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Turismo corporativo "salva" o setor na baixa temporada
Reportagem

Turismo corporativo "salva" o setor na baixa temporada

|MOVIMENTAÇÃO| Turismo corporativo cresce no primeiro trimestre de 2024 e fatura R$ 3,280 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp)
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Fortaleza, CE, BR 24.05.07 - Vista aérea da cidade de Fortaleza (Fco Fontenele/O POVO) (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Fortaleza, CE, BR 24.05.07 - Vista aérea da cidade de Fortaleza (Fco Fontenele/O POVO)

Um segmento que vem crescendo e tem contribuído para o fomento da economia local é o turismo corporativo, em que no âmbito dele ocorrem eventos sejam de menor porte ou grandes conferências.

Para o setor que recebe esse público, as viagens de negócios representam um alívio quando as de lazer seguem na baixa temporada. 

Para se ter ideia, apenas em março, o setor de turismo corporativo faturou R$ 1,197 bilhão em todo o Brasil, alcançando o faturamento de R$ 3,280 bilhões no primeiro trimestre. Superior ao igual período de 2023, com R$ 3,174 bilhões e de antes da pandemia (2019), com R$ 2,545 bilhões, de acordo com o levantamento da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp).

Hotéis, locação de veículos e serviços aéreos estão entre os segmentos mais impactados positivamente, de acordo com a Abracorp. Outra categoria em destaque no Brasil é o modal rodoviário, que demonstra acréscimo ao registrar o aumento de 14% das vendas em março. O fator que favorece as empresas atuantes nas estradas ocorre em função dos elevados preços das passagens aéreas, provocando nos emissários a substituição da modalidade de transporte aéreo pelo terrestre.

Na capital cearense, o segmento de eventos faturou R$ 41,9 milhões em abril, maior em comparação a igual mês de 2023, com R$ 38,5 milhões. Os dados representam a expansão do turismo de eventos na Capital, contrariando o cenário das altas tarifas aéreas no Brasil.

Além disso, o setor registrou um faturamento de R$ 147,9 milhões no primeiro trimestre de 2024, segundo os índices do Observatório do Turismo de Fortaleza-CE. O panorama de crescimento do turismo corporativo é refletido no setor privado, a exemplo da agência de viagens Wee Travel. O sócio-diretor da companhia, Régis Abreu, alega uma taxa de aumento de 40% na empresa no primeiro trimestre deste ano em relação ao igual período do ano anterior. Abreu afirma que "o cenário é positivo", e que "todo o mercado de turismo corporativo já superou, em faturamento, o período pré-pandêmico".

Os bilhetes aéreos se destacam entre os serviços que a Wee Travel oferece aos clientes, com o impacto de 70% do setor de turismo corporativo. Seguidos por hospedagem e outros serviços, de acordo com o sócio-diretor.

Para ele, um dos fatores do aumento desse tipo de negócio, neste ano, ocorreu em função da "falta de clareza do planejamento de 2023, devido à pandemia da Covid-19 ainda ter sido recente naquele período". Por isso, "as empresas começaram a investir mais em eventos corporativos em 2024, a partir da perspectiva de 2023". Outro fator citado por Régis, que justifica a ampliação desse mercado em 2024, "é a retomada da economia que vem crescendo de forma gradativa".

A rede hoteleira é uma das mais beneficiadas pelo turismo. Somente em abril o setor faturou pouco mais de R$ 50 milhões em Fortaleza, de acordo com os dados do Observatório da Setfor. "O turismo corporativo é a salvação da hotelaria", comenta Ivana Bezerra, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Ceará (ABIH-CE). Ao dizer "salvação", ela se refere às chamadas "baixas tempoaradas", que são os períodos em que há pouca busca por viagens de lazer. As "altas temporadas", em que demonstram um fluxo mais forte de turismo, ocorrem principalmente nos meses de janeiro, fevereiro, julho e dezembro, em períodos de férias e feriados.

Ivana Bezerra argumenta que "o turismo de negócios proporciona o aumento do fluxo turístico nos períodos de 'baixa estação'", em que a quantidade de viagens é reduzida. A coordenadora do Observatório da Setfor, Suemy Vasconcelos, informa que o turismo corporativo é mais movimentado no segundo semestre do ano, quando ocorre o "boom dos eventos".

Nessa perspectiva, as convenções promovem a diversificação da motivação da viagem, no entanto, os turistas de negócios tendem a procurar por atividades turísticas de lazer nas cidades em que visitam, afirma o secretário de turismo. A presidente da ABIH-CE diz ainda que há um sentimento de preocupação, por parte da hotelaria, com relação à previsão para o segmento em 2024, devido aos altos preços das passagens aéreas. Ela argumenta que a substituição da modalidade de transporte aéreo pela modalidade rodoviária, compensa, mas não beneficia o Ceará. Isso porque, a maioria dos turistas corporativos vindos à capital cearense são oriundos do Sudeste, e devido à distância, eles preferem avião.

Assim, a alta das tarifas aéreas possivelmente desestimularia a vinda para o Estado, por conseguinte, poderia gerar mudança no mercado em considerar Fortaleza como opção de sede para eventos corporativos. 

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Efeitos do aumento das tarifas aéreas

Segundo o “Relatório de Demanda e Oferta” da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a taxa de crescimento das empresas aéreas registrou um recuo de 9,7% em abril de 2024, menor em comparação ao mês anterior (11,3%).

Comparando com o ano de 2019, na pré-pandemia, houve um acréscimo de 2,9 pontos percentuais no setor de aviação civil, já em 2023 a modalidade aérea registrou um decréscimo de 6,6.

O sócio-diretor da agência de viagem Wee Travel, Régis Abreu, diz que “antes (pré-pandemia) era possível viajar para São Paulo (ida e volta) por R$ 700. Hoje, a viagem (ida e volta) a São Paulo custa em torno de R$ 3 mil, se a passagem não for comprada com antecedência.”

Alexandre Pereira, secretário do Turismo de Fortaleza (Setfor), afirma que a situação das companhias aéreas não atinge muito negativamente o Ceará, pois a substituição da modalidade de transporte tem compensado a vinda de turistas corporativos.

Para ele, um dos efeitos do aumento das tarifas aéreas é a alteração do perfil do turista de negócios que vem a Fortaleza. “Antes a maioria dos emissários vinham do Sudeste, agora, houve um aumento do número de pessoas que vêm de estados vizinhos (Nordeste), por exemplo Piauí, por carro ou linha rodoviária.”

No momento, ainda não há dados atualizados, que confirmem a percepção da mudança desse perfil. No entanto, a alteração da principal origem dos turistas de negócios é citada pelo secretário da Setfor, pela presidente da ABIH-CE, Ivana Bezerra, e pela coordenadora do Observatório de Turismo de Fortaleza, Suemy Vasconcelos.

Esta última considera que o aumento dos serviços aéreos não desestimula a decisão de tornar Fortaleza a cidade sede de eventos, e que a projeção para o turismo corporativo no Estado tem sido otimista.

Fortaleza, CE, BR 24.05.24 -  Na foto: Régis Abreu, sócio diretor da Agência de viagens Wee Travel   (Fco Fontenele/O POVO)
Fortaleza, CE, BR 24.05.24 - Na foto: Régis Abreu, sócio diretor da Agência de viagens Wee Travel (Fco Fontenele/O POVO)

Perfil dos turistas de eventos

A pesquisa "Réveillon 2024", feita pelo Observatório do Turismo, é o levantamento mais recente que contém dados primários e avalia o perfil dos turistas vindos a Fortaleza. O documento indica que a origem de quase 95% do público pesquisado era nacional. Desta parcela, cerca de 55% vieram do Nordeste. Logo depois, há os emissários vindos do Sudeste (20,2%), Norte (14,8%), Centro-oeste (7,1%) e Sul (3,2%). As cinco principais cidades emissoras de participantes de eventos na capital cearense eram, respectivamente, São Paulo (21,7%), Rio de Janeiro (8,5%), Recife (5,5%), Teresina (5,5%) e Natal (4,7%). Esses dados são do último levantamento primário sobre o "Impacto Econômico do Turismo de Eventos Realizados em Fortaleza 2022", realizado pelo Observatório da Setfor.

Com relação ao meio de transporte mais utilizado para chegar a Fortaleza em 2022, o avião se destaca ao ser citado por 79,6% dos entrevistados. Logo depois, há o automóvel próprio (10,2%), seguido por ônibus de linha (5,2%), ônibus ou van fretado (4,8%) e o automóvel alugado (0,3%).

Segundo Régis Abreu, sócio-diretor da Wee Travel, os dados que correspondem "há dois anos atrás já estão defasados". Acrescenta que, para a gestão das estratégias da empresa, baseia-se principalmente em pesquisas feitas pela Abracorp, e também participa de conferências sobre a indústria de viagens e turismo no Brasil.

A coordenadora do Observatório de Turismo, Suemy Vasconcelos, justifica que as coletas primárias ocorrem bienalmente porque "as pesquisas têm um custo bem elevado". Assim, a próxima pesquisa primária sobre o impacto econômico do turismo de eventos será feita neste ano de 2024. O que se tem é o documento "Plano estratégico do turismo de Fortaleza" de junho de 2016, que traça o planejamento de metas e ações para a capital cearense até 2040. O texto informa que "a realização de pesquisas quantitativas e qualitativas, nos equipamentos, serviços e atrativos turísticos, para avaliar o impacto econômico do turismo" custam (custo unitário) R$ 25 mil.

Além de indicar os valores e níveis das pesquisas, o documento indica especificamente os locais onde o levantamento deve ser feito: Avenida Beira Mar, Praia do Futuro, Praia de Iracema, Monsenhor Tabosa e Centro. O Observatório de Turismo na Setfor foi instaurado em outubro de 2019 e constava no "Plano estratégico do turismo de Fortaleza", com um investimento de R$ 1,093 milhão. O intuito da implantação desse núcleo de pesquisas é fornecer "dados e evidências essenciais para o planejamento assertivo da gestão turística".

Embora os dados que apontam o perfil dos turistas de eventos sejam considerados desatualizados, o secretário do Turismo, Alexandre Pereira, e a coordenadora do observatório alegam que o gasto médio do turista de negócios ainda supera o do turista de lazer.

Pereira frisa que "cada turista corporativo deixa cerca de R$ 5 mil na Cidade", e que "o turismo de negócios traz turistas com alto poder aquisitivo". Diz ainda, que "é muito difícil mensurar o impacto econômico" desse setor, uma vez que os emissários corporativos "consomem desde os serviços de hotéis de luxo à pipoca vendida."

FORTALEZA, CE, BRASIL, 10-01.2022: Aeronaves - Aviōes fazendo decolagens. Por conta do surto de doenças respiratórias, como covid e gripe, já existe caso de companhias aéreas cancelando voos. Segundo a Fraport, nos primeiros nove dias de 2022, 94 voos já foram cancelados.. em epoca de COVID-19. (Foto:Aurelio Alves/ Jornal O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 10-01.2022: Aeronaves - Aviōes fazendo decolagens. Por conta do surto de doenças respiratórias, como covid e gripe, já existe caso de companhias aéreas cancelando voos. Segundo a Fraport, nos primeiros nove dias de 2022, 94 voos já foram cancelados.. em epoca de COVID-19. (Foto:Aurelio Alves/ Jornal O POVO)

Efeitos do aumento das tarifas aéreas

Segundo o "Relatório de Demanda e Oferta" da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a taxa de crescimento das empresas aéreas registrou um recuo de 9,7% em abril de 2024, menor em comparação ao mês anterior (11,3%). Comparando com o ano de 2019, na pré-pandemia, houve um acréscimo de 2,9 pontos percentuais no setor de aviação civil, já em 2023 a modalidade aérea registrou um decréscimo de 6,6.

O sócio-diretor da agência de viagem Wee Travel, Régis Abreu, diz que "antes (pré-pandemia) era possível viajar para São Paulo (ida e volta) por R$ 700. Hoje, a viagem (ida e volta) a São Paulo custa em torno de R$ 3 mil, se a passagem não for comprada com antecedência."

Alexandre Pereira, secretário do Turismo de Fortaleza (Setfor), afirma que a situação das companhias aéreas não atinge muito negativamente o Ceará, pois a substituição da modalidade de transporte tem compensado a vinda de turistas corporativos. Para ele, um dos efeitos do aumento das tarifas aéreas é a alteração do perfil do turista de negócios que vem a Fortaleza. "Antes a maioria dos emissários vinham do Sudeste, agora, houve um aumento do número de pessoas que vêm de estados vizinhos (Nordeste), por exemplo Piauí, por carro ou linha rodoviária."

No momento, ainda não há dados atualizados, que confirmem a percepção da mudança desse perfil. No entanto, a alteração da principal origem dos turistas de negócios é citada pelo secretário da Setfor, pela presidente da ABIH-CE, Ivana Bezerra, e pela coordenadora do Observatório de Turismo de Fortaleza, Suemy Vasconcelos. Esta última considera que o aumento dos serviços aéreos não desestimula a decisão de tornar Fortaleza a cidade sede de eventos, e que a projeção para o turismo corporativo no Estado tem sido otimista.

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