana (PL), além dos pedetistas Lucinildo Frota, Antônio Henrique, Queiroz Filho e Cláudio Pinho, e de Felipe Mota e Sargento Reginauro, do União Brasil, aliados a Wagner.
A linha do bloco é voltada para atacar e criticar o PT. Em entrevista no dia, Wagner foi mais comedido e destacou nas articulações da aliança oposicionista. Já Roberto deu a tônica do discurso antipetista.
O ex-prefeito de Fortaleza fez críticas não só ao governo Elmano, como é habitual desde 2023, mas também em tom mais direto ao do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Vamos lá, dois anos do governo Lula, qual é a ideia, qual é o orçamento, o que é que foi feito para combater o poder crescente da criminalidade no Brasil?", questionou.
“E o espelho disso é o governo aqui do Estado do Ceará, frágil, cercado de uma equipe em média também tão frágil quanto incapaz de segurar o espiral de decadência em diversas dimensões, moral, política, social e econômica”, completou o ex-prefeito.
Roberto Cláudio estava na Assembleia para reunião com a bancada estadual do PDT, no gabinete do deputado Queiroz Filho. Ao ser informado de que Wagner estava no plenário, pediu emprestada uma gravata, para cumprir a norma de vestimenta do recinto e viabilizar o encontro.
O ex-prefeito falou dos resultados eleitorais de 2024, a começar por Fortaleza. "Uma candidatura de oposição quase, por muito pouco, não ganha a eleição, com todo uso de máquina de todos os poderes, forças sobrenaturais, naturais, possíveis e impossíveis, que o PT utilizou aqui", falou em referência ao desempenho de André Fernandes contra Evandro.
Para o ex-prefeito, trata-se de "sinais do fim de um ciclo de satisfação popular com o projeto". "Há uma inegável frustração do povo com a agenda do PT, que é uma agenda do passado, uma agenda de ameaça. Não é uma agenda de vanguarda, não é uma agenda de mudança".
Nas palavras do pedetista, a obrigação da oposição é justamente catalisar essa frustração e decepção com o PT e construir o que chamou de um “projeto de esperança”. "É por isso que a oposição está unida, com diferenças que temos, unida com opiniões eventualmente diferentes que possamos ter a respeito de diversos temas, mas porque o Ceará está precisando dessa união", apontou.
Os nomes e posições ainda não foram definidas, mas André, Capitão e RC deverão ser candidatos em 2026, quando vagas para deputado estadual, federal, senador e governador estarão em disputa.
"A primeira coisa é colocar de lado qualquer interesse pessoal, seja meu, do André, do Roberto ou de qualquer liderança. Se tivermos convencimento de que a chapa única é o melhor caminho, podemos viabilizar, com tempo de TV, estrutura partidária e que fará frente ao grupo no poder", disse Capitão Wagner.