No Ceará, três contratos de arrendamento foram analisados, sendo dois no município de Trairi, aplicados pela empresa Energimp S.A, e um na cidade de Acaraú, da empresa Central Eólica Flexeiras.
Mais uma vez, nestes documentos obtidos pelo O POVO, está repetida a cláusula que fala que o repasse para o proprietário da terra deve ser de 1,5% do faturamento bruto dos aerogeradores.
Após a publicação do estudo, Rárisson Sampaio teve acesso a outros 22 contratos de uma nova instalação em Acaraú.
O advogado conta que todos possuem o mesmo padrão e as mesmas cláusulas analisadas pelo relatório: valores irrisórios para o agricultor e uso da terra durante um período de tempo sem remuneração.
O Instituto Terramar, organização sem fins lucrativos cujo objetivo é contribuir com a justiça socioambiental na Zona Costeira do Ceará, está oferecendo assistência às comunidades sobre as instalações de novos aerogeradores em Acaraú. A coordenadora de Direitos Ambientais e Socioambientais do Instituto, Andréa Camurça, explica que o trabalho ocorre dentro do fortalecimento e do modo de vida dessas famílias.
"Esses empreendimentos afetarão comunidades em vulnerabilidade social, então é muito preocupante como essas empresas estão escolhendo esses locais. Mais de 11 mil pessoas serão atingidas", explica Andréa em entrevista ao O POVO.
Ela explica que as comunidades não estão recebendo informações sobre os empreendimentos realizados.
Andréa frisa que mesmo já em fase de instalação, os moradores não possuem conhecimento sobre as obras. "Existem muitas famílias que não têm um entendimento claro sobre a construção".
O POVO procurou a Energimp e a Central Eólica Flexeiras para obter um posicionamento sobre o tema, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.