A expectativa pela fusão entre PSDB e Podemos abriu disputa entre a base do governador Elmano de Freitas (PT) e a oposição no Ceará. A intenção dos grupos é assegurar controle da direção da nova sigla.
Um dos interessados, o deputado federal e secretário do Turismo, Eduardo Bismarck (PDT), atua nos bastidores para aproximar Renata Abreu, dirigente do Podemos, do Abolição.
Embora ainda esteja integrando o pedetismo, o titular da Setur aposta na manutenção do novo partido no arco de sustentação de Elmano. No Estado, o Podemos está sob comando do ex-prefeito Bismarck Maia, pai do secretário.
Ao O POVO, o deputado despistou sobre as articulações. Consultado sobre as conversas em relação à fusão, disse que a negociação "está sendo tratada nacionalmente" e que resta "apenas aguardar".
Na semana passada, uma visita da presidente nacional ao Ceará estava prevista, mas foi cancelada na véspera para evitar embaraço entre o ex-senador Tasso Jereissati e a dirigente, já que um dos compromissos de Renata seria com Elmano e membros da base.
Principal líder tucano no âmbito local, Tasso tem se empenhado pessoalmente para garantir que a agremiação PSDB/Podemos se mantenha no campo da oposição.
Interlocutores do tucano informam que as chances de a sigla ficar sob gestão dos Bismarck são pequenas. Dias atrás, por exemplo, o prefeito de Massapê e presidente estadual do PSDB, Ozires Pontes, festejou a agenda local de Renata Abreu e antecipou que ele mesmo havia convidado Ciro Gomes a ingressar no partido derivado desse "casamento" — um gesto que Tasso já tinha feito. Para o dirigente, à frente do tucanato desde a renúncia de Élcio Batista, o PSDB-Podemos tem tudo para se tornar carro-chefe da oposição no Estado.
O bloco do Podemos mais próximo do Executivo cearense, no entanto, faz incursão em sentido contrário, ou seja, para cravar o partido na base de Elmano. Há divisões internas nesse grupo, porém.
Prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos) declarou, durante visita ao O POVO na sexta-feira, 9, que deve intensificar conversas "em especial com o pessoal do Cariri acerca da importância de uma alternância de poder".
Glêdson reuniu na chapa de reeleição, em 2024, o PL, o União Brasil e o PDT de Ciro Gomes. O gestor derrotou a aliança PT/PSB/PSD/MDB. "Quero conversar cada vez mais com eles, poder ouvir as opiniões, colocar também as minhas ideias e tentar somar", afirmou o prefeito à reportagem.
Sobre a fusão, Glêdson tem sinalizado que só deve ficar no Podemos caso o partido esteja na oposição no Ceará, ainda que ele descarte se candidatar ao Governo do Estado ano que vem e até venha mantendo bom diálogo com o governador Elmano.
Apesar das dificuldades regionais, as duas forças partidárias estão perto de concluir o processo que resultará em outra composição, por ora chamada de "PSDB Podemos".
O PSDB tem perdido influência nacional, com desfiliações de figuras importantes, a exemplo dos governadores Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, e Raquel Lyra, de Pernambuco, rumo ao PSD.