A saída da ministra da Saúde, Nísia Trindade, é tratada como certa no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a tendência é que desencadeie outras mudanças em pastas importantes, inclusive com cearense cotado para um dos ministérios mais estratégicos.
O nome mais forte, a preço de hoje, para o lugar de Nísia é o atual ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT). Ele atualmente cuida da articulação política entre o Planalto e o Congresso, mas sofre questionamentos na função. Ele é médico infectologista e já foi ministro da Saúde de 2011 a 2014, no governo Dilma Rousseff (PT).
Embora tenha sofrido críticas, na passagem pela pasta, Padilha foi um dos ministros mais bem avaliados na gestão e foi responsável por tocar o programa Mais Médicos. Ele é visto como padrinho político de Nísia.
A possível ida do ministro de Relações Institucionais para a Saúde também mexe em outra vaga fundamental no núcleo do Palácio do Planalto: a articulação política.
O Centrão reivindica o posto, sob o argumento de que a relação do governo com o Congresso não está boa e só um parlamentar desse grupo político poderia ajudar a resolver, por exemplo, o problema das emendas parlamentares. Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino chegou a suspender o pagamento de 5.449 emendas de comissão, que somavam R$ 4,2 bilhões do orçamento da União.
A suspensão era até que a Câmara dos Deputados apresentasse as atas das sessões das Comissões Permanentes da Casa nas quais teriam sido aprovadas as destinações das emendas. O ministro liberou, em decisão recente, parte dos repasses.
Até agora, no entanto, os nomes mais considerados por Lula para o lugar de Padilha são de dois petistas, ambos líderes do governo: o deputado federal cearense José Guimarães, que atua na Câmara, e Jaques Wagner (BA), no Senado. Guimarães também é cotado para assumir a presidência nacional do PT com a ida de Gleisi Hoffmann para a gestão de Lula. Ela deve assumir a Secretaria-Geral da Presidência da República.
Embora Padilha seja amplo favorito, há outros cotados para a vaga de Nísia. É o caso de Arthur Chioro, presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares e que também já foi ministro da Saúde sob Dilma. O grupo do chefe da Casa Civil, Rui Costa, defende Chioro para a cadeira de Nísia. Chioro também é o preferido do senador Humberto Costa (PT-PE) — outro ex-titular da Saúde — e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Em meio a especulações sobre uma possível troca no comando do Ministério da Saúde, a Nísia afirmou nesta sexta-feira, 21, que não deixará o cargo. A chefe da Pasta disse que continua "firme" com o trabalho e relativizou mudanças no governo.
"Continuo com a minha agenda, continuo com o meu trabalho. O presidente Lula afirmou na reunião com Portugal que ele não está colocando reforma ministerial na mesa, mas qualquer momento, como é natural nos governos, ele poderá fazer substituições", afirmou em entrevista à emissora de rádio CBN Maringá.
A ministra da Saúde teceu elogios aos presidente Lula, disse que seu projeto é com a liderança dele e que pretende aprofundar os trabalhos no comando da Pasta.