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PT e PDT monopolizam apoio de partidos
Reportagem

PT e PDT monopolizam apoio de partidos

| ELEIÇÕES | Pré-candidaturas apoiadas pelas máquinas do Estado, de um lado, e da Prefeitura, do outro, concentram até agora praticamente todas as alianças disponíveis na disputa por Fortaleza
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FORTALEZA, CE, BRASIL, 18-03.2022: Catedral Metropolitana de Fortaleza, vista aerea. em epoca de COVID-19. (Foto:Aurelio Alves/ Jornal O POVO) (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves FORTALEZA, CE, BRASIL, 18-03.2022: Catedral Metropolitana de Fortaleza, vista aerea. em epoca de COVID-19. (Foto:Aurelio Alves/ Jornal O POVO)

Partidos que governaram juntos o Ceará até o rompimento em 2022, PT e PDT rivalizam na busca de apoios e, por enquanto, monopolizam de forma quase absoluta as alianças pela Prefeitura de Fortaleza. Com a fora da máquina municipal, de um lado, e do Governo do Estado, do outro, quase não deixam espaços para as outras candidaturas conseguirem coligações, nem mesmo a líder nas pesquisas, de Capitão Wagner, do União Brasil.

Em Fortaleza, o PT nunca apoiou a gestão pedetista, mas o rompimento tirou da base do prefeito José Sarto alguns dos principais aliados, como PSD, PSB e Progressistas. Pouco antes do fim da janela partidária, os principais líderes do bloco da Prefeitura se reuniram com os dirigentes de nove partidos aliados: Agir, Avante, Cidadania, DC, Mobiliza, PSDB, PRTB, PMB e PRD.

O presidente municipal da legenda, Roberto Cláudio, disse na época qual foi o principal objetivo do encontro. "Nós temos nove partidos aliados, todos farão vereadores, nossa tarefa é ajudar esse esforço em cada um deles para que tenham representação na Câmara eleita", afirmou.

É uma tentativa de fazer uma recomposição e ter estrutura, além de tempo de TV, para concorrer em um cenário muito diferente de quanto Sarto foi eleito em 2020. Na época, a coligação era formada, além do próprio PDT, por siglas como Progressistas, PSB, PSD, PL, DEM, Rede, Cidadania, PSDB e PTB.

Hoje, a maioria desses partidos deixou a base do prefeito. Progressistas, PSB e PSD ficaram do lado do PT no grande rompimento de 2022. O PL deverá ter candidato próprio. O DEM se fundiu ao PSL e formou o União Brasil, que também terá candidato. Rede está em federação com o Psol, que também sinaliza ter candidato. Dessas legendas, seguem com o PDT a federação PSDB-Cidadania e o PRD, resultado da fusão do PTB com o Patriota. Embora tenha uma aliança numerosa, a atual coligação de Sarto foi desfalcada dos maiores partidos, e deve ter menos tempo de rádio e televisão.

A candidatura do PT, com Evandro Leitão, trabalha para reproduzir os apoios na base de Elmano de Freitas (PT) no Estado. O número de legendas aliadas não deve ser muito diferente do de Sarto, mas reunirá forças de maior peso, como MDB, Republicanos e os egressos da base de Sarto, como PSD, PSB, Progressistas e o próprio PT.

Até mesmo o PSB, que se contrapôs à concentração de poder no PT, indicou que não irá deixar de apoiar a aliança devido a essa divergência. "Não há nenhum questionamento ou dúvida de que todo aquele arco de aliança que esteve comigo lá atrás, que respaldou o governo do Camilo (Santana) e que, boa parte, apoiou o Elmano, e outros que se juntaram, deva ter um candidato só", afirmou Cid em evento ainda em março.

Com a pulverização da direita, o União Brasil admite que alianças talvez fiquem apenas para o segundo turno. Conforme Capitão Wagner, presidente do partido e pré-candidato em Fortaleza, a candidatura está "pronta" para os dois cenários: no qual recebe apoio ou que segue em chapa "pura".

A percepção, no entanto, é que o cenário "ideial" que é haja uma composição com outras siglas, com a estruturação apenas depois de junho, na época das convenções partidárias. "A gente está preparado com os dois cenários, o cenários de chapa pura ou o cenário de uma composição, que é o cenário ideal. Eu acredito que até o mês de maio ou junho não tenha qualquer desistência de qualquer pré-candidato e nesse sentido que a gente tem conversado que lá para la em junho, verificando o crescimento ou não das pré-candidaturas, sentar numa mesa dialogar e ver qual é a candidatura que tem mais chance", ressaltou ao O POVO.

O PL, que formou coligação com União na disputa pelo Governo do Ceará, apresentou o deputado federal André Fernandes como pré-candidato. O Novo, também de direita, tem o senador Eduardo Girão como opção, e que descarta desistir.

Psol e a Rede, mesmo federados, lançaram pré-candidaturas próprias e terão que decidir qual vão sustentar no pleito.

 

Alianças

Devem seguir com o PT

  • MDB
  • PCdoB
  • PSB
  • PV
  • Progressistas
  • Republicanos
  • PSD
  • Solidariedade

Devem seguir com o PDT

  • PSDB
  • Cidadania
  • Avante
  • PRTB
  • DC
  • Mobiliza
  • PRD
  • PMB
  • Agir

Pretendem ter candidatura própria

  • União Brasil
  • PL
  • Novo
  • Psol/Rede

Não se pronunciaram

  • PSTU
  • PCB
  • PCO
  • UP

Fortaleza será a principal capital disputada pelos dois partidos em 2024

A Prefeitura de Fortaleza é a prioridade nacional para o Partido Democrático Trabalhista, com José Sarto (PDT) a caminho da candidatura à reeleição. E também será a maior capital disputada no Brasil pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

O rompimento em 2022 ocorreu pelas circunstâncias locais. Porém, desde o ano passado, a perspectiva dos interesses em disputa na capital cearense em 2024 contribuíram para inviabilizar tentativas de composição para os pedetistas apoiarem o governo Elmano de Freitas (PT). A importância conferida pelos dois partidos à eleição em Fortaleza amplificou a hostilidade já estabelecida entre os ex-aliados, e confere inclusive contornos nacionais.

Fortaleza é a quarta maior cidade do Brasil em número de habitantes, conforme o Censo de 2022 (ver quadro). É o maior colégio eleitoral onde o PT terá candidatura, e também o maior onde o PDT irá concorrer.

Em São Paulo, o PT apoiará Guilherme Boulos, do Psol. Ex-prefeita da capital paulista, Marta Suplicy retornou às fileiras petistas para compor a chapa como vice. O PDT também confirmou presença na aliança de Boulos.

No Rio de Janeiro, os petistas devem apoiar Eduardo Paes (PSD) no projeto de reeleição. E, assim como na maior cidade do País, o pedetistas também dividirão o mesmo palanque.

Como Brasília não tem prefeito nem eleição este ano, Fortaleza é o município a seguir na lista. O PT escolheu Evandro Leitão, presidente da Assembleia Legislativa, para ser o candidato. O PDT lançará à reeleição o prefeito José Sarto. Além de ser o maior município em que as duas siglas disputarão com candidato próprio, é também o mais populoso em que as legendas não irão compor a mesma coligação. O PDT está na base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Fortaleza hoje impulsiona a rivalidade entre os dois partidos. E afeta até as relações com o PSB, de quem o PDT esperava adesão em Fortaleza, e colocava como condição para o apoio no Recife (PE). O fato de o PSB ter aderido ao PT em Fortaleza levou o PDT a encerrar até as tratativas para uma federação entre as siglas.

No poder federal, o PT tem a próxima eleição como estratégica para reverter o resultado de 2020, pior desempenho da história da legenda em capitais. Foi a primeira vez desde que o partido existe que não venceu em nenhuma. O resultado de 2016 já havia sido negativo, com vitória apenas em Rio Branco (AC), somada a derrotas como em São Paulo. Atualmente, o partido não lidera as pesquisas em nenhuma. Porém, a sigla precisa dar atenção à sustentação do Governo Federal, o que levou a abrir mão de algumas disputas.

Cientista político e professor do Instituto Mackenzie, Rodrigo Prando destaca que o PT não apenas precisa ceder aos aliados dos quais depende no Congresso Nacional, como também aposta em opções mais competitivas contra os principais rivais nacionaos.

"No fundo, me parece a tentativa de não perder espaço para as forças da direita ou do bolsonarismo", aponta.

"São Paulo e Rio de Janeiro são duas cidades que, concretamente, apresentam nomes não petistas com mais chances de vitória e o PT insistindo em candidatos próprios poderia levar à divisão de votos e fortalecer, como disse, a direita ou o bolsonarismo", acrescenta.

O docente analisa que historicamente o PT quase sempre buscou hegemonia nos municípios, mas agora age de forma mais pragmática. "Fica de fora com prefeito eleito, mas evita a expansão dos adversários no campo politico antagônico".

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