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Voo de repatriados trouxe cearense, mulher que foi bebê para os EUA e outras 102 pessoas
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Voo de repatriados trouxe cearense, mulher que foi bebê para os EUA e outras 102 pessoas

|Desembarque em Fortaleza| 104 brasileiros repatriados chegaram neste quinto voo que chegou dos EUA
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FORTALEZA-CE, BRASIL, 28.03.2025: Chegada dos repatriados no Aeroporto Internacional de Fortaleza.  (foto: Fabio Lima/ OPOVO) (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA FORTALEZA-CE, BRASIL, 28.03.2025: Chegada dos repatriados no Aeroporto Internacional de Fortaleza. (foto: Fabio Lima/ OPOVO)

Uma brasileira de 50 anos foi uma das repatriadas no voo que desembarcou ontem, em Fortaleza, vindo dos Estados Unidos. Ela vivia no país da América do Norte desde que era bebê. Ao todo, 104 brasileiros chegaram neste quinto voo de repatriados mandados de volta ao Brasil durante o governo de Donald Trump. 

Segundo Paulo Victor Resende, gerente de projetos do Ministério dos Direitos Humanos, a mulher de 50 anos não tinha nenhum documento brasileiro e, por isso, vai receber apoio do Brasil para questões burocráticas.

"Tem um caso específico de uma passageira que ela foi para lá bebê e está retornando ao Brasil aos 50 anos de idade. Então, para essa especificamente, a gente está dando todo o suporte para conseguir documentação, porque ela não tem documentação alguma", explicou.

Segundo Resende, ela foi levada para à Polícia Civil, para poder registrar Boletim de Ocorrência e assim conseguir a documentação para poder seguir para seu destino final, Belém (PA).

Um cearense está entre os 104 brasileiros repatriados. O homem, que não foi identificado, é do município de Aracati, distante 147 km da capital cearense. Ele não quis conversar com a imprensa, afirmando apenas que o voo foi tranquilo.

Segundo o Ministério dos Direitos Humanos, cerca de 75 presentes no voo seguiriam para Minas Gerais, em voo da Força Aérea. Os demais preferiram ficar por aqui, seguindo para seus destinos finais por recursos próprios.

Sete crianças estavam no voo, mas ninguém acima de 60 anos. Paulo Victor Resende explicou que o perfil dos passageiros desse voo é semelhante ao dos anteriores, sendo a maioria de jovens. Cerca de 50% tendo menos de 30 anos. "Tem seguido esse padrão. Houve um outro voo que tinha pessoas com mais de 60 anos, nesse não. 75%, aproximadamente, é do sexo masculino. Acho que são 10 núcleos familiares. O restante são pessoas desacompanhadas”, explicou.

As Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa) têm proporcionado, via termo de cooperação técnica, frutas que são repassadas aos que chegaram. Eles recebem ainda tratamento da Vigilância Sanitária e almoço proporcionado pela Prefeitura de Fortaleza. A Secretaria dos Direitos Humanos tem ofertado ainda ajuda psicológica.

A secretária dos Direitos Humanos do Ceará, Socorro França, comentou sobre como estava o emocional dos repatriados. “Eles vêm extremamente magoados, podemos dizer assim. Aqui recebemos com alimentação, com um grupo de pessoas, assistentes sociais, psicólogos. Fazemos toda abordagem, nesse momento, sabendo exatamente de onde eles são, para onde eles efetivamente vão", disse.

E seguiu: "Alguns vão ficar aqui, alguns vão para o Norte, outros para Belo Horizonte. É isso que o Governo do Ceará tem feito, acolher e, a partir daí, fazer os encaminhamentos devidos”.

Ainda segundo a secretária, o apoio tem sido feito de várias formas, como transporte para a rodoviária para aqueles que pretendem deslocar-se via terrestre para outros destinos.

Socorro informou que a cada avião que chega dos Estados Unidos, há um aprimoramento no atendimento ofertado em terras cearenses. "Esse aprimoramento passa, principalmente, pelo acolhimento psicológico que a gente faz dessas pessoas. É óbvio que eles estavam lá retidos, estavam sofrendo psicologicamente, que muitos deles foram abordados na rua, no supermercado, no próprio trabalho, deixando a família e vindo para a terra natal deles, onde estamos acolhendo com muito carinho, que é o primeiro pouso em solo brasileiro", concluiu. (Com informações de Rogeslane Nunes)

4 brasileiros foram presos ao chegar em voo de repatriados

Quatro dos 104 brasileiros repatriados no voo que desembarcou na manhã desta sexta-feira, 28, em Fortaleza, tinham problemas com a Justiça e foram presos pela Polícia Federal (PF) ao chegar à capital cearense.

Segundo Paulo Victor Resende, gerente de projetos do Ministério dos Direitos Humanos, esses passageiros com restrição na Justiça foram identificados pela PF e retirados de aeronave antes do desembarque dos demais passageiros.

Em voo anterior que pousou na capital cearense com brasileiros repatriados dos Estados Unidos, em 21 de fevereiro deste ano, havia dois deportados com mandado de prisão da Interpol.

A Interpol havia emitido "red notice" sobre ambos, um "alerta vermelho", emitido para o mundo inteiro para procurar e prender os dois foragidos. No momento em que desembarcaram, os dois foram conduzidos pela Polícia Federal à viatura para cumprimento dos mandados. Os dois estavam foragidos da Justiça brasileira. Um mandado foi emitido pelo Estado do Paraná e outro pela Justiça Federal em Minas Gerais.

Um mandado é por roubo e outro por arregimentar e levar cidadãos a outros países, informou José Antônio Simóes de Oliveira Franco, superintendente Regional da Polícia Federal no Ceará. Sobre os quatro presos ontem não houve divulgação de mais informações. (Marcelo Bloc e Rogeslane Nunes/Especial para O POVO)

Recepção de repatriados tem sido aprimorada a cada voo

A secretária dos Direitos Humanos do Ceará, Socorro França, afirmou ontem que, a cada avião que chega dos Estados Unidos, tem havido um aprimoramento no atendimento ofertado em terras cearenses.

"Esse aprimoramento passa, principalmente, pelo acolhimento psicológico que a gente faz dessas pessoas. É óbvio que eles estavam lá retidos, estavam sofrendo psicologicamente, que muitos deles foram abordados na rua, no supermercado, no próprio trabalho, deixando a família e vindo para a terra natal deles, onde nós estamos acolhendo com muito carinho, que é o primeiro pouso em solo brasileiro."

Segundo Socorro, o apoio tem sido feito de várias formas, como transporte para a rodoviária para aqueles que pretendem deslocar-se dessa forma para a cidade onde moram.

"Os que não ficam, eles pelo menos passam 24h ou 48h, alguns estão sendo acolhidos por nós, outros preferem ir para pousadas ou hotéis. Há toda uma abordagem sistêmica, no sentido de que eles não sofram mais do que o sofrimento que eles tinham antes de chegar", disse.

A ação de acolhimento é feita em parceria com os Ministérios da Saúde, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, das Relações Exteriores, da Defesa e da Justiça e Segurança Pública, além da Polícia Federal, governos estaduais e das concessionárias aeroportuárias Fraport Brasil e BH Airport.

A operação deve garantir apoio logístico para deslocamento até os estados e cidades de origem, além de contato com familiares e, quando necessário, oferta de acolhimento temporário para os repatriados.

Em geral, os repatriados que desejam, seguem para o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, Minas Gerais. Os voos têm sido disponibilizado pela Força Aérea Brasileira (FAB).

Este é o quinto avião de repatriados a chegar ao Brasil desde o início do governo de Donald Trump, que adota política mais restritiva em relação a imigrantes.

Um voo chegou em janeiro, dois em fevereiro e um março, sendo que nos dois voos de fevereiro, os passageiros, dentre eles crianças e idosos, relataram condições degradantes, como uso de algemas e períodos de até 12 horas sem alimentação. (Marcelo Bloc e Rogeslane Nunes/Especial para o POVO)

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