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Governo do Ceará prepara venda de naming rights do Castelão
Reportagem

Governo do Ceará prepara venda de naming rights do Castelão

| TENDÊNCIA DE MERCADO | Cearapar procura empresas interessadas no negócio e planeja que recursos serão destinados para manutenção do estádio. Secretaria do Esporte não pensa em fazer concessão da gestão
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FORTALEZA-CE, BRASIL, 10-11-2023: Arena Castelão comemora 50 anos, Governador Elmano de Freitas inaugura nova iluminação e telões. (Foto: Aurelio Alves/O Povo) (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES FORTALEZA-CE, BRASIL, 10-11-2023: Arena Castelão comemora 50 anos, Governador Elmano de Freitas inaugura nova iluminação e telões. (Foto: Aurelio Alves/O Povo)

O Governo do Estado busca no mercado empresas interessadas em adquirir o direito de associar sua marca ao nome da Arena Castelão. O processo, conhecido como a venda de "naming rights", é tocado pela Companhia de Participação e Gestão de Ativos do Ceará (Cearapar).

Conforme O POVO apurou com a Secretaria do Esporte (Sesporte), o processo visa levantar recursos para uso na manutenção do estádio, mas não há perspectiva de que essa abertura ao mercado envolva a concessão da gestão.

Ainda não há confirmação sobre empresas interessadas na aquisição do naming rights do Castelão ou os valores para que o negócio seja fechado, mas esse tipo de negociação tem se tornado tendência no Brasil.

Exemplo da atratividade desse negócio é que os naming rights de outras arenas da Copa do Mundo localizadas no Nordeste já foram negociadas, a Arena das Dunas e a Arena Fonte Nova, com a empresa de apostas esportivas Casa de Apostas.

Em ambos os casos, a empresa escolheu colocar sua marca antes do nome das arenas. O valor arrecadado pela arena baiana chega a R$ 52 milhões divididos igualmente num período de quatro anos. Até o fim de 2023, a Itaipava, marca do Grupo Petrópolis, era a detentora dos naming rights desde a inauguração do estádio, em 2013.

No caso do estádio potiguar, após a empresa de apostas esportivas assinar contrato de cinco anos com valor de R$ 6 milhões. Com o recurso, a gestão do estádio, ligada ao governo estadual, anunciou investimento em novo sistema de iluminação cênica e esportiva padrão internacional.

O modelo se tornou tendência nacional e oito dos estádios de clubes da Série A do Campeonato Brasileiro possuem acordos, que somam R$ 2 bilhões. Estádios como o do Palmeiras (Allianz Parque), Corinthians (Neo Química Arena), Athletico-PR (Ligga Arena), Atlético-MG (Arena MRV) e São Paulo (MorumBis), além do Bahia (Casa de Apostas Arena Fonte Nova) já foram rebatizados pelas marcas.

Os acordos envolvem até praças "menores" do futebol nacional, que recebem menos jogos do alto nível, como o Estádio Nacional de Brasília, o Mané Garrincha, que teve naming rights adquiridos pelo banco BRB, e da Arena Nicnet Eurobike, estádio do Botafogo de Ribeirão Preto-SP, por R$ 6 milhões.

O acordo mais recente foi firmado pelo Santos-SP, que atualmente está na Série B, mas assinou acordo para renomear a Vila Belmiro para Vila Viva Sorte, por R$ 150 milhões por dez anos. Há ainda o caso do estádio Pacaembu, que teve o naming rights adquirido pelo Mercado Livre e possui o maior acordo do Brasil, de R$ 1 bilhão por 30 anos.

Rogério Pinheiro, secretário de Esportes do Estado (Sesporte), destaca que a prioridade é criar novas receitas, como naming rights, além de abrir o estádio para novos projetos, como a abertura de mostras e organização do Museu do Castelão.

Os planos, entretanto, não envolvem a concessão da gestão do estádio para alguma empresa da iniciativa privada, como ocorreu por anos após a inauguração, o que gerou conflitos entre os clubes mandantes. Conforme Rogério, com a gestão do Estado a situação está pacificada.

Sobre a questão da manutenção em si, Rogério destaca que não faltam recursos, pois existe uma política decretada que regula a utilização da praça esportiva e sua monetização, com valor fixado em 3% da arrecadação bruta detalhada no borderô da partida, "tudo isso revertido na manutenção do equipamento".

"O valor é suficiente para fazer a manutenção, temos buscado outras soluções também, como rentabilizar publicidade, buscando parcerias também nesse sentido. Nós temos a Cearapar que busca trabalhar esses ativos que o Estado têm".

E completa: "Estamos buscando essas receitas (como naming rights) porque o Ceará tem esse potencial e a gente já vem em conjunto buscar esses recursos para a melhor gestão da Arena Castelão."

Ao O POVO, a Cearapar confirmou que a cessão de direito de nome do Castelão e de outros equipamentos públicos segue à disposição do mercado.

Batizado originalmente como Estádio Governador Plácido Aderaldo Castelo, mas amplamente conhecido como Arena Castelão, o naming rights deve ser implementado sob condições específicas, detalha a Cearapar.

Conforme a entidade, as empresas que desejarem entrar na concorrência para ter seu nome na Arena Castelão precisarão preencher alguns requisitos que levarão em consideração, inclusive, o nome escolhido.

Por meio de nota, afirma que o processo está sendo "cuidadosamente pensado e preparado para garantir que não haja incompatibilidade entre o nome escolhido pela empresa que firmar o acordo e os princípios defendidos pelo Governo do Ceará."

A finalidade, no entanto, é gerar ampla arrecadação, que será destinada tanto para melhorias no equipamento quanto destinadas ao Tesouro do Estado.

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Estratégia de marketing deve continuar em expansão

O investimento das marcas em acordos de naming rights de estádios de futebol é uma tendência que deve continuar ativa e expandir. A avaliação é de Michel Fauze Mattar, professor da FIA Business School. Especialista em gestão de instituições esportivas e marketing esportivo, Michel enfatiza que a movimentação de milhões em acordos de nomeação de arenas, inclusive com a perspectiva de negócios antes mesmo da inauguração do estádio, como se projeta para o Flamengo, pode render bons dividendos para as marcas.

Houve ainda o caso do São Paulo, que vendeu seu naming rights para a multinacional Mondeléz, que usou a marca de chocolates Bis para fazer um "trocadilho" e rebatizou o estádio como MorumBis. "Entendo como uma alternativa de ação de comunicação que, se bem explorada, tem potencial de se revelar eficaz. Em termos dos valores de investimento, se anualizados, não destoam de outras ferramentas de comunicação de natureza e potencial similares", aponta.

Michel destaca que o ponto da virada de arenas no Brasil foi o recente momento em que as empresas detentoras dos direitos de transmissão dos campeonatos concordaram em adotar, em suas transmissões e plataformas, os nomes oficiais destes palcos, resultado de longa e antiga negociação. "Com base neste cenário, é natural visualizar uma expansão na utilização desta ferramenta nas Arenas e estádios brasileiros ao longo dos próximos anos", projeta.

FORTALEZA, CE, BRASIL, 01-08-2024 - Secretário do Esporte em entrevista para o jornal O povo (foto: Matheus Souza/Especial para O povo)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 01-08-2024 - Secretário do Esporte em entrevista para o jornal O povo (foto: Matheus Souza/Especial para O povo)

Para resolver problema do gramado, Estado mudou empresa de manutenção

Após meses de reclamações sobre o estado do gramado da Arena Castelão - com ameaças de que jogos no equipamento seriam redirecionados em competições sul-americanas - a Secretaria do Esporte investiu para troca de empresa responsável pela manutenção do campo, além de alugar máquina emissora de luzes ultravioletas.

O titular da Sesporte, Rogério Pinheiro, destaca que o aluguel da máquina custa R$ 9,5 mil mensais, num contrato de 12 meses. O processo foi necessário para compensar um sombreamento da parte norte do estádio, o que impede que raios solares atinjam parte do gramado.

Ele ainda revela que desde abril uma nova empresa faz a manutenção do gramado. À época, foi feito um processo licitatório e escolhida uma nova empresa para realizar a manutenção do gramado, a mesma que cuida do Estádio Presidente Vargas (equipamento da gestão municipal).

"Todos elogiam o gramado do PV e eu sempre digo: nós temos o mesmo tipo de grama, a mesma empresa técnica de manutenção agora com a mesma empresa. O que nos falta? O nosso diferencial primordial é o sombreamento do lado norte do gramado. Por isso, bati o martelo e pedi para trazer a máquina de iluminação artificial".

As mudanças já surtem efeito, segundo engenheiros agrônomos que avaliaram a situação do gramado. Rogério lembra que até março de 2024 a empresa que prestava serviço de manutenção era a mesma que prestou o serviço na Copa das Confederações de 2013 e na Copa do Mundo de 2014 e que, além do Castelão, cuidava do gramado de outros grandes estádios, como o Mineirão e o Maracanã.

"O que aconteceu é que aumentou o número de partidas, temos dois clubes mandantes, com anos em que ocorreram 82 partidas no ano, sendo que o ideal é ficar entre 40 e 45 partidas por ano para intervalo de manutenção, a metade do que praticamos aqui", afirma.

Essa marca ideal de jogos foi superada neste mês de agosto, quando o Castelão atingiu a marca de 45 jogos disputados, faltando ainda todo segundo turno das séries A e B, além da Copa Sul-Americana por disputar.

"Ano após ano viemos estudando, buscando alternativas e trabalhando duro para manter o estado do gramado nas melhores condições possíveis. A questão do sistema de iluminação artificial sempre foi uma discussão que todas as empresas falavam que, economicamente, era inviável. E acabamos sempre acatando o posicionamento dessas empresas", explica.

Acordos envolvendo naming rights de estádios no Brasil

1º Pacaembu-SP (Mercado Livre):

R$ 1 bilhão por 30 anos (R$ 33 milhões anuais)

2º Allianz Parque-SP: R$ 300 milhões por

20 anos (R$ 15 milhões por ano)

2º Neo Química Arena-SP (Hypera Farma): R$ 300 milhões por 20 anos (R$ 15 milhões por ano)

4º Ligga Arena-PR (Ligga): R$ 200 milhões por 15 anos (R$ 13,3 milhões por ano)

5º Vila Viva Sorte-SP (Viva Sorte): R$ 150 milhões por 10 anos (R$ 15 milhões por ano)

6º Morumbis-SP (Mondeléz): R$ 75 milhões por 3 anos (R$ 25 milhões por ano)

7º Arena MRV: R$ 60 milhões por 10 anos (R$ 6 milhões por ano)

8º Casa de Apostas Arena Fonte Nova: R$ 52 milhões por

4 anos (R$ 13 milhões por ano)

9º Arena BRB Mané Garrincha: R$ 7,5 milhões por 3 anos (R$ 2,5 milhões por ano)

10º Casa de Apostas Arena das Dunas-RN: R$ 6 milhões por 5 anos (R$ 1,2 milhão por ano)

11º Arena Nicnet Eurobike-SP (Nicnet): R$ 6 milhões por 5 anos (R$ 1,2 milhão por ano)

Fonte: Administração dos estádios

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