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Bolsonaro é denunciado pela PGR como líder de tentativa de golpe de Estado
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Bolsonaro é denunciado pela PGR como líder de tentativa de golpe de Estado

Além de Bolsonaro, nomes próximos ao ex-presidente, como Alexandre Ramagem e Braga Netto, também foram denunciados
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Ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL (Foto: EVARISTO SA / AFP)
Foto: EVARISTO SA / AFP Ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL

A Procuradoria-geral da República denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na investigação da trama golpista que tinha o intuito de deixá-lo no poder após as eleições de 2022, quando foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A acusação foi finalizada e apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, 18.

Em seguida, o caso será endereçado ao relator do processo no STF, o ministro Alexandre de Moraes, para depois ser apreciado pela Primeira Turma. Ao todo, a denúncia atingiu 34 pessoas, acusadas pela PGR de estimular e realizar atos contra os Três Poderes e contra o Estado Democrático de Direito.

Bolsonaro e o grupo são denunciados pelos seguintes crimes: organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima; deterioração de patrimônio tombado.

Essas cinco peças acusatórias são baseadas em manuscritos, arquivos digitais, planilhas e trocas de mensagens que revelam o esquema de ruptura da ordem democrática. De forma detalhada, elas descrevem a trama golpista armada e executada contra as instituições democráticas.

"A organização tinha como líderes o então presidente da República e o seu candidato a vice-presidente. Aliados a outras pessoas, dentre civis e militares, eles tentaram impedir, de forma coordenada, que o resultado das eleições presidenciais de 2022 fosse cumprido", aponta texto divulgado pelo Ministério Público Federal (MPF).

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, escolheu a estratégia do fatiamento da denúncia e não ofereceu todas as acusações à Suprema Corte de uma vez. Já era esperado que não fosse apresentada, por exemplo, denúncia sobre o caso das joias e nem sobre a fraude nos cartões de vacinas neste momento. 

As investigações apontam que foi um ação planejada, com plano iniciado em 2021, quando foram feitos ataques ao sistema eletrônico de votação por meio de declarações públicas e pela internet.

"Em julho do ano seguinte, o então presidente da República se reuniu com embaixadores e representantes diplomáticos acreditados no País para verbalizar as conhecidas e desmentidas acusações sobre fraudes nas urnas eletrônicas, na tentativa de preparar a comunidade internacional para o desrespeito à vontade popular nas eleições presidenciais", continua o MPF.

Já no segundo turno das eleições de 2022, foram mobilizados aparatos de órgãos de segurança para mapear e impedir eleitores de votar em Lula. As pessoas envolvidas nessa etapa, de acordo com o órgão, atuavam na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, "facilitando os atos de violência e depredação, em 8 de janeiro de 2023".

Segundo a investigação da PF, Bolsonaro teve "plena consciência" e "participação ativa" na tentativa de golpe. A operação contra o Estado Democrático de Direito teria sido abortada de última hora pela falta de apoio institucional do alto comando do Exército.

Crimes denunciados

Os crimes atribuídos a Bolsonaro e aos aliados são:

  • Tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito (pena de
    4 a 8 anos);
  • Golpe de estado (pena de 4 a 12 anos);
  • Organização criminosa armada (pena de 3 a 8 anos que pode ser aumentada para 17 anos com agravantes citados na denúncia);
  • Dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima (pena de 6 meses a
    3 anos);
  • Deterioração de patrimônio tombado (pena de 1 a 3 anos).

A denúncia de 270 páginas foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O que acontece agora

Cabe agora aos ministros da Primeira Turma analisar o documento para decidir se há provas suficientes para abrir uma ação penal. O relator é Alexandre de Moraes.

Denunciados pela PGR

  1. Ailton Gonçalves Moraes Barros
  2. Alexandre Ramagem
  3. Almir Garnier Santos
  4. Anderson Torres
  5. Angelo Martins Denicoli
  6. Augusto Heleno
  7. Bernardo Romão Correa Netto
  8. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
  9. Cleverson Ney Magalhães
  10. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
  11. Fabrício Moreira de Bastos
  12. Fernando de Sousa Oliveira
  13. Filipe Garcia Martins
  14. Giancarlo Gomes Rodrigues
  15. Guilherme Marques de Almeida
  16. Hélio Ferreira Lima
  17. Jair Bolsonaro
  18. Marcelo Bormevet
  19. Marcelo Costa Câmara
  20. Márcio Nunes de Rezende Júnior
  21. Mario Fernandes
  22. Marília Ferreira de Alencar
  23. Mauro Cid
  24. Nilton Diniz Rodrigues
  25. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
  26. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
  27. Rafael Martins de Oliveira
  28. Reginaldo de Oliveira Abreu
  29. Rodrigo Bezerra de Azevedo
  30. Ronald Ferreira de Araujo Júnior
  31. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
  32. Silvinei Vasques
  33. Walter Souza Braga Netto
  34. Wladimir Matos Soares
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