Na esteira do contexto pandêmico, os formatos remoto e/ou híbrido foram uma saída encontrada por empresas e instituições cujas atividades poderiam ser adaptadas para um modelo a distância — desde que fosse possível viabilizar minimamente equipamento e conexão estável com a internet.
A emergência de saúde pública causada pelo vírus da Covid-19 chegou ao fim, mas essa configuração permaneceu como uma alternativa aos meios convencionais — que demandam contato presencial.
A partir da nova conjuntura estabelecida, brasileiros incorporaram esses formatos e a maioria considera um impacto positivo que proporciona 67% menos tempo gasto com tarefas, 52% maior produtividade e 36% maior facilidade para comunicação e atendimento aos clientes.
Os dados são da pesquisa "Futuro do Trabalho 2024", que investiga os efeitos do avanço tecnológico nos empregos do Brasil e também mapeou que há uma abertura para a normalização de tecnologias como IA no dia a dia.
Os números indicam uma preferência pelo modelo presencial por motivos como interação social — o que é uma dor dos trabalhadores remotos ou híbridos à medida em que estes modelos alternativos se consolidam.
Além disso, as pessoas preferem trabalhar presencialmente por facilidade de comunicação, produtividade, interação social, saúde mental e agilidade.
Já as principais razões pelas quais elas preferem trabalhar remotamente são economia no tempo em transporte, produtividade, tempo para outros projetos, mais tempo com a família e mais controle sobre o horário de trabalho.
No levantamento mais recente houve uma queda brusca entre os que apostam no remoto para o futuro, e o bem-estar digital no trabalho é uma questão, sobretudo para os mais jovens.
"A maioria das pessoas descarta a possibilidade de perder o emprego para um robô e aposta que seus trabalhos existirão no longo prazo. Para elas, a maior ameaça é ficar para trás e serem substituídas por outros profissionais que entendem mais de tecnologia. Os dados apontam ainda a dificuldade em acompanhar o avanço tecnológico, especialmente após os 30 anos de idade", mostra o estudo.
O analista de desenvolvimento Fábio Rosa, membro da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados, Serviços de Computação, de Informática e Novas Tecnologias da Informação do Estado do Ceará (SindPD-CE), reconhece que, em médio prazo, a perspectiva é de que haja uma escassez em funções que possam ser realizadas de forma eficaz com o uso da tecnologia.
A longo prazo, contudo, "o que se observa é uma reestruturação das funções laborais e um deslocamento das pessoas para outras atividades que requerem habilidades ainda insubstituíveis. No setor de TI, a cada 5 anos surgem novas especializações, como analista de dados, de redes sociais, de aprendizagem de máquina, de serviços em nuvem, dentre outros".
"Penso que a principal habilidade em que os trabalhadores, estudantes, escolas e universidades e empresas devem focar em desenvolver deve ser a de saber adaptar-se à mudança e aprender coisas novas. Assim estarão mais preparados para deslocarem-se nas atividades profissionais conforme a tecnologia avança", observa.