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"Políticas locais são absurdamente insuficientes", afirma professor
Reportagem

"Políticas locais são absurdamente insuficientes", afirma professor

Falta de estudos
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"As políticas daqui (Fortaleza e Ceará) são absurdamente insuficientes. É o que afirma o professor de economia ecológica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fábio Sobral. De acordo com o próprio, falta estudo sobre algumas áreas que já estão sendo afetadas por essas alterações climáticas, como Caucaia e outras praias. Além disso, afirma que não há um cuidado adequado com as lagoas de Fortaleza.

"Antigamente, Fortaleza possuía mais de 400 lagoas, mas grande parte delas foi aterrada. Quando chove, as pessoas reclamam das inundações, mas esquecem que os riachos foram aterrados e isso acaba provocando gastos públicos e individuais, tanto com a Defesa Civil quanto com o atendimento às pessoas atingidas."

Fábio Sobral também reforça que o clima está cada vez mais intenso e nós não temos modelos estatísticos que sejam capazes de prever até onde ele vai. "Infelizmente o clima ainda não mudou totalmente e não temos ideia do que virá. É muito assustador."

Para o professor, a solução inclui a recuperação de áreas degradadas e a expansão da proteção dos rios e riachos, não apenas a construção de obras maiores com tubulações ampliadas, pois os eventos climáticos extremos estão se tornando cada vez mais imprevisíveis. "Precisamos recompor a natureza e valorizar a arborização, que desempenha um papel central na economia."

Já Alexsandra Muniz, pesquisadora da Rede Observatório das Metrópoles, explica que é preciso fortalecer o desenvolvimento econômico por meio de políticas de investimento em infraestrutura e oportunidades. "Exige-se uma ação coordenada e urgente, não só do poder público, mas também do setor privado e da sociedade civil como um todo. Somente através de esforços colaborativos e medidas eficazes podemos enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e construir um futuro mais resiliente."

Por outro lado, Larissa Menescal, superintendente do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Fortaleza (Ipplan Fortaleza), reforça que estão trabalhando em duas frentes em relação às mudanças climáticas: mitigação e adaptação. Na mitigação, são quatro eixos: monitoramento da qualidade do ar, mobilidade, cobertura vegetal e inovação e gestão de resíduos. Para a adaptação, são políticas como saneamento, programas de pavimentação nas periferias, educação ambiental e naturalização dos pátios das escolas municipais.

A superintendente do Ipplan Fortaleza afirmou que diversos desses projetos já trouxeram resultados mundiais, por exemplo, o fato de Fortaleza ser a segunda cidade do mundo na categoria Meio Ambiente no Índice Global de Cidades da Oxford Economics. Outro ponto destacado por Larissa Menescal foram as dificuldades. "Ainda temos muitos desafios e é importante que a gente reconheça que esses desafios existem para que a gente possa aprender e melhorar cada dia mais."

O POVO solicitou entrevista por telefone com a secretária da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema), Vilma Freire, para entender as políticas do Estado, mas o formato não foi possível. Portanto, foi enviada uma nota.

Na resposta, a Sema informou que "vem coordenando, juntamente com os diversos projetos do Programa Cientista Chefe do Meio Ambiente, uma série de articulações e interações das políticas estaduais visando à mitigação e adaptação às mudanças do clima". O foco é na biodiversidade, na economia do mar, na zona costeira, na agropecuária, mas também no comércio e investimentos internacionais. Também disse que "a política estadual visa alcançar um sistema de desenvolvimento econômico-social compatível às condições climáticas".

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