Lideranças da oposição no Ceará, Capitão Wagner (União Brasil), Roberto Cláudio (PDT) e André Fernandes (PL) têm encontro previsto nesta terça-feira, 18, durante café da manhã, na Assembleia Legislativa do Estado (Alece).
A intenção do trio é discutir inicialmente a formação de um bloco de parlamentes na Casa, mas também a composição de uma possível aliança para as eleições de 2026, quando planejam uma chapa para disputar a sucessão do governador Elmano de Freitas (PT).
Ao O POVO, Capitão Wagner confirmou o compromisso do que pode ser uma frente. Segundo ele, "o foco" é a discussão do trabalho de deputados e deputadas em 2025, ano importante para as articulações oposicionistas.
No segundo turno de 2024, o ex-candidato ao Paço Municipal apoiou Fernandes contra Evandro Leitão (PT) na corrida pela Prefeitura de Fortaleza, vencida pelo petista. Roberto Cláudio, fiador da reeleição de José Sarto (PDT), também engrossou a campanha do deputado federal bolsonarista, derrotada por Evandro pela margem mais estreita entre as capitais no Brasil.
Esse mesmo grupo, à exceção de Fernandes, se encontrou na semana passada, também no Legislativo. Entre os presentes, estavam os deputados estaduais Sargento Reginauro (União) e Carmelo Neto (PL).
A expectativa do entorno dessas lideranças é que essa conversa mais recente e a de amanhã comecem a consolidar uma chapa para o ano que vem. A preço de hoje, há disposição tanto de Wagner quanto de RC para acertar uma parceria para o próximo pleito.
A dúvida é ainda Fernandes, que deixou a briga eleitoral de 2024 com muito capital político, ficando atrás de Evandro por diferença de pouco mais de 10 mil votos. Não se sabe, por exemplo, se o deputado entraria numa aliança sem que a cabeça de chapa fosse do PL, uma vez que o partido tem interesse em apresentar palanque local para uma candidatura presidencial chancelada por Jair Bolsonaro (PL).
Dentro do PDT, conforme declarações de Carlos Lupi dias atrás, durante passagem por Fortaleza, não há espaço para entendimento com a direita no Ceará. O pedetista, contudo, deixou aberta a porta para que partidos como União e PL apoiem um nome do PDT.
Lupi, que é ministro de Lula e exerce função de presidente de honra do PDT, declarou que RC vai comandar as tratativas eleitorais da legenda, ou seja, o ex-prefeito tende a conduzir o pedetismo para a oposição a Elmano.
Esse é apenas um dos pontos que devem entrar em discussão nos encontros entre Wagner, Roberto Cláudio e Fernandes. Existem outros, porém, tais como as vagas de senador - serão duas disponíveis na disputa - e o desenho da chapa para deputados, estadual e federal.
Embora os obstáculos sejam consideráveis para uma unidade da oposição no Ceará, interlocutores do bloco compreendem que a ala não tem tantas alternativas assim para encarar a força do governismo.
Elmano deve chegar à tentativa de se reeleger com um leque de partidos mais amplo do que em 2022, quando postulou o Palácio da Abolição e ganhou no primeiro turno contra Wagner (2º colocado) e Roberto Cláudio (3º colocado). O quadro político, todavia, era outro, com Lula reabilitado e o desgaste da gestão de Bolsonaro.
Esse é um dos trunfos nos quais a oposição aposta. Pesquisa Datafolha da semana passada mostrou corrosão da popularidade do presidente, hoje com 24% de ótimo/bom e 41% de ruim/péssimo. A Genial/Quaest, outro instituto, já havia apresentado um derretimento da força de Lula no Nordeste, base de seu eleitorado.
Caso essa curva descendente na influência do petista se mantenha até 2026, a oposição pode ver suas chances de vitória ganharem mais solidez, tanto na corrida nacional quanto nos pleitos em estados nos quais os governadores sejam petistas ou apoiados pelo atual presidente.