A Justiça Federal da Argentina vai investigar se o presidente Javier Milei cometeu crime ao promover, em suas redes sociais, uma criptomoeda que colapsou horas após seu lançamento na última sexta-feira, 14. Após advogados entrarem com queixa-crime nos tribunais do país, uma juíza e um promotor público foram designados para o caso.
O Juizado Federal 1, sob a responsabilidade da magistrada María Servini, foi designado nesta segunda-feira, 17, por sorteio para centralizar as denúncias que pedem para apurar se Milei cometeu associação criminosa, fraude e violação dos deveres de funcionário público, entre outros crimes.
O caso da criptomoeda provocou uma crise política no governo do argentino, com parte da oposição pressionando por um julgamento político do presidente, que nega irregularidades e prometeu uma investigação interna sobre o caso.
"Denunciamos que Milei fez parte de uma associação criminosa que organizou uma fraude com a criptomoeda $LIBRA, que afetou simultaneamente mais de 40 mil pessoas, com perdas superiores a US$ 4 bilhões (cerca de R$ 23 bilhões)", afirmou em um comunicado o Observatório de Direito da Cidade, cujos advogados lideram uma das ações.
Deputados da oposição União por la Patria (peronismo) anunciaram que promoverão o impeachment de Milei no Congresso. Outras forças políticas pedem a instauração de uma comissão investigadora e a convocação do presidente para interrogá-lo.
A denúncia inclui, entre outros, Julián Peh, CEO e cofundador da Kip Network e KIP Protocol - empresas que participaram da criação da $LIBRA - e o presidente da Câmara dos Deputados, Martín Menem, que repostou a mensagem de Milei na rede social X na sexta-feira.
"Imediatamente após a mensagem de apoio presidencial, o preço do criptoativo registrou uma alta exponencial em sua cotação e, depois, em 5 horas, colapsou", relata a apresentação judicial.
De acordo com a petição, o fato de "o presidente Milei e outros líderes de seu partido, La Libertad Avanza, promoverem o Token, deu legitimidade ao projeto, fazendo com que milhares de investidores confiassem".
Dessa forma, o preço subiu, "e os grupos que controlavam a maior quantidade do token liquidaram suas posições, obtendo um lucro exorbitante". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)