O PDT promoveu encontro de filiados nesta sexta-feira, 14, para debater o futuro do partido. Além de perder a Prefeitura de Fortaleza, já que José Sarto (PDT) não foi reeleito, a legenda enfrentou ainda a partida de grupo de deputados estaduais, entre titulares e suplentes, que seguiram o senador Cid Gomes (PSB) e rumaram para o PSB.
Na quinta-feira, 13, O ministro da Previdência, Carlos Lupi, e o presidente interino do PDT, o deputado André Figueiredo, foram recebidos pelo governador Elmano de Freitas (PT) e, além de pauta oficial, falaram em "iniciar um diálogo de parceria entre o PDT e o Governo do Estado", segundo André publicou nas redes sociais. Na manhã desta sexta, ambos foram recebidos no Paço Municipal pelo prefeito Evandro Leitão (PT). O partido tem filiado na Prefeitura.
O encontro aconteceu na sequência de divisões no partido quando ao apoio a Evandro e Elmano. O ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT) prega postura de oposição e se articula com Capitão Wagner (União Brasil) e parlamentares do PL. Divergências, inclusive, foram motivo da saída de deputados da sigla, já que o grupo queria que o PDT fosse apoiar a gestão petista no Estado.
Sobre a posição oficial, Lupi afirmou que o momento é de debate e as pessoas são livres para expressar ideias. "Estamos num partido democrático. Discussão, debate, posição de cada um. Depois da decisão tomada, todo mundo tem de seguir a decisão que a maioria quiser", disse em entrevista coletiva antes do almoço. "Eu vou seguir a maioria, debater e depois tomar a decisão".
Porém, o principal dirigente pedetista tem uma premissa: "Jamais estaremos com a direita. Meu papel é conversar, dialogar e tentar convencer. Se eu não conseguir, vai chegar o momento da decisão. E essa é uma decisão, cada um vai seguir seu rumo".
Lupi, entretanto, parte de uma premissa. "O PDT não irá apoiar candidatura de direita, quer seja no Ceará, quer seja em qualquer unidade da federação. Não é decisão minha, é decisão estatutária".
O ministro reforçou: "Para a direita não há hipótese de esse partido ir. Jamais o PDT apoiará um candidato da direita, quer seja no Ceará, quer seja em qualquer unidade da federação".
Lupi explicou a posição: "Pelo que significa a luta pela democracia, o que significa a manutenção da nossa história, modesta, uma biografia modesta porque sempre teve um lado. O torturado jamais fica ao lado do torturador. Quem sofreu o que nós sofremos na época da ditadura, regime de arbítrio, autoritarismo, cassação, exílio, jamais poderá estar ao lado dos herdeiros desse pensamento".
Ele admite, porém, receber apoio de partidos do campo conservador. "Com a direita nós não iremos. Poder nos apoiar, aí é outra discussão. Piloto do caminhão tem der ser nós. Na boleia pode vir quem quiser".
Lupi fez elogios a Roberto Cláudio como líder político e voltou a se referir a ele como "melhor prefeito da história de Fortaleza". Porém, divergiu do apoio do ex-prefeito ao bolsonarista André Fernandes (PL) no segundo turno da eleição de 2024. "Acho que ele errou nesse posicionamento".
Lupi lembrou que a posição inicial do partido foi de neutralidade na disputa entre Evandro Leitão e André Fernandes. Depois que Roberto Cláudio anunciou apoio ao candidato do PL, tanto André Figueiredo quanto Lupi anunciaram apoio a Evandro. Posição, informou Lupi nesta sexta, tomada devido ao posicionamento de RC.
Apesar disso, o presidente nacional licenciado relativizou. "Acho que ele (Roberto Cláudio) tomou uma posição errada naquele momento, mas ninguém está condenado, nós não somos um tribunal de inquisição, nós não vamos condenar a pessoa: 'Está condenado para sempre'. Não existe isso".
Lupi expressou o desejo de que Roberto Cláudio permaneça no PDT. "Vamos trabalhar para manter o Roberto. Acho ele uma liderança imprescindível".
Quanto a Ciro Gomes (PDT), Lupi disse que o ex-ministro não tomou posição no segundo turno, diferentemente do que afirmou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que alegou que Ciro aderiu a André Fernandes. Lupi destacou que Ciro não fez manifestação pública a favor de nenhum dos dois e seguiu o que era a posição inicial do partido. "Eu não cuido de bastidor", disse ao ser questionado se Ciro teria atuado nas articulações.
O ministro se referiu a Ciro como amigo e descartou chance de saída dele do PDT. "Continua (no partido) e não vai sair nem expulso. Quem é que vai expulsar? Não sai nem expulso".
Pedetistas defendem candidaturas próprias
Membros do PDT almoçaram nesta sexta-feira, 14, com o ministro Carlos Lupi e o presidente nacional interino, André Figueiredo, para um primeiro encontro desde as eleições de 2024. Na ocasião, a sigla iniciou conversas mais informais sobre qual postura adotar em relação aos governos do PT no Ceará e o cenário de 2026.
Presentes no almoço defenderam que a sigla tenha candidaturas nas principais disputas do pleito para o próximo ano, como Governo e Senado Federal. Além disso, foi destacado que o partido brizolista forme uma composição competitiva para as cadeiras de deputado estadual e federal.
Por parte de Lupi e André Figueiredo, não houve uma manifestação explícita de que o PDT deva ser base ou oposição às gestões. O ministro, inclusive, deixou claro que tais decisões deverão partir de um entendimento das instâncias locais, e não partirá de um direcionamento nacional.
Presidente licenciado, Lupi disse que, caso RC decida concorrer a governador, não haverá resistência da sigla, e que outros nomes da oposição e direita podem compor uma aliança. (Guilherme Gonsalves)
Sarto:"Estou no partido para qualquer serviço"
Aos poucos, o ex-prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT) tem voltado publicamente para a política. Após fazer postagem em seu aniversário na quinta-feira, 13, pedetista foi um dos que participou de encontro do partido na sexta-feira, 14.
O ex-prefeito Sarto disse que tem participado das reuniões de articulação da oposição. "A gente está sempre se encontrando e conversando".
Questionado sobre perspectivas de voltar a ser candidato, ele demonstrou disposição. "Estou dentro do partido para qualquer serviço".
Indagado se a possibilidade vale inclusive para 2026, Sarto respondeu: "Inclusive para qualquer dia e ano".
Antes de ser prefeito de Fortaleza, ele foi vereador duas vezes, tendo presidido a Câmara Municipal de Fortaleza. Foi deputado estadual por sete mandatos consecutivos e presidiu a Assembleia Legislativa (Alece). (Guilherme Gonsalves)
Ex-prefeitos defendem PDT na oposição
Os ex-prefeitos de Fortaleza José Sarto e Roberto Cláudio participaram do almoço na tarde desta sexta-feira, 14, com os dirigentes nacionais do PDT. Sarto estava ausente de articulações políticas desde que deixou a Prefeitura, em 1º de janeiro. Ele havia se manifestado publicamente pela primeira vez na véspera, dia do aniversário dele, para comemorar o arquivamento do procedimento que acompanhava a transição em Fortaleza.
Roberto Cláudio disse que o encontro foi um bate-papo "amigável e respeitoso". "Como é o estilo do nosso presidente Lupi". Estavam presentes deputados, vereadores, militantes de movimentos e membros de diretório do PDT.
"Um papo que a gente precisava ter desde a última eleição de 2024. Foi muito mais um encontro do que uma reunião formal do partido. As pessoas conversaram muito mais pessoalmente durante o encontro", relatou Roberto Cláudio.
Houve discursos de recepção de André Figueiredo, Lupi e Roberto Cláudio. Além da saudação aos amigos, RC relatou que também fez uma consideração crítica sobre o grupo que comanda o Ceará e defendeu a construção de alternativa pelo partido.
"Deixar a mensagem da preocupação que nós temos hoje com o que está acontecendo no Ceará. Em especial com essa hegemonia política do PT aqui, que não tem gerado nenhum tipo de resultado favorável. muito mais uma decadência moral, política, econômica e social em qualquer indicador que se olhe. E a necessidade de o PDT estar preocupado com o futuro do Estado, não só com a eleição de 2026, e a construção de uma aliança e projeto político de alternativa ao PT.
O ex-prefeito Sarto reconheceu haver posições divergentes em relação ao Governo do Ceará. "Em toda grande família sempre há divergências, mas são divergências que a gente procura contornar visando o bem do Estado do Ceará", afirmou.
Ele manifestou posição em sintonia com Roberto Cláudio. "Eu particularmente defendo uma posição crítica, sem ser odienta, sem ser passional, mas a gente tem de observar os indicadores que o Estado está tendo".