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Meio ambiente Cidades e população estão em cenário crítico
Reportagem

Meio ambiente Cidades e população estão em cenário crítico

|sustentabilidade| Especialistas afirmam que é preciso maior conscientização e ação por parte da população, dos governos e das empresas para cenário de degradação dos recursos naturais mudar
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Tipo Notícia

Os termômetros não mentem. Os desastrem ambientais, como as chuvas no Rio Grande do Sul, o desmatamento na Amazônia, as queimadas no Pantanal e a extinção de faunas e floras, também não.

Tivemos, em 2023, o ano mais quente no mundo, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o Brasil acompanhou tal fato, em sua série histórica, como apontou o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Pode-se incluir nesta longa lista de mudanças nos últimos séculos o consumo desenfreado, a produção irresponsável poluindo o ar e as águas, a desinformação sobre temas como economia circular, logística reversa, separação dos resíduos, e a formação de lixos e aterros, especialmente nos grandes centros.

Diante desse cenário, a professora do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), Mercedes Bustamante, avalia que estamos em um momento crítico para encaminhar a inflexão da curva de degradação ambiental que afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas nas cidades.

"Como infraestruturas construídas, precisamos repensar nossas cidades para minimizar impactos, mas também para torná-las mais resilientes aos novos climas", alerta a docente, que acredita que é preciso atuar em frentes para aumentar a conscientização da população e das empresas sobre a crise ambiental.

Para ela, é preciso trabalhar a educação e a conscientização, os incentivos positivos para que haja adesão às soluções corretas e, ainda, as ações de fiscalização e controle com base em legislações que protejam o meio ambiente e a segurança da população.

A ideia também é defendida pela CEO da HL Soluções Ambientais e Econexões, Laiz Hérida, que diz ser preciso que fique claro que todos, pessoas e empresas, estão inseridos dentro do problema.

"Estamos em um único planeta, no qual os aspectos ambientais inerentes a qualquer atividade econômica, de alguma forma, gerarão impactos ambientais. Não há mais espaço para o negacionismo climático. Por isso, a conscientização de que os hábitos de consumo, as decisões e ações praticadas influenciam nas mudanças climáticas e podem fazer a diferença para um contexto mais abrangente", analisa.

Laiz ainda pontua que, infelizmente, o cenário concernente às mudanças climáticas não é mais uma percepção de futuro, é realidade. "Desacelerar o aquecimento global implica não apenas agir nos sintomas visíveis da crise climática, mas também fazer mudanças profundas nas estruturas sociais e econômicas, não deixando de reconhecer que a justiça social é inseparável da justiça ambiental, construindo, assim, uma transição energética justa", orienta.

O fundador do Coletivo Socioambiental Nossa Iracema e sócio da Verdear Eventos Sustentáveis, Andre Comaru, também assente que a relação com o meio ambiente é complexa e urgente. E reconhece que houve uma evolução significativa na conscientização sobre os desafios ambientais que enfrentamos devido ao impacto humano.

"A discussão sobre sustentabilidade, mudanças climáticas e a necessidade de práticas mais verdes têm se tornado cada vez mais presente nas esferas governamentais, empresariais e individuais. No entanto, a prática ainda está aquém do necessário. Estamos em um momento crítico em que a teoria deve ser rapidamente transformada em ação concreta. A velocidade das mudanças é insuficiente diante da gravidade", ressalta Comaru.

E reitera que é preciso políticas governamentais mais ambiciosas, empresas comprometidas "de verdade" com a sustentabilidade e uma mobilização coletiva de cidadãos dispostos a exigir e realizar mudanças drásticas e imediatas. Ele sugere a implementação urgente de programas de educação ambiental nas escolas.

"O governo deve atuar com a mesma intensidade e eficácia na promoção da educação ambiental e afins, como fez com a lei seca e o uso do cinto de segurança", defende.

"A transformação necessária para enfrentar as crises socioambientais exige um esforço conjunto e coordenado. A combinação de educação, legislação, comunicação e inovação pode criar um ambiente propício para mudanças significativas. É uma corrida contra o tempo, e a urgência de nossas ações determinará o futuro do nosso planeta", adverte.

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