Dois brasileiros que foram repatriados no voo que desembarcou na sexta-feira, 21, em Fortaleza tinham mandado de prisão internacional em aberto, emitido pela Interpol. A organização disparou um "red notice" sobre ambos, um "alerta vermelho" para o mundo inteiro para procurar e prender os dois foragidos.
No momento em que desembarcaram, os dois foram conduzidos pela Polícia Federal (PF) à viatura para cumprimento dos mandados. Eles estavam foragidos da Justiça brasileira. Um mandado foi emitido pelo Estado do Paraná e outro pela Justiça Federal em Minas Gerais.
Um mandado é por roubo e outro por arregimentar e levar cidadãos a outros países. A informação foi dada por José Antônio Simões de Oliveira Franco, superintendente Regional da Polícia Federal no Ceará.
Eles não saíram algemados, mas foram presos e foram conduzidos à Perícia Forense para procedimentos legais. O passo seguinte era ser o encaminhamento ao sistema penitenciário cearense. Eventuais transferências ocorrerão a depender de solicitação da unidade judiciária dos estados que decretaram os mandados de prisão.
A dupla faz parte do grupo de 94 brasileiros que chegou ao Estado, no segundo voo com brasileiros deportados dos Estados Unidos (EUA) a pousar na capital cearense. Trata-se do terceiro avião de repatriados a chegar ao Brasil desde o início do governo de Donald Trump, que adota política mais restritiva em relação a imigrantes.
Fortaleza foi escolhida para evitar que os brasileiros percorram o território nacional algemados, além de encurtar a viagem. A previsão inicial era de chegada às 9 horas, mas o pouso ocorreu pouco antes de 11 horas.
No desembarque em Fortaleza, os brasileiros foram recebidos por equipe multidisciplinar do Programa Estadual de Atenção ao Migrante, Refugiado e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Sedih. A equipe conta com Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante (PAAHM) no aeroporto Pinto Martins, informou a Secretaria dos Direitos Humanos do Ceará (Sedih).
O voo era composto por 75% de homens. Nove crianças e dois idosos também estavam a bordo. Dos 94 deportados, 20% compõem famílias, informou o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.
79 pessoas decidiram seguir no voo da Força Aérea Brasileira (FAB) que transportou os repatriados que desejavam seguir para o aeroporto de Confins, em Belo Horizonte (MG). De lá, eles poderiam seguir em Minas ou se deslocar a outros estados. Uma família de cearenses decidiu ir para Belo Horizonte no voo da FAB, com objetivo de seguir para São Paulo. Houve ainda 13 dos brasileiros que desembarcou em Fortaleza. A maioria, segundo o ministério, informou que não ficará no Ceará e seguirá para outros destinos.
Embora Donald Trump tenha feito promessas de endurecer a postura contra imigrantes ilegais, deportados em voos anteriores haviam sido detidos ainda quando Joe Biden era presidente, e haviam esgotado as possibilidades de permanecer naquele país.
No primeiro desembarque de 2025, 88 brasileiros pousaram em Manaus no dia 24 de janeiro. O uso das algemas causou um mal-estar diplomático, o que fez o Itamaraty solicitar explicações. Embora o governo de Trump tenha aplicado regras mais rígidas contra a imigração, deportações já vinham ocorrendo na gestão do ex-presidente Joe Biden.
O segundo voo, com 111 brasileiros, chegou a Fortaleza em 7 de fevereiro. Dessa vez, os repatriados seguiram o protocolo de retirar as algemas após o pouso, diferente de janeiro. (Colaborou Marcelo Bloc)