O mundo corporativo já passou por diversas transformações ao longo das décadas. Mas se observa inserido em um dos períodos mais desafiadores, já que a demanda vai além da produtividade e do lucro. Estar antenado às demandas em torno da sustentabilidade do negócio é fundamental.
O debate em torno da demanda por ações efetivas em atenção à sustentabilidade ambiental, os desafios sociais e uma governança corporativa comprometida com as melhores práticas crescem. Assim, a agenda Ambiental, Social e Governança (ESG, da sigla em inglês) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) possuem conceitos que se entrelaçam.
De olho neste cenário, será realizado hoje em Fortaleza o 1º Fórum O POVO ESG, no auditório da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec). Gratuito, o encontro reúne especialistas e aponta caminhos viáveis no combate aos desafios socioambientais. O evento, que ocorre das 13 às 18 horas, já está com inscrições encerradas.
"O que demonstra a relevância da temática no Estado. A urgência de uma transformação social tem exigido uma postura e um olhar mais assertivo em relação às práticas das empresas, governos e do próprio consumidor em relação aquilo que ele consome", afirmou a editora-executiva de Economia do O POVO, Beatriz Cavalcante.
Para a editora de Projetos e colunista de ESG do O POVO, Carol Kossling, com o Fórum a empresa dá um importante passo em trazer a temática para discussão no Ceará. "Essa iniciativa faz parte de um conjunto de ações que O POVO deseja trazer para o debate da sociedade. Entre os temas estão questões de sustentabilidade, desigualdade social, equidade, ética, transparência e governança", sinaliza.
A implementação de boas práticas nas organizações estão em alta no Brasil. Em abril, o estudo "Panorama ESG 2024", lançado pela Amcham Brasil, revela que entre 2023 e 2024 a quantidade de empresas com práticas ESG saltou 24 pontos percentuais (p.p.).
Dentre as 687 empresas que participaram do levantamento, 71% indicaram estar implementando práticas ESG. Dessas, 45% estão no estágio inicial e outras 26% no avançado.
Dentre as organizações que já implementam ações ESG no Ceará, Arthur Ferraz, head de Relações Externas da Solar Coca-Cola, afirma que a temática ESG é tratada de forma transversal pela empresa, desde a rotina de negócios assim como no engajamento de colaboradores, clientes e fornecedores. "A força da marca e a capilaridade da Solar nos permitem liderar mudanças para um futuro melhor."
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) é outra que promove ações ESG. O superintendente de Sustentabilidade, Ronner Gondim, destaca que a companhia vislumbra um futuro de planos de expansão e criação de novas ações sustentáveis.
Com base em seu ramo de atuação, nos próximos anos ações de reúso, reciclagem, de garantia hídrica e papel social da companhia são só algumas iniciativas planejadas.
A gestão pública também tem dado atenção ao ESG. Há menos de um mês, a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) criou o Selo Alece ESG na Gestão Pública como um grande convite para os municípios cearenses aderirem à agenda. "É uma chamada para participação e transformação, uma semente sendo plantada. Sabemos que é um desafio e estamos ansiosos para esse cultivo de ideias e de experiências", declara Cristiane Leitão, idealizadora do Comitê de Responsabilidade Social da Alece.
EIXOS
A pesquisa da Amcham ainda revela a importância dada a cada um dos pilares varia, segundo os dados. O foco nos pilares da dimensão social é visto como o de maior importância para 72% das empresas, depois a governança (68%) e a esfera ambiental (66%).
Confira a programação do 1º Fórum ESG O POVO
Painel 1 - Ambiental
Laiz Hérida - CEO da HL Soluções Ambientais e da startup E-Conexões
Luiz Drude de Lacerda - Professor titular do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC) e membro do Conselho Consultivo do Fundo Nacional para Mudanças do Clima (Fundo Clima-BNDES) e do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA-MMA)
Elisângela Teixeira - Vice-presidente do Ipplan Fortaleza
Romildo Lopes - coordenador de Meio Ambiente da Cagece
Mediação: Beatriz Cavalcante
Cases Ambientais
Rebeca Wermont - Sócia-head da YBY Soluções Sustentáveis
Dona Nete, Francinete Cabral Lima - Fundadora da Sociedade Comunitária de Reciclagem de Resíduos Sólidos do Pirambu (Socrelp)
Arthur Ferraz - Head de Relações Externas da Solar Coca-Cola
Apresentação: Paula Lima
Painel 2 - Social
Martír Silva - Secretária-executiva da Igualdade Racial do Ceará
Fabiana Prado - Gerente de Cultura e Clima Organizacional da M. Dias Branco
Amanda Melo - Articuladora do comitê de responsabilidade social da Alece
Mediação: Carol Kossling
Cases Sociais
Éder Soares - líder do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Dell Technologies (Lead)
Natália Tatanka - CEO da Giardino Buffet
Glauciane Parente - Gerente de Área de Pessoas, Atração e Carreira na ArcelorMittal Pecém
Apresentação: Paula Lima
Painel 3 - Governança
Renata Paula Santiago - Coordenadora geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)
Alcileia Faria - Coordenadora do Núcleo ESG/ da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec)
Rafael Silveira - CEO Casa Azul
Eveline de Castro Correia - Diretora administrativa da Faculdade Inbec.
Mediação: Regina Ribeiro
Cases Governança
Gustavo Rodrigues Silva - Diretor de Operações (COO) na Qair Brasil
Gustavo Marques Martins - Gestor de Sustentabilidade & ESG Corporativo
Talisson Eloia - Analista de projetos na Social Brasilis
Apresentação: Paula Lima
Agenda ESG é tema de cadernos especiais
Com reportagens que promovem reflexões e exemplos de sucesso no mundo corporativo, O POVO publica série especial sobre a agenda ESG. O primeiro caderno, publicado no sábado, 6 de julho, engloba ações que impactam o setor ambiental.
Em entrevista incluída no caderno, Laiz Hérida, CEO da HL Soluções Ambientais e da startup E-Conexões, afirma que a responsabilidade ambiental precisa ser inserida nos valores das empresas. "Essa temática está ligada à noção de que empresas não devem se preocupar somente com investidores, com o lucro a qualquer custo", diz. O primeiro bloco do especial traz ainda os exemplos da Cagece, Beach Park e sobre o projeto de coleta de reciclagem da Prefeitura de Fortaleza chamado Re-Ciclo.
No âmbito social, tratado no segundo caderno, a série de reportagens traz matérias sobre como a iniciativa privada pode fazer parte das soluções das desigualdades socioeconômicas. Manuela Nogueira, titular da Coordenadoria Especial de Programas Integrados (Copifor) de Fortaleza, destaca ações da Prefeitura que têm contribuído para a redução do desemprego, como programas profissionalizantes e iniciativas de incentivo ao empreendedorismo.
A inclusão produtiva é tema dos cases de sucesso abordados no caderno, como os projetos de capacitação da Diageo e do Grupo Mulheres do Brasil com internas e egressas do sistema carcerário, respectivamente. A plataforma virtual de aprendizagem da Social Brasilis para pessoas periféricas também é citada no material.
A série especial culmina no caderno voltado para a governança corporativa. Há cases da ArcelorMittal, Cerbras e da fintech Portí.
Na avaliação de Renata Paula Santiago, coordenadora-geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa Capítulo Ceará (IBGC-CE), a mudança cultural que envolve a adoção de práticas ambientais, sociais e de governança responsáveis é necessária em empresas de todos os tamanhos. "Governança não tem a ver necessariamente com porte, governança tem a ver com boas práticas", diz.
O panorama da governança no mercado cearense é traçado em reportagem do terceiro caderno. A importância dos selos ESG locais, como o concedido pela Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) também é lembrada como forma de incentivo.