O avanço da crise climática impõe novos desafios às formas de fazer previsão do tempo. O professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Alexandre Araújo Costa, doutor em Ciências Atmosféricas pela Colorado State University e pós-doutor pela Universidade de Yale, ressalta que, diante dessas mudanças, é fundamental aprimorar continuamente os modelos de previsão climática.
"As relações climáticas que conhecíamos no passado já não funcionam da mesma forma. Há 20 anos, a ciência já dizia que as mudanças climáticas estavam chegando. Hoje, elas não estão mais batendo na porta, estão sentadas no sofá da sala", comenta.
Ele destaca o El Niño, geralmente associado a uma diminuição nas chuvas, inclusive no Ceará. "Atualmente, ele é mais intenso do que nas décadas de 1980 e 1990. As secas no Brasil, como já vemos claramente na Amazônia, estão se tornando mais comuns devido à interação da água quente dos oceanos com a atmosfera, tornando esses eventos mais frequentes e intensos", explica.
O presidente da Funceme, Eduardo Sávio, menciona que adaptações já estão sendo postas em prática. "Temos trabalhado para adaptar nossas modelagens. Monitoramos a temperatura, mas a sensação térmica é algo que estamos começando a explorar mais. Um dado interessante, especialmente em períodos de calor extremo", pontua.
Já o meteorologista Francisco Vasconcelos Júnior, também da Funceme, destaca que atualmente as análises climáticas se tornaram mais focadas nos impactos para a vida das pessoas.
"A meteorologia, de fato, está mudando, e para melhor. Hoje, trabalhamos com a meteorologia associada a projetos, com foco tanto nos bens de produção e na economia do Estado, quanto na preparação para desastres. O objetivo é nenhuma vida seja perdida devido aos eventos extremos", destaca.