O presidente russo, Vladimir Putin, pediu nesta sexta-feira, 14, aos soldados ucranianos no oblast (região administrativa) russo de Kursk que entreguem as armas e se rendam, após o líder dos Estados Unidos, Donald Trump, solicitar clemência para os militares de Kiev.
O Exército ucraniano invadiu o oblast russo de Kursk em agosto de 2024 para usá-lo como moeda de troca em eventuais negociações com Moscou. No entanto, as forças russas recuperaram grande parte do território na última semana por meio de uma bem-sucedida contraofensiva.
"Solicitei enfaticamente ao presidente [russo] Putin que poupasse suas vidas", escreveu o líder republicano em sua plataforma Truth Social. O mandatário russo reagiu ao pedido do magnata republicano em declarações transmitidas pela televisão. "Entendemos o apelo do presidente Trump em favor de considerações humanitárias em relação a esses soldados", acrescentou.
Suas declarações ocorreram um dia após uma reunião em Moscou com o enviado americano Steve Witkoff, que lhe transmitiu um plano de cessar-fogo de 30 dias para a Ucrânia, proposto por Trump e aceito por Kiev. A proposta busca pôr fim a mais de três anos de guerra na Ucrânia, invadida pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.
O presidente americano mencionou "discussões muito boas e produtivas" com Putin na quinta-feira, 13. "Há muitas chances de que esta horrível e sangrenta guerra finalmente termine", afirmou.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, esclareceu nesta sexta-feira que Trump e Putin não falaram diretamente um com o outro.
"Há muito trabalho a ser feito, mas há motivos para um otimismo cauteloso", afirmou, por sua vez, Marco Rubio, secretário de Estado americano, falando do Canadá, onde participou da reunião dos ministros das Relações Exteriores do G7.
O grupo, que inclui Itália, Canadá, França, Alemanha, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, ameaçou a Rússia com novas sanções caso não aceite uma trégua na Ucrânia.
Os Estados Unidos, que adotaram muitas das posições do Kremlin para consternação de Kiev e da Europa, exigem um cessar-fogo imediato e têm exercido considerável pressão sobre Zelensky, que finalmente aceitou na terça-feira, 11, um cessar-fogo de 30 dias, desde que a Rússia também o faça.
No entanto, o presidente russo não parece estar com pressa, especialmente porque suas forças conseguiram recuperar, justamente, território em Kursk. Moscou exige a rendição da Ucrânia, que renuncie à adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e reconheça o controle russo sobre os territórios ocupados.
Putin não acredita em uma trégua temporária, pois, segundo ele, isso não resolveria as "causas profundas" do conflito. O chefe de Estado russo, no entanto, evitou rejeitar completamente a proposta de Trump.
Já, Zelensky, na rede social X, acusou Putin de fazer "todo o possível para sabotar a diplomacia, estabelecendo condições extremamente difíceis e inaceitáveis desde o início, antes mesmo de um cessar-fogo".
Trump, no entanto, classificou as declarações de Putin como "muito promissoras", embora tenha advertido que seria "muito decepcionante" se a Rússia rejeitasse o plano. (AFP)