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Dois dedos: Fabiano Leitão, o trompetista militante do PT
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Dois dedos: Fabiano Leitão, o trompetista militante do PT

Fabiano Leitão, trompetista que viralizou por tocar músicas como mensagem enquanto Bolsonaro falava pela primeira vez após se tornar réu fala de sua relação com o PT e manifestações políticas
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Fabiano Leitão, trompetista que tocou na entrevista de Bolsonaro (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
Foto: Ricardo Stuckert / PR Fabiano Leitão, trompetista que tocou na entrevista de Bolsonaro

O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) réu por diversos crimes, dentre eles, tentativa de golpe de Estado. O fato teve grande impacto na política brasileira e repercutiu de todas as formas entre parlamentares, imprensa e população.

Mas uma reação chamou atenção. Enquanto Bolsonaro falava a jornalistas no fim de tarde do dia em que entrou oficialmente no banco de réus, a alguns metros de distância, um homem tocou em seu trompete duas músicas: "Tá na Hora do Jair Já Ir Embora", muito popular nas eleições de 2022, e a "Marcha Fúnebre" de Frédéric Chopin.

Bolsonaro, inclusive, chegou a interromper sua fala com uma risada para aguardar o fim das músicas. O outro protagonista do fato é Fabiano Leitão, conhecido como Fabiano Trompetista. Ele é músico e militante do Partido dos Trabalhadores (PT).

Fabiano é figura conhecida por já ter tocado o instrumento de sopro em outros momentos, inclusive eventos do governo federal e para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No repertório, a música "Ordem e Progresso" de Beth Carvalho relembrando o trecho que diz: "Esse é o nosso país, essa é a nossa bandeira, é por amor a essa pátria Brasil que a gente segue em fileira".

Em entrevista ao O POVO News, ele contou que tocar tais músicas foi um recado para os que não acreditam na Justiça no país. O militante comemorou a decisão do STF, relembrando a memória de vítimas da Ditadura Militar. 

O POVO: Você é uma figura bem conhecida no meio político, mas acredito que nenhuma das suas apresentações tenha tido tanto impacto e viralizado como essa. Pra começar eu queria que você se apresentasse, contasse um pouco da sua história, qual a sua ligação com o PT e como foi essa decisão de utilizar seu talento com o trompete para fazer essas manifestações políticas.

Fabiano Trompetista: Sou filiado ao Partido dos Trabalhadores, sou militante do Partido dos Trabalhadores, maior partido desse país, partido que tirou o nosso povo da miséria, que botou o pobre trabalhador nas universidades e me orgulho muito disso, de defender esse partido, de defender o nosso povo.

E a manifestação foi uma manifestação em memória dos que tombaram na Ditadura, inclusive meu tio Francisco Celso Leitão, (além de) todo esse povo que morreu, Rubens Paiva. Então, isso é um recado muito bem dado para quem não acredita na Justiça desse país. Nós esperamos muito por esse momento.

Muitos dos nossos sequer chegaram a ter esperança nesse momento, mas esse momento chegou. É o primeiro passo que a Justiça desse país se reconcilia com a história do nosso povo. Então, eu vi que o Bolsonaro deu uma risada logo quando eu comecei a tocar, essa risadinha aí é de desespero. Porque ele sabe que a Justiça dele vai chegar. E quem sabe faz a hora e espera acontecer, a gente esperou muito pra isso acontecer.

OP: A polícia chegou até você, tentou impedir a sua apresentação, como foi esse momento de tensão durante a sua apresentação?

Fabiano: É um momento triste para nossa democracia porque eram dois policiais legislativos que, infelizmente, desconhecem as leis porque se você olhar bem as imagens eu estava bem distante, na via pública, estava no estacionamento do Senado. Então eu me coloquei em um local onde eu poderia tocar. Eles poderiam ter agido contra mim se eu estivesse lá dentro do Congresso interrompendo os trabalhos como eles falaram, mas não, eu estava inclusive ajudando a democracia.

Os trabalhadores do Legislativo, sendo do Senado ou da Câmara, eles têm que escutar as livres manifestações democráticas como se estivesse um carro de som ali, como eu falei para um deles. Então eu fico triste porque são trabalhadores iguais ao que vos fala. Eu tava ali por eles também que foram agredidos no dia 8 (de janeiro), que correram risco de vida, muitos desses trabalhadores aí. É a tristeza por eles não entenderem o porquê que a gente luta. Por eles.

 

 

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